Guilherme Crippa Ursaia, advogado no escritório Pinheiro Pedro Advogados, analisa a polêmica entre o uso das energias fósseis e das energias renováveis.
A interessante questão levantada, no artigo “O rastro sujo da energia limpa” (ver em: http://goo.gl/kBnen2 ), traz à tona o conceito de Energia Incorporada ou Embodied Energy, que é a soma de toda a energia necessária para produzir bens ou serviços, considerando como se essa energia foi incorporada ao próprio produto, para decidir se contribui ou mitiga o aquecimento global.
Trazendo o conceito para o campo das energias renováveis, se levarmos em consideração a matéria prima utilizada, o processo de fabricação e instalação de aerogeradores e placas solares, por exemplo, é claro que existe um montante de energia incorporada a ser considerado. Ocorre que o tempo de vida útil destes dispositivos é superior a 20 anos, ou seja, produz muito mais energia do que se gastou para produzí-los. Apesar de utilizar recursos naturais e energia em sua produção, o seu tempo de vida útil é recompensador em termos energéticos e de emissões de CO2 na atmosfera.
Ora, não é preciso fazer grande esforço mental para concluir que o atual sistema energético baseado em energias fósseis não vai durar até o fim do século 21.
A energia elétrica por si só também não será uma fonte confiável, seja pelo incremento de preço que irá sofrer no decorrer dos anos, ou ainda pelo provável racionamento em virtude de intempéries decorrentes das mudanças no clima.
Precisamos nos livrar das amarras dos combustíveis fósseis, finitos e poluentes. Está na hora de pensarmos a longo prazo considerando os conceitos de energia agregada e investir na transição para as renováveis.
A pergunta fundamental a ser feita é: O que vai acontecer em dez anos a partir de agora? Onde desejo estar? No por do sol das energias e indústrias da segunda Revolução Industrial, ou no nascer do sol das energias e indústrias da terceira Revolução Industrial?
Estamos no fim do jogo, que leva o mundo para fora do velho modelo energético baseado em carbono e urânio, para um futuro sustentável para a raça humana, baseado em energias não poluentes.
Guilherme Crippa Ursaia é Advogado formado pela FMU, Auditor Líder Ambiental – ISO 14001 pela Bureau Veritas, tendo trabalhado no Folkecenter for Renewable Energy, Solar Panels, na Dinamarca e Center for Alternative Technologies – CAT , no País de Gales (Reