O Portal de Educação Ambiental, nesse Dia Internacional da Mulher, gostaria de parabenizar todas as mulheres e homenagear uma importante personagem do ambientalismo moderno: Rachel Carson, autora de “Primavera Silenciosa”, que enfrentou diversos ataques pessoais, de teor sexista, na luta contra o uso indiscriminado de pesticidas como o DDT.
Quem foi Rachel Carson?
Nesse Dia Internacional da Mulher, o Portal de Educação Ambiental irá homenagear a bióloga e escritora Rachel Carson, cujas importantes contribuições foram fundamentais para o desenvolvimento do movimento filosófico e político, que hoje conhecemos como ambientalismo.
Rachel Carson nasceu em 27 de maio, de 1907, em Springdale, Pensilvânia, nos Estados Unidos e se formou em Biologia, no Pennsylvania College for Women, a atual Chatam University. Carson continuou os seus estudos na Universidade Johns Hopkins, onde fez mestrado em zoologia e genética, em 1932. Foi professora da Universidade de Maryland. Passou a maior parte de sua vida profissional trabalhando como bióloga marinha da United States Fish and Wildlife Administration – FWS (Serviço de Peixes e Vida Selvagem, dos Estados Unidos), onde se tornou editora chefe. Foi nesse período que Carson publicou seu primeiro livro, intitulado “Beneath the Ocean Wind” ou “Sob o mar-vento”. Em 1952, renunciou ao cargo na FWS, para se dedicar exclusivamente à escrita e publicou, nesse mesmo ano, o seu premiado estudo e best-seller, “The Sea Around Us” ou “O mar que nos cerca”, um marco nos estudos e pesquisas oceanográficas. Em 1955, escreveu “Os Limites do Mar” e muitos outros livros nos anos seguintes, todos com uma importante característica: a convicção de que o ser humano faz parte da natureza, mas tem o poder de alterá-la, muitas vezes de forma irreversível. Carson se tornou a escritora de ciências mais respeitada dos Estados Unidos.
No ano de 1962, Carson escreveu o seu livro mais importante, que mais tarde se tornou um best-seller global, denominado “The Silent Spring” ou “Primavera silenciosa”, que foi publicado pela primeira vez em série na revista New Yorker.
Carson enfrentou inúmeras críticas e ataques com a publicação desse livro, agressões geradas por aqueles que temiam perder fortunas e privilégios, e deu vida a um potente movimento socioambiental, que mudou o curso da história.
Com “Primavera Silenciosa”, Carson desafiou as práticas agrícolas contemporâneas, alertando principalmente a respeito dos efeitos do uso indiscriminado de pesticidas e inseticidas, em especial o DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano), e os seus efeitos danosos no ambiente e na saúde humana.
“Primavera Silenciosa” fez uma apresentação de dados e documentação científica comprobatória e teve inúmeras qualidades: primeiramente, por denunciar os perigos para a saúde humana do uso indiscriminado de agrotóxicos, pesticidas, herbicidas, fungicidas e inseticidas, em especial os organoclorados, como o DDT, que é um neurotóxico. Fala sobre intoxicação em humanos e acúmulo de resíduos de inseticidas organoclorados no organismo das pessoas. Carson denunciou a presença de agrotóxicos em quase todos os tipos de alimentos, inclusive no leite materno. Mostrou a real possibilidade de correlação entre resíduos de agrotóxicos em alimentos e muitas doenças crônicas na população, como o câncer. Segundo, por revelar a destruição da fauna terrestre e aquática: “Primavera silenciosa” remete a uma primavera sem o canto dos pássaros, que estavam sendo extintos pelo uso indiscriminado do DDT, que provocava o enfraquecimento das cascas de ovos das aves; terceiro, por pressionar governos e autoridades para a criação de leis mais rígidas e específicas para a questão; e quarto, pela formação de uma consciência sobre a necessidade de proteção do meio ambiente. Além disso, Carson indicou na publicação métodos alternativos de controle de insetos, que não agridam o meio ambiente e a saúde das pessoas, como, por exemplo, o uso de inimigos naturais e micro-organismos.
Carson foi severamente criticada por alguns órgãos oficiais do governo dos Estados Unidos e ganhou a inimizade da indústria química, sendo taxada como alarmista, além de ter sofrido diversos ataques pessoais.
Apesar de todas as críticas e ataques, Carson foi uma mulher forte, determinada e visionária, que enfrentou homens e empresas poderosos, com muitos interesses econômicos e deixou uma mensagem cuja importância transcende seu tempo, e aliás nunca foi tão atual: de que a humanidade precisa estar atenta às suas ações no meio ambiente, que podem causar impactos irreversíveis. Carson é uma grande referência e seu livro conquistou grande influência na opinião pública, ajudando a plantar a semente do movimento ambientalista, que se concretizou, nas décadas de 1970 e 80. Porém, infelizmente, Carson, apesar de ter plantado as sementes de alguns dos mais importantes avanços da área ambiental, do século XX, ela não viveu o suficiente para ver os frutos do seu trabalho florescerem, pois faleceu, em 1964, de câncer de mama.
Em 22 de abril, de 1970, milhares de americanos saíram às ruas para exigir maior proteção do meio ambiente, o que levou à criação da EPA – Environmental Protection Agency – Agencia da Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos e à celebração do “Dia Mundial da Terra”.
“Primavera Silenciosa” levou ao banimento do pesticida DDT, primeiramente, em 1972, nos Estados Unidos e depois a proibição alcançou outras partes do mundo, como o Brasil, devido ao fato de enfraquecer as cascas de ovos das aves, podendo leva-las à extinção; possuir efeito cumulativo no organismo; envenenar água e alimentos; provocar partos prematuros, causar câncer e danos neurológicos, respiratórios e cardiovasculares.
“O ser humano é parte da natureza, e sua guerra contra a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si mesmo.” (Rachel Carson)
Fonte: SEMIL SP
Publicação Ambiente Legal, 07/03/2024
Edição: Ana Alves Alencar
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