Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
A retórica “politicamente correta” cultuou, durante anos, a “cultura de desculpas” do “ocidente”, em relação ao Islã, a “cultura do vitimismo” e a “cultura da tolerância aos intolerantes”, ante as minorias rancorosas e radicais políticos.
A cultura de desculpas foi exercida sem qualquer percepção do caráter historicamente belicista e expansionista da religião muçulmana, intrínseco a quase todas suas correntes étnico-doutrinárias.
O jihadismo terrorista, a manifestação mais insana desse empenho doutrinador islamita, percebeu a fraqueza gerada na sociedade democrática moderna pela retórica politicamente correta e, novamente promoveu sua expansão insana contra a humanidade plural e civilizada – contra nossos valores, conquistas e direitos.
Radicais de toda ordem marcham sobre o sangue de inocentes e sobre os escombros de estruturas políticas demolidas pela mentalidade hipócrita dos infelizes patrulheiros do politicamente correto, pela visão tosca do esquerdismo acadêmico irresponsável, pela ação nefasta dos políticos que servem às doutrinas populistas e pelos governos contaminados pela “Síndrome de Chamberlain” – aquela hesitação ante o mal, que historicamente já nos custou a Segunda Guerra Mundial.
A ação do terror islâmico fere de morte o senso comum de Justiça, o laicismo, o pluralismo e a democracia.
Paradoxalmente á cultura das desculpas, o “politicamente correto” cultua a tolerância à intolerância das minorias que usam a vitimização como pretexto e a criminalização da discordância moral para impor sua tirania imoral. Visam justamente destruir os valores morais mais sagrados do ocidente.
É a supremacia dos idiotas, a hegemonia dos moralmente deformados. Gente que não segue para além do triste limite do vitimismo e da necessidade de compartilhar desconfortos. Psicopatas liberticidas que, a pretexto de combater o preconceito de gênero, etnia, religiões e hábitos, termina por reforçar a discriminação. Prisioneiros do ódio que preenchem o vazio de conteúdo de suas vidas com o rancor do inconformismo desesperador.
Freud, se vivo, explicaria…
Já o radicalismo direitista e xenofóbico, hoje, dá o abraço da morte nos imbecis esquerdistas e reduz a cultura, a erudição e a ética à tábula rasa da manipulação segregacionista cujo único destino, funesto, é a corrupção e o isolamento. Sua ascensão é simbiótica com a intolerância muçulmana, a concentração de renda e à agressão promovida pelas minorias radicais. Sua arma política é o desprezível populismo. No populismo, pouco importa a origem da catarse, de da direita ou esquerda. O resultado é sempre o desastre.
Porém, o que distingue o ser humano inteligente e moralmente justo, de um verme subalterno às trevas da ignorância, é a capacidade do primeiro buscar a felicidade.
Nossa sociedade, bem ou mal, nos ensinou a buscar a felicidade na felicidade do próximo, na realização dos sonhos, no exercício da liberdade, na expressão livre do pensamento, na música, na arte, no trabalho, no sexo, no amor sem preconceito e na afirmação da individualidade de cada um, em prol do bem comum de todos.
Com a religião moderna não é diferente. O que liberta nossa alma é a busca livre e consciente pela religiosidade e a fé. Cristãos, judeus, hindus e budistas – ainda que guardem entre seus seguidores alguns adeptos da ortodoxia, aprenderam, há gerações, que subjugar não liberta – pelo contrário, escraviza a alma.
Há séculos, muitos de nós conquistamos a governança da sociedade em bases laicas, de forma a não condicionar a política à teocracia.
Conquistamos essa inteligência, essa postura moral, esse senso de justiça e essa religiosidade distinta da estrutura do Estado, à custa de muito sangue, superando com grandeza rancores e ressentimentos ancestrais – os quais, ainda que subsistam em vários rincões, diluem-se nos mecanismos democráticos de convivência global que todos construímos.
É isso que devemos, portanto, defender, todos os dias, em todos os espaços – para que nossa luz civilizatória não seja conspurcada pela ação do obscurantismo covarde, ignorante, infeliz e homicida!
Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Laicismo!
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro da Comissão de Direito Ambiental do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor- Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.
Publicado originalmente em 25 de novembro de 2013.
.