Em live com Bolsonaro, Ministro do Meio Ambiente minimiza os recordes de desmatamento e desafia países críticos á gestão ambiental brasileira.
Sobre o assunto a Rádio Sputnik entrevista Pinheiro Pedro.
Da Redação
Noticia a agência Reuters que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou nesta quinta-feira, 4 de dezembro de 2020, esperar que países que criticam a atuação do Brasil no combate ao desmatamento ilegal na Amazônia coloquem “a mão no bolso”.
“Dar palpite de graça é fácil, agora colocar dinheiro em cima, em valores compatíveis com a magnitude do problema é outra história”, acrescentou.
Sobre esse assunto, a Rádio Sputnik (Voz da Rússia) e o site Sputnik Brasil – mídias da Agência Russa Internacional de Notícias Rossyia Segodnya (Rússia Hoje) – RT, sediada em Moscou e direcionada ao Brasil, ouviu o advogado e consultor ambiental Antonio Fernando Pinheiro Pedro(*), que afirmou que o ministro nada mais fez que reproduzir o comportamento negacionista do governo federal, desvalorizando o País no ambiente internacional, na medida em que se nega a assumir responsabilidades que são expressas.
Para ouvir a entrevista basta clicar aqui ou na imagem abaixo:
Destacado pelo presidente para ser o representante do governo na Conferência do Clima no próximo ano (COP-26), o ministro disse ter a certeza que vai conseguir fazer um “grande trabalho” no evento, inclusive com recursos para ajudar no meio ambiente.
Segundo o ministro, o desmatamento neste ano está no mesmo patamar de 2008, abaixo do registro nos anos de 2004 e 2005, anos que, destacou, houve recordes. “Isso não quer dizer que nós estejamos contentes com isso, mas tem que trazer prosperidade para a região e muitos dos que nos criticam podem pôr a mão no bolso e colocar recursos para ajudar”, disse Salles na live semanal do presidente Jair Bolsonaro.
Dados do próprio governo, divulgados na semana passada, mostram que a Amazônia brasileira perdeu 11.088 quilômetros quadrados de área de floresta entre agosto de 2019 e julho de 2020, um aumento de 9,5% em relação aos 12 meses anteriores e o número mais alto dos últimos 12 anos.
Para Pinheiro Pedro, “enquanto Ricardo Salles permanecer à frente do ministério, nem o sujeito que empresta dinheiro a juros na esquina liberará alguma verba”. O meio possível de obter verbas no exterior, nessa situação, segundo Pinheiro Pedro, será por via de Fundos terceirizados, com gestão profissional, metas objetivas, conselho e apoio técnico… e relatórios. Será preciso primeiro, mudar o ministro, depois, mudar o discurso.
No ano que vem, a União Europeia entrará em um debate que pode trazer consequências para o Brasil.
Importante observar que os deputados do Parlamento Europeu propõem obrigar qualquer empresa que exporte produtos para a União Europeia, provar que “seus produtos não vêm de terras desmatadas” e fornecer informações “transparentes” aos consumidores quanto ao cumprimento dos direitos humanos na cadeia produtiva, segundo noticiado pela Agência France-Presse – AFP.
(*)Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor-Chefe dos Portais Ambiente Legal, Dazibao e responsável pelo blog The Eagle View. Twitter: @Pinheiro_Pedro. LinkedIn: http://www.linkedin.com/in/pinheiropedro
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 08/12/2020
Edição: Ana A. Alencar