Por Alfredo Attié*
Muhammad Ali travou muitas lutas, no tablado, na Suprema Corte, pelos direitos civis.
Sexta, 3 de junho, teve seu último confronto, derrotado pela doença que o boxe lhe trouxe. Tentou a dança, os saltos, as provocações aos lugares comuns dos preconceitos humanos, o desafio à dominação, mas passou.
Para mim, o esportista Ali será sempre o grande poeta, que escrevia enquanto treinava, de modo original, inusitado, para seus combates.
O grande campeão, desafiado por estudantes de uma das boas universidades norteamericanas, durante uma conferência que proferia, após sua aposentadoria, compôs o menor (em extensão) poema da língua inglesa.
Antes, tal glória pertencia a “The Antiquity of Microbes”, poema anônimo, que estatuía: “Adam had’em”. Uma expressão engenhosa, concisa em sua sonoridade, para reconhecer que até Adão convivia com os micróbios – um desafio à criação divina?
Mas o grande Ali, o vencedor, o campeão dos campeões, não se fez de rogado e poetou ali mesmo, diante da multidão de fans:
“Me, we”
Anos depois, Obama – que também admiro muito – viria a concitar o povo norteamericano (o mais famoso do mundo, por se ter chamado, inauguralmente de “nós” – “we”), a tomar a iniciativa, fazer por si: “Yes, we can”, dizia seu slogan eleitoral.
‘Ali, you, we all”.
Até mais, querido Ali!
*Alfredo Attié, bacharel e mestre em direito, doutor em filosofia (USP), é magistrado do Tribunal de Justiça de São Paulo – TJSP.
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