A alta mortandade de abelhas é uma ameaça para as culturas e compromete a produção de alimentos do mundo.
por Ana Alencar e Edna Uip
Já faz algum tempo que cientistas e biólogos têm se preocupado com a diminuição das comunidades de abelhas pelo mundo. As hipóteses das causas levam a estudos sobre vários fatores: uso de pesticida nas lavouras; ondas eletromagnéticas emitidas por redes de telefonia celular; mudanças climáticas, particularmente com maior ocorrência de eventos extremos; infestação por praga; disseminação da monocultura; poluição do ar; uso de técnicas para aumentar a produção de mel que estressam e desorientam os insetos.
Em final de outubro(2014), um acontecimento de grandes proporções pôs em alerta o mundo científico: dezenas de milhões de abelhas morreram em Ontário, no Canadá, logo após a plantação de milho transgênico. O uso de pesticidas nas lavouras de sementes transgênicas está sendo considerada a causa provável dessa catástrofe. Um dos criadores perdeu 600 colméias, cerca de 37 milhões de abelhas e, juntamente com outros criadores afetados, culpam o neonicotinóides, especialmente o Imidacloprid e a Clotianidina (ambos da Bayer), inseticidas geralmente aplicados tanto em sementes como em tratamentos foliares que penetram no pólen e no néctar.
Os pesticidas neonicotinóides danificam o sistema imunitário das abelhas e as tornam incapazes de combater doenças e bactérias e, embora a Bayer venha protestando contra as acusações, têm sido proibidos nas plantações de milho e girassol na União Européia.
Na Europa, o uso dos pesticidas neonicotinóides é limitado devido ao recorde de morte do inseto no Reino Unido. Nos Estados Unidos, porém, continuam sendo os mais usados; por sete anos consecutivos as abelhas desse país têm apresentado aumento dos índices de mortandade.
Nos estudos realizados para compreensão do fenômeno designado “desordem de colapso de colônia” (DCC), cientistas do mundo todo observaram que as abelhas que deixam as colméias em busca de néctar ficam desorientadas em contato com plantações contaminadas por pesticidas. Perdem-se no retorno e acabam morrendo.
A alta mortandade de abelhas é uma ameaça para as culturas e compromete a produção de alimentos no mundo. A polinização é responsável por um terço de tudo o que comemos, o que significa que esses insetos respondem por 30 bilhões de dólares da economia mundial.
NO BRASIL
Embora no Brasil o nível de redução das colméias não seja tão grave quanto o dos Estados Unidos, uma pesquisa inédita vem sendo desenvolvida para avaliar as mortes de abelhas criadas em cativeiro em relação às mudanças climáticas na Amazônia. A finalidade do projeto é detectar os motivos do Distúrbio de Colapso de Colônias (DCC).
Por conta dos problemas com a produção de alimentos, a Vale S.A e o CSIRO, centro de pesquisa australiano no Brasil e na Tasmânia, têm desenvolvido um sistema de monitoração desses insetos por microssensores implantados nos seus tórax. Na Tasmânia serão implantados microssensores em 10 mil abelhas até abril de 2015. Já no Brasil, o físico Paulo de Souza, coordenador do experimento e professor-visitante do Instituto Tecnológico Vale e pesquisador do CSIRO, vem monitorando o comportamento de um grupo de 400 abelhas africanizadas por meio desses microssensores.
O estudo está sendo realizado em um apiário no município de Santa Bárbara do Pará, próximo a Belém. São duas colméias monitoradas, uma em contato com pólen contaminado por pesticidas e a outra não. Além disso observa-se se a alteração no regime das chuvas devido a mudanças climáticas afetam o comportamento das abelhas.
OS MICROSSENSORES
O microssensor usado no experimento é um minúsculo quadrado de 2,5 milímetros com cinco miligramas de peso. Como uma abelha pesa 105 miligramas em média, sua capacidade de transportar néctar e pólen é reduzida com o uso do microssensor, mas não afeta seu trabalho normal.
O aparelhinho, de alto sensibilidade, poderá também ser usado nas áreas de saúde e segurança. Instalado nas roupas dos empregados em zonas de riscos, pode mapear regiões de alta incidência de malária ou dengue e assim evitar a maior exposição a essas doenças.
Possui memória que armazena cerca de meio milhão de bytes, com capacidade suficiente para guardar dados gerados a cada segundo por quase uma semana, uma antena wifi e uma bateria. “As informações sobre o movimento das abelhas captadas pelo chip são transmitidas para uma série de antenas instaladas no entorno da colmeia e transferida para um centro de controle. Com os dados coletados. os pesquisadores constroem um modelo tridimensional da movimentação dos insetos que permite avaliar se agem naturalmente ou se estão desorientados, não retornando às colmeias”, conforme site da Vale.
Como a produção de alimentos está diretamente ligada ao movimento das abelhas, a ONG americana Xerxes Society realizou um estudo, em parceria com a rede Whole Foods, para medir o impacto de uma possível extinção desses insetos no mundo. O resultado confirmou que haveria uma perda de 52% de produtos vendidos nos mercados mundiais, como banana, maçã e repolho, entre outros.
A classe científica já está mobilizada, basta agora que os governos mundiais ajam de maneira eficiente adotando regras, leis e fiscalização no uso de venenos e de transgênicos na agricultura, garantindo, assim, a preservação das diversas espécimes de abelhas no planeta e, consequentemente, a de alimentos. Sabe-se que alguns deles já se encontram em extinção.
Saiba mais sobre o evento e consequências da mortandade de abelhas em: BEE OR NOT TO BE? – www.semabelhasemalimento.com.br
ola boa noite tenho abelhas nativas com ferrao e sem ferrao , abelhas europeias de ferrao nao sobrou nenhuma caixa de 50 que eu tinha , abelha jatai e outras sem ferrao sobraram so 11 caixas de 45.
morreram tudo acho que e o veneno reegent wg 800. tem gente jogando regent nas canas de plantio obriagodo pela atençao