A Soberba, o Brasil e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável Pós 2015
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Imodesto na sua essência, o Relatório-Biquíni do IPCC (leia mais em “Mudanças Climáticas de Biquíni”, neste Portal), abriga a vaidade dos componentes do IPCC, e, por conta disso, como em tudo na vida, revela-se o descuido de não ter, ainda, priorizado medidas estruturantes de defesa civil, de reestruturação dos padrões de permissão para a agricultura, visando proteger preventivamente as populações e garantir a produção de alimentos em tempos difíceis que virão. Não que isso não esteja ali. A questão é que no bojo do jactancioso relatório, salta aos olhos o esforço mental, inconfessável, misto de vaidade intelectual e ativismo biocêntrico, de conferir ao Homem um protagonismo de proporções tiranossáuricas, como se pudesse o ser humano traçar uma nova era geológica no planeta.
Do mesmo mal sofrem nossos dirigentes ambientalistas tupiniquins.
Durante a reunião realizada no último dia de março deste ano, de lançamento do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) sobre a Agenda para o Desenvolvimento Pós-2015, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou, sem modéstia, que “O Brasil talvez seja o país com as maiores condições, no curto prazo, de assumir uma agenda de fato sustentável”.
O lançamento do GTI, deu-se no mesmo dia do lançamento do Relatório- Biquíni do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) , no Japão – o relatório dos impactos, a vulnerabilidade e adaptação dos ecossistemas diante das alterações do clima mundial.
Com o mesmo tom de voz dos cientistas do IPCC, o governo brasileiro se coloca como “referência” no combate ao aquecimento global.
O destaque internacional é devido aos últimos dados coletados sobre emissões de gases do efeito estufa – GEEs, reduzidos por conta do controle do desmatamento. Esses dados demonstraram que o Brasil tem reduzido suas emissões em proporção maior que a Espanha e o Reino Unido.
O orgulho é baseado, portanto, numa escala ocasional e proporcionalmente discutível…enfim…
Para o Ministério do Meio Ambiente, “o Brasil se consolidou como liderança nas questões ambientais, no âmbito da ONU, a partir da Rio+20, em 2012”.
No entanto, o texto final apresentado pelos negociadores da ONU, na época, causou polêmica e não teve a adesão de muitos participantes, que consideraram as metas vagas e sem ambições. O impasse nas negociações ameaçava fracassar a Conferência.
O impasse foi resolvido com o relatório proposto em termos vagos, graças à ação diplomática brasileira. Por conta disso, os negociadores brasileiros se vangloriaram pela rapidez com que discutiram e encerraram o dito relatório.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira e o atual ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, que em 2012 era o negociador-chefe do Brasil na Rio+20, informaram que usarão o polêmico texto, da Rio+20, como base para as discussões do GTI, que estabelecerá a agenda a ser defendida pelo Brasil na ONU.
Essa insistência em levantar, agora, um troféu remendado por conta dos impasses ocorridos na Conferência de 2012, revela atitude mais pretensiosa que ciosa das circunstâncias de ontem e de hoje.
O Grupo interministerial, de toda forma, deverá contemplar metas para conter as mudanças climáticas, aumentar as fontes de energia renováveis, conservar a biodiversidade e erradicar a pobreza – metas contidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Também ficou definido que até o final de 2014, o grupo apresentará o Plano Nacional de Adaptação, baseados no relatório do IPCC, e que deverá contar com a participação popular, a integração de ações nas diversas áreas, priorizando a saúde e prevenção de desastres naturais e o mapeamento de vulnerabilidade, metodologia, custos e projeções econômicas para desenvolvimento dessas ações.
Espera-se que, o tom otimista e nada modesto, do grupo de trabalho, resulte em medidas mais realistas e condizentes com as difíceis condições operacionais da economia brasileira.
Por enquanto, observando a paisagem relacionada à fogueira de vaidades que tem se transformado o ambiente ambientalista oficial, tupiniquim e climático, pode-se dizer que o resultado esperado só poderá ser o mesmo, com os mesmos, no mesmo…
Fonte:
http://www.mma.gov.br/informma/item/10043-brasil-se-torna-refer%C3%AAncia-mundial-no-combate-ao-aquecimento-global
http://www.oeco.org.br/salada-verde/28164-pos-rio-20-brasil-define-posicoes-que-serao-defendidas-na-onu