NOTA OFICIAL DA API
A Associação Paulista de Imprensa foi fundada em 1933, justamente pelos jornalistas de São Paulo terem se engajado na revolução de 32, em prol de uma Constituição Democrática para o Brasil.
A defesa da liberdade de imprensa e da Constituição, portanto, constituem princípios indissociáveis da atividade de nossa entidade.
Nesse sentido, a API vem a público desagravar o jornalista Reinaldo Azevedo, ante a absurda agressão sofrida pela inclusão de documento de transcrição de um diálogo havido com sua fonte nos autos de inquérito policial -sem relação alguma com o objeto da investigação, em material divulgado pelo Ministério Público Federal no bojo da chamada Operação Patmos, na data de ontem, 23 de maio.
A inclusão indevida do diálogo, e sua consequente divulgação, causaram danos morais e materiais ao jornalista e expuseram a relação do profissional com sua fonte, em clara infração ao direito de sigilo.
O interesse do Ministério Público Federal em incluir e divulgar o diálogo, ao que tudo indica, foi difamar o profissional e retaliar o jornalista que mantinha posição crítica à política da instituição.
O fato é de extrema gravidade. Revela descontrole institucional de organismo encarregado de zelar, justamente, pelas garantias constitucionais dos cidadãos.
A retaliação promovida contra Reinaldo Azevedo foi desprezível, danosa em todos os sentidos, e merece o repúdio da API.
O detalhe sórdido do fato é ter-se dado a divulgação no dia em que Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo, tombaram atingidos por balas das forças getulistas na cidade de São Paulo, na manifestação dos estudantes constitucionalistas em 1932, gerando a sigla MMDC – ostentada pelos revolucionários de 9 de julho. Será isso um sinal inconsciente de estarmos diante de um novo processo de esmagamento das liberdades democráticas no Brasil?
A ação deverá ser objeto de profunda análise e reflexão, quanto aos rumos da gestão política das instituições da República e a defesa do Estado Democrático de Direito, que nunca subsistirá sem o respeito devido à liberdade de imprensa.
São Paulo, 24 de maio de 2017
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