Núcleo de pesquisa da USP une geoconservação e turismo em ferramenta didática
Unidades morfológicas do relevo do Estado de São Paulo apresentadas pelo Webmap – Foto: Reprodução
Imagine você conhecer as estruturas geológicas do Estado de São Paulo e ao mesmo tempo trilhas turísticas do litoral Norte durante um passeio virtual. Essa é a possibilidade que oferece o Webmap, uma ferramenta desenvolvida pelo grupo Geohereditas, um Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo da USP.
“Mostrar a capacidade de uso de diferentes formações rochosas é fundamental para a preservação dos locais e a sua compreensão, por isso criamos uma ferramenta de geoconservação com o intuito de reforçar a preservação dos patrimônios da Terra”, explica Maria da Glória Motta Garcia, coordenadora do Geohereditas e professora do Instituto de Geociências (IGc) da USP, em São Paulo.
O mapa interativo traz trilhas e painéis ambientais das cidades de Caraguatatuba, Ilha Bela, São Sebastião e Ubatuba. Ao escolher a cidade, é possível verificar as trilhas existentes com demonstração dos percursos e descrição da geologia do local.
O Webmap tem as funções de apontar geologia, relevo, vegetação, solos e as cavernas. Mais que a localização, cada uma das áreas demarcadas é clicável e disponibiliza informação a respeito de sua singularidade. Muito daquilo estudado por um aluno pré-vestibulando, por exemplo, pode estar mais tangível na ferramenta do que em um livro didático. Mesmo um turista desavisado é capaz de descobrir detalhes imprevisíveis sobre a futura viagem acessando o Webmap.
Na seção Painéis Interpretativos, há questionários para testar o seu conhecimento. Essas informações também estão disponíveis em totens distribuídos em locais-chave do litoral Norte, neles há QR Codes que levam ao quizz on-line.
A professora Maria da Glória destaca outra funcionalidade do mapa: a localização das unidades de conservação. “Os parques estaduais dessa região são muito usados para estudar a biodiversidade e fundamentais na compreensão da geodiversidade. Muitas vezes, a vida presente naquele local é inerente à própria composição mineral. A partir disso nutre-se uma cultura mais forte de preservação.”
Unidades morfológicas do relevo do Estado de São Paulo apresentadas pelo Webmap – Foto: Reprodução
Carlos Eduardo Manjon Mazoca, especialista em geotecnologia do IGc, foi o responsável por estruturar o Webmap. Ele ressalta que a ferramenta ainda está em seu estágio beta, ou seja, em testes. Os planos são deixá-la ainda mais aberta e, quem sabe, extrapolar seu alcance além de São Paulo.
“Usando códigos abertos e o conhecimento da Universidade, economizou-se cerca de R$ 36 mil na estruturação de um programa público, frente a valores orçados— em valores atuais, dada a cotação do dólar, o valor seria de R$ 50 mil”, conta Mazoca.
Ela trabalha em uma terceira seção do Webmap, na qual o objetivo é mais acadêmico. Lá estão reunidos os geossítios de interesse científico. Há um processo de inventariação ocorrendo no Brasil e na América Latina pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Bastante do trabalho da equipe do Geohereditas serve de base nessa empreitada.
Uma das possibilidades dessa seção será a indicação de sítios ou objetos geológicos de interesse por meio de coordenadas. Assim, pesquisadores de diferentes Estados e de áreas específicas podem localizar esses pontos, às vezes desconhecidos, adicionar ao Webmap e conferir a capacidade de trabalho na região. Projeta-se, desse modo, frutos dos próximos ensaios e testes locais.
Popularização da geociência
O Geohereditas surgiu do primeiro edital de núcleos de apoio à pesquisa da USP. Somam-se profissionais do Instituto de Biociências (IB) e da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), além de outras universidades, como a Universidade de Campinas (Unicamp).
De teor multidisciplinar, o grupo ampara-se na catalogação do patrimônio geológico natural ou cultural, o incentivo ao geoturismo, educação em preservação, todos esses critérios apoiados na pesquisa básica em geologia. Eles reúnem conteúdo em geociências e depois retrabalham essa base teórica e experimental em informação para o público geral.
Mais informações: http://webmap.igc.usp.br/
Fonte : Jornal da USP via Instituto de Engenharia