Qualquer solução radical será o estopim para o pior dos mundos
Por General Paulo Chagas*
A solução para a crise brasileira passa pela pacificação e pela harmonização do relacionamento entre os 3 poderes (todos vulneráveis aos seus próprios e conhecidos desdouros), de maneira a assegurar a necessária estabilidade até o final deste mandato.
Uma crise política durante a crise da Covid-19, com mudanças periódicas de ministros da saúde, é o mesmo que o caos dentro do caos!
O fiel desta balança e os melhores artífices para construção desse entendimento são as FFAA que, na situação atual, com um militar no Ministério da Defesa, podem fazê-lo, como poder moderador, por intermédio do habilitado Ministro Fernando Azevedo e Silva que já serviu no Congresso, como assessor parlamentar, e no STF, como assessor do Presidente Toffoli.
O Executivo já chegou à conclusão de que é melhor entregar os anéis do que perder os dedos e está “negociando” a governabilidade com o chamado “Centrão”.
Aparentemente, o Presidente da República não vê outra solução que não seja blindar o governo com o apoio fisiológico e pouco confiável de uma companhia de mercenários.
Esta é, sem dúvida, “uma solução”. No entanto, é preciso “firmar” com eles um acordo que seja “bom para todos”, o que inclui a defesa, a manutenção e a realização das propostas de campanha do governo, de forma a fazer com que a direita liberal e conservadora consiga chegar no final deste mandato em condições de disputar a próxima eleição geral.
Qualquer solução radical, neste momento, seja ela contra ou a favor de quaisquer dos poderes, será o estopim para o pior dos mundos. Repito: o caos dentro do caos!
É sempre melhor retardar o adversário do que retrair sem combater ou “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”!
É como penso!
*Paulo Chagas é General de Brigada da Reserva do Exército Brasileiro. Arma da Cavalaria. Dentre as inúmeras atividades assumidas na sua carreira, foi oficial do Gabinete do ministro do Exército, comandou o Regimento Dragões da Independência, foi adido militar em Londres e chefe do Estado-Maior da 11ª Região Militar, comandou a 7ª Brigada de Infantaria Motorizada (Natal/RN), chefiou o Gabinete do Estado-Maior do Exército (EME), a Seção de Adidos Militares acreditados no Brasil e no exterior e a 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército (Assuntos Internacionais). Coordenou as atividades de delegações do Exército Brasileiro em conferências bilaterais e foi secretário-geral da Conferência dos Exércitos Americanos. Foi instrutor de cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras.
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 21/05/2020
Edição: Ana A. Alencar