Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Porque mães sempre interessam?
Essa pergunta nos é respondida pela vida.
Há várias formas de maternidade… até mesmo a puramente intelectual, da autora com sua obra, da professora com alunos. Mas… este não é o foco deste artigo. O foco é a mãe, que pariu, que adotou, que assumiu um ser humano para cuidar, amar, formar e soltar no mundo.
Toda maternidade é certa. Queiram ou não os desnaturados “politicamente corretos”.
O fato é que fomos abençoados, sem exceção, pela maternidade.
Há duas condições: se é mãe e se está mãe. Fato e fenômeno.
Explico.
A maternidade natural é fato. É irrecorrível evento biológico, fruto do destino. Parir é ser mãe, simples assim.
A maternidade do coração é fenômeno. Fruto da razão, das circunstâncias, do sentimento em razão do fato. Assumir uma maternidade é amar.
Nesse ponto as maternidades plenas são únicas – para sê-lo, devem ser assumidas. O amor é a essência da maternidade assumida.
A maternidade natural será bela, se for assumida. A maternidade do coração pressupõe o amor assumido.
Aprendemos a reconhecer o amor materno e a recebe-lo incondicionalmente. Isso marca nossa personalidade.
O amor de mãe é o amor de quem cuida, de quem se preocupa, de quem observa. É amor de quem ama amar amando.
A chama da mãe arde profundamente em nós, e não se apaga. Quanto mais velhos ficamos, mais a sentimos.
Falo pelo que sinto, digo pelo que vivi.
Minha mãe querida e amada é estrela que brilha no firmamento há quase três décadas. Seu amor, no entanto, permanece em mim.
Sofro sua ausência e sinto sua presença. Esse ontem que parece sempre hoje.
O amor de minha mãe, mesmo do alto, ainda muda minha vida.
Sou abençoado. Fui também transformado, em outra dimensão, pelo amor das maternidades que produzi com meu amor.
Aliás, o amor sempre se tornou mais intenso pela amada, após os filhos.
Amei profundamente as mães que me tornaram pai. Ainda as amo, pois integram minha essência.
Amei profundamente a ponto de saber, exatamente, quando fecundei meus filhos, todos eles, com muito amor, e amor intenso. Meus filhos, crescidos, reproduzem isso, em toda sua essência.
Minhas filhas mais velhas têm o privilégio de ter uma mãe amorosa e presente.
Sofri a perda da mãe do meu filho mais novo, quando ele ainda não contava um ano.
É algo que não sara. Conforta sentir que o amor dela permanece vivo nele, e em mim.
Desenvolvi então, por necessidade, funções de “pãe” – meio pai, meio mãe, nos primeiros anos de vida de meu filho.
No entanto, eu fui – aliás, fomos, eu e meu filho, novamente abençoados pelo amor.
Quem amamos nos assumiu integralmente. Hoje, sou testemunha da transformação pela maternidade de coração.
Sentir meu filho escolher amar a mãe que de coração a ele se dedica, e a quem amamos, é um privilégio que tributo a Deus todos os dias.
Amo profundamente quem escolhi e me escolheu, mas também porque
escolheu amar meu filho.
Algo muito difícil é transformar todo esse tsunami em palavras…
O amor conquista e o amor maternal consolida. O amor, portanto, não se encerra, em câmaras estanques, ele é energia viva, fluida, dinâmica.
Sou homem, um ser humano e pecador. Afinal… confesso que vivi.
O amor, e os amores, precederam e intercalaram minhas paternidades. Comecei cedo a amar – desde a puberdade. Também cedo busquei intensificar minha vida social, e cultivei grandes amizades femininas que seguiram vida afora.
Amei mulheres. Porém, e sobretudo, com o avançar da maturidade, amei e cultivei amizades com mulheres que eram mães. Mães amorosas e mães atormentadas, mães na plenitude da maternidade, mães de família, lutadoras, vencedoras e derrotadas…
Ávido por conhecer a vida, essa densidade sempre me atraiu. Engraçado, mas, desde a juventude, no viver e aprender, em um universo lotado de embalagens sem conteúdo, conteúdos desembalados, gente interessante e mulheres marcantes, a experiência vivida pela mulher que assumia a maternidade sempre fazia diferença. Seja no namoro, na amizade, ou mesmo nas relações de trabalho.
Nesse universo de mulheres que são mães, tudo muda. A vida muda, a dinâmica muda, o conteúdo dos assuntos se altera. O olhar, sobretudo, transcende a superficialidade dos prazeres efêmeros.
Há uma perspicácia típica de quem não se vê mais como pessoa isolada no mundo. E isso independe da idade. Sempre haverá um traço a mais no perfil, de quem nela frutificado partilhe um amor, ainda que dela, pelo tempo, não mais dependa.
Esse diferencial só eclode em quem assumiu o amor da maternidade.
Viver é fatalidade, existir é finalidade. Compreender, no entanto, é liberdade.
Afirmo com toda a liberdade de quem compreendeu, que a maternidade é um ponto de não retorno. Ela muda a mulher e, invariavelmente, a torna muito mais interessante para a vida. E a vida, se torna mais interessante com a maternidade.
Mães, na vida fazem toda diferença. E elas sempre interessam.
Deus bem o sabe.
Eu também…
Feliz dia das mães a todas as mães, todos os dias.