Para Antônio Fernando Pinheiro Pedro, produção mostra que não era real argumento de que indústria nacional não teria capacidade de atender à demanda da capital paulista
Por Adamo Bazani*
O secretário-executivo de Mudanças Climáticas do Município de São Paulo, Antônio Fernando Pinheiro Pedro, disse ao Diário do Transporte que acredita no cumprimento da meta para que até o fim de 2024, em torno de 2,6 mil ônibus elétricos estejam em circulação na cidade.
Para Pinheiro Pedro, não era real argumento de que indústria nacional não teria capacidade de atender à demanda da capital paulista.
“A conversa de que a indústria nacional não tinha capacidade de atender à demanda pela eletrificação das frotas municipais foi demolida pelos fatos, e pelo esforço de uma gestão que acreditou nos fatos, não na conversa” – disse.
O Diário do Transporte mostrou com exclusividade na última semana a linha de produção de eletrificação de ônibus da empresa Eletra, com sede em São Bernardo do Campo.
A maior parte dos coletivos que estão sendo recebendo a tecnologia elétrica é para a cidade de São Paulo.
A empresa é de capital nacional e mantém parcerias com outras indústrias no Brasil, como WEG para os motores elétricos, Caio para as carrocerias e as multinacionais Mercedes-Benz e Scania para os chassis.
Para o secretário, a cidade de São Paulo se tornou impulsionadora da indústria nacional, que deve ser a prioridade no processo de eletrificação da frota das linhas municipais.
Segundo Pinheiro Pedro, a maior parte desta frota de 2,6 mil ônibus até 2024 será nacional
“A cidade de São Paulo é a grande impulsionadora dessa nova indústria nacional e responde pela mais robusta e rápida execução de metas de eletrificação municipal de frotas de todo o continente americano e mesmo europeu. São quase 2600 ônibus encomendados, fabricados no território e sendo entregues em menos de dois anos.”
Na última semana, em primeira mão, o Diário do Transporte revelou que um financiamento internacional pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) ao município de São Paulo permitirá a compra de pelo menos mil ônibus elétricos para a eletrificação da frota do transporte coletivo, segundo a prefeitura de São Paulo.
A COFIEX (Comissão de Financiamentos Externos, do Governo Federal) aprovou que a União dê garantia para que o projeto de eletrificação da frota de ônibus da cidade de São Paulo receba do BID e do BIRD US$ 500 milhões (US$ 496,6 milhões) em forma de financiamento. A contrapartida da prefeitura é de US$ 125 milhões.
Segundo a prefeitura, a aprovação pela COFIEX é um dos passos de diversos trâmites necessários para a liberação dos recursos.
A partir de agora, o caminho será:
– negociação das cláusulas contratuais;
– verificação de limites de endividamento e aprovação pela Secretaria do Tesouro Nacional;
– manifestação da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) por meio de parecer jurídico;
– aprovação da Presidência da República e encaminhamento ao Senado Federal;
– aprovação da operação de crédito externa pelo Senado Federal;
– publicação de concessão de garantia da União Federal;
– assinatura dos contratos de empréstimo, garantia e contragarantia perante BID, BIRD e União Federal.
O secretário ainda disse que a cidade não vai se limitar à eletrificação e que outras tecnologias menos poluentes para ônibus devem ser adotadas.
ÔNIBUS ELÉTRICOS EM SÃO PAULO:
Financiamento Internacional: Em 1º de junho de 2023, COFIEX, Comissão de Financiamentos Externos, do Governo Federal, aprovou que a União dê garantia para que o projeto de eletrificação da frota de ônibus da cidade de São Paulo receba do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) US$ 500 milhões (US$ 496,6 milhões) em forma de financiamento.
O município terá de fornecer como contrapartida, US$ 125 milhões.
Este financiamento, de acordo com resposta da prefeitura ao Diário do Transporte, que revelou no dia 05 de junho de 2023, a aprovação pela COFIEX, possibilitaria a compra de cerca de mil ônibus elétricos.
A cidade de São Paulo é a que promete a maior frota de ônibus elétricos no Brasil em curto prazo: cerca de 2,6 mil unidades até o fim de 2024.
Em 06 de janeiro de 2023, foram publicados no Diário Oficial da cidade de São Paulo os aditamentos aos contratos firmados entre a prefeitura e as viações já com essa nova obrigação.
Em 24 de fevereiro de 2023, o superintendente de Engenharia Veicular e Mobilidade Especial da SPTrans (São Paulo Transporte), gerenciadora do sistema, Simão Saura Neto, disse que as empresas de ônibus da cidade de São Paulo encomendaram até então, 2152 coletivos elétricos para o sistema municipal de linhas.
Segundo o técnico, deste total, 1480 unidades estão previstas para ser entregues ainda neste ano de 2023, mas o mercado teme ainda a falta de insumos e semicondutores na indústria automotiva em todo o mundo.
Entre estes modelos estão veículos do tipo padron, articulado e superarticulado.
