Restaurar a floresta, especialmente para proteger as nascentes e o fluxo hídrico e garantir água boa para nosso consumo e para as atividades também é primordial
Por Márcia Hirota*
O Rio de Janeiro respira Mata Atlântica e é um privilégio imenso de quem vive tão perto da natureza, usufrui de sua beleza e se beneficia diretamente desse patrimônio nacional. Somos mais de 145 milhões de pessoas no bioma Mata Atlântica – 2/3 da população brasileira – habitando em 3.429 cidades e metrópoles de 17 estados.A grandiosidade desse bioma tão valioso para nossa vida está presente nos parques naturais, nas propriedades rurais, nas florestas urbanas e até em muitas praças arborizadas. Ela está muito mais perto do que a gente imagina e o Rio é um belo exemplo, com o verde sempre presente nos seus cartões postais.
Vivemos na Mata Atlântica e nos beneficiamos de sua riqueza em termos de diversidade de espécies de árvores, plantas e animais, de seus importantes serviços ambientais – como a regulação do clima, a produção de água, fornecimento de recursos para a Economia. Ela é fonte de alimentos, possui uma beleza paisagística, um rico patrimônio histórico e abriga várias comunidades indígenas, caiçaras, ribeirinhas e quilombolas que constituem a genuína identidade cultural do Brasil, além de ser sinônimo de mais qualidade de vida e bem-estar.
No entanto, do mesmo jeito que usufruímos desses benefícios, pagamos um preço alto por termos destruído cerca de 90% da sua área original. Os motivos para tamanha devastação recontam a história do desenvolvimento e ocupação do Brasil desde a chegada dos europeus. Mas as ameaças ainda estão presentes na atualidade. E, diante da emergência climática, o nosso futuro está em risco e é importante agir desde já.
O primeiro passo é conhecer a Mata Atlântica à sua volta. Uma forma é acessar o www.aquitemmata.org.br, buscar a sua cidade e conferir como está a situação das áreas naturais. O Estado do Rio de Janeiro já foi campeão de desmatamento. Porém, nas últimas edições do Atlas da Mata Atlântica, desenvolvido pela SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), encontra-se no nível do desmatamento zero. Isso demonstra que é possível diminuir a devastação quando existe vontade política e participação da sociedade.
Além disso, muitas florestas nativas estão protegidas em Unidades de Conservação, públicas e privadas. Mas essa não é a realidade em toda a Mata Atlântica. A luta pelo desmatamento zero e preservar o que resta da Mata Atlântica é nossa prioridade. Planejar o crescimento e a ocupação das cidades é fundamental para dar mais segurança para as pessoas.
Restaurar a floresta, especialmente para proteger as nascentes e o fluxo hídrico e garantir água boa para nosso consumo e para as atividades também é primordial. No dia a dia existem muitas formas de contribuir por um ambiente melhor, seja na sua escola, no seu bairro, na sua empresa ou na comunidade. Reduzir o consumo e cuidar dos resíduos produzidos em casa, separar e destinar materiais recicláveis para o local
correto, diminuir o uso de água e energia são passos simples, mas bem importantes.
Ao presenciar uma agressão ao meio ambiente, denuncie aos órgãos e polícia ambientais ou ao promotor da sua cidade e estará exercendo a cidadania ambiental. E, por fim, apoie as associações comunitárias e as ONGs ambientalistas da sua região. Participe e venha com a gente nessa luta!
- Márcia Hirota é diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica
Confira o artigo publicado originalmente nO Dia, em 06 de abril de 2022
Fonte: SOS Mata Atlântica
Publicação Ambiente Legal, 05/05/2022
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião da revista, mas servem para informação e reflexão.