O número é inferior à meta de 2,6 mil ônibus elétricos operando até o fim de 2024 como meta anunciada pela prefeitura, mas novas unidades ainda podem ser encomendadas.
No dia 30 de dezembro de 2022, a SPTrans havia divulgado que empresas de ônibus que atendem a cidade de São Paulo já tinham encomendado 1109 coletivos elétricos a bateria.
Como mostrou o Diário do Transporte, desde 17 de outubro de 2022, por meio de uma circular, a SPTrans proibiu a inclusão de ônibus a diesel no sistema, com exceção de micro-ônibus, pouco disponíveis nesta versão.
Relembre: Empresas de ônibus já encomendaram 1109 coletivos elétricos, diz SPTrans para a capital paulista
A empresa de transportes urbanos que atua na zona Sul da capital paulista, Transwolff, anunciou nesta quinta-feira, 12 de janeiro de 2023, que vai comprar 304 ônibus elétricos no âmbito de uma parceria com a Enel X.
O anúncio foi feito em primeira mão ao Diário do Transporte por volta de 13h00 desta quinta-feira, 12 de janeiro de 2023
Deste total, 100 vão operar neste ano de 2023 (Veja no link detalhes dos veículos)
Segundo a companhia de transporte, é o primeiro resultado da parceria que tinha sido anunciada pelo prefeito Ricardo Nunes no dia 08 de novembro de 2022.
Como mostrou o Diário do Transporte na ocasião, a multinacional já participou da implantação de frota de ônibus elétricos em outras cidades da América Latina, como no Chile.
O Diário do Transporte, em 2018, havia dito que a Enel X já demonstrava na ocasião interesse em replicar no Brasil modelo semelhante ao chileno de financiamento.
CORREDORES:
Como mostrou o Diário do Transporte, em 05 de novembro de 2021, durante anúncio de parceria do Estado de São Paulo e da Prefeitura em investimentos em mobilidade, o prefeito Ricardo Nunes e o então governador João Doria disseram que os novos corredores de ônibus da cidade serão servidos apenas por modelos elétricos.
Relembre: OUÇA: Novos corredores de ônibus de São Paulo serão operados com ônibus elétricos, diz Doria
O Plano de Mobilidade Urbana da Cidade prevê 27 obras que totalizam mais de R$ 5,5 bilhões, entre a implantação de 11 novos corredores de ônibus, o que representa mais de 95 km de novas vias, 30 km de requalificação de corredores já existentes, além da construção de quatro novos terminais.
CENÁRIO DA INDÚSTRIA (nacional e internacional):
Apesar de os veículos elétricos também serem impactados pela falta de insumos e equipamentos, como também ocorre com automóveis a combustão, a demanda pelos modelos não poluentes tem aumentado.
No Brasil, já existem opções de produtos em plena atividade, algumas que apresentarão modelos e outras que estão se estabelecendo (por ordem alfabética):
BYD: Indústria de origem chinesa, com planta em Campinas (SP), que fabrica ônibus elétricos de diversos portes: micros, padrons e articulados, além de rodoviários, produzindo as baterias, tecnologia e chassis. Está entre as maiores produtoras mundiais na área de mobilidade elétrica e produz também no Brasil placas de energia solar. Existem diversas cidades que operam com ônibus BYD no Brasil, inclusive São Paulo.
CaetanoBus: A empresa portuguesa CaetanoBus trouxe para testes no sistema de transportes da cidade de São Paulo o chassi e.CC 100 C5845 E.E, 100% elétrico. O modelo recebeu carroceria Caio, de produção brasileira. O e.CC 100 pode ser receber carrocerias de comprimento mínimo de 9.5 metros e máximo de 12.7metros.
Eletra: Indústria 100% nacional, do Grupo ABC/Next Mobilidade, com planta em São Bernardo do Campo (SP). A empresa foi inaugurada oficialmente no dia 22 de agosto de 2000. Faz toda a integração e tecnologia para ônibus elétricos à bateria, trólebus, híbridos (motores elétricos e à combustão no mesmo veículo), Dual Bus (mais de um tipo de tração elétrica em mesmo ônibus, por exemplo: trólebus+baterias ou baterias+híbridos). Não produz os chassis e baterias. O BRT-ABC, entre São Bernardo do Campo e São Paulo, é uma concessão à Next Mobilidade terá ônibus 100% elétricos de 22 metros cada com tecnologia Eletra, chassis Mercedes-Benz e carroceria Caio. A Eletra anunciou em2022 cinco tipos de ônibus elétricos para carrocerias com 10 m, 12,5 m, 12, 8 m ,15 m e 21,5 m. Ainda em 2022, para o BRT-ABC, a Eletra anunciou também o E-Troll, um veículo de 21,5 metros, com chassi Mercedes-Benz, que em parte do trajeto vai operar como trolébus e em outra parte, como ônibus elétrico a bateria. De acordo com presidente da Eletra, Milena Braga Romano, o corredor terá trechos com rede aérea como a dos trolébus. Enquanto estiver operando nesses trechos, o veículo carrega as baterias. Nos trechos sem a rede aérea, o funcionamento é com o banco de baterias já carregado.
Segundo a diretora comercial da Eletra, Ieda Oliveira, entre as vantagens é que não haverá necessidade de carregamento dos ônibus nas garagens, dispensando as caras estruturas de recarga.
Higer: Empresa de origem chinesa que apresentou um modelo elétrico de ônibus padron em novembro de 2022 na capital paulista. O modelo de 12 metros de comprimento está sendo testado e passou por cidades como São Paulo, Rio de Janeiros, Curitiba e São José dos Campos. Diz que trará ao Brasil também vans, ônibus articulados elétricos. Apresentou também um ônibus de fretamento com baterias. Os modelos são monoblocos (chassi, motores e carroceria formando um bloco só).
Marcopolo: Tradicional fabricante de carrocerias de Caxias do Sul (RS), testou em parceria com a empresa Suzantur, operadora de transportes de Santo André (SP), um ônibus 100% elétrico, projeto integral da Marcopolo. O modelo é padron com piso baixo. O veículo circulou sem passageiros entre o Terminal Vila Luzita (bairro populoso de Santo André) e o terminal principal da cidade no centro (Terminal Santo André Oeste). Já homologado, o modelo está sendo comercializado.
Mercedes-Benz: A gigante alemã lançou em 25 de agosto de 2021 o chassi de ônibus elétricos eO500U, de piso baixo, para carrocerias de até 13,2 metros, justamente os padrões de São Paulo. O modelo será produzido em São Bernardo do Campo (SP) e em 2023 já serão vistas as primeiras unidades. A capital paulista é o maior mercado previsto, mas outras cidades devem ter o modelo. A empresa planeja lançar em breve ônibus articulados e superarticulados.
Volvo: A gigante sueca produz em Curitiba (PR) um modelo de ônibus elétrico híbrido. O ônibus tem um motor a combustão, que gera energia, e o elétrico que atua na maior parte da tração. A tecnologia é híbrida paralela, quando o ônibus está parado, freia e até 20 km/h a atuação é do motor elétrico. A partir de 20 km/h, entra em operação o motor a combustão. Há unidades em circulação em Curitiba, Foz do Iguaçu e Santo André (Suzantur), por exemplo. Em agosto de 2022, a Volvo apresentou seu primeiro chassi de ônibus totalmente elétrico para exibição no Brasil, o BZL. Com zero emissões, o Volvo BZL pode ser equipado com 3 a 5 baterias de lítio níquel cobalto óxido de alumínio (NCA) de 94kWh cada, dependendo da aplicação a que for destinado. Em primeira mão para o Diário do Transporte, em 16 de fevereiro de 2023, o diretor operações de ônibus na América Latina montadora, André Marques, disse que o modelo 100% elétrico da marca será testado na capital paulista no segundo semestre. O modelo de chassi será o BZL, chassis elétricos para veículos de até 13,2 metros de comprimento.
Scania: Não descarta a produção própria de elétricos, mas investe na tecnologia de ônibus a gás natural e biometano. Em 2023, foram intensificados testes pela Eletra Industrial de sua tecnologia para ônibus elétrico num chassi Scania de três eixos para carrocerias de até 15 metros de comprimento.
Volkswagen: Em 2018, a Volkswagen apresentou um modelo de médio porte elétrico, o e-Flex com um sistema pode aliar diferentes formas de recarga e abastecimento para ônibus elétricos. Um pequeno motor à combustão gera energia para o elétrico, sendo um propulsor 1.4 turbinado flex de 150 cv de potência. Em novembro de 2018, a montadora prometeu que o modelo já estaria nas ruas em seis meses, o que não aconteceu. Um ano antes, em 2017, a Volkswagen anunciou que a partir do chassi do caminhão 100% elétrico e-Delivery, desenvolveria um micro-ônibus de 11 toneladas elétrico, o que ainda não se concretizou.
Iveco: Em agosto de 2022, a Iveco apresentou um modelo a gás natural/biometano, o 17.210G, para carrocerias de até 12 metros. O ônibus possui seis cilindros a gás, 80 litros cada um, que oferece autonomia de 250 quilômetros. Foi mostrado, mas não para o mercado nacional, apenas como conceito, ônibus elétrico Iveco E WAY, de 20 toneladas.
O modelo, é um monobloco de 12 metros, piso baixo total, com oito packs de bateria. A autonomia é de 300 quilômetros, aproximadamente.
O elétrico não será comercializado, inicialmente, no Brasil e a Iveco pretende oferecer para o mercado brasileiro chassi elétrico para encarroçamento de fabricantes locais.
*Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Publicado originalmente em Diário do Transporte.
Fonte: Diário do Transporte via Jornal Floripa
Publicação Ambiente Legal, 12/06/2023
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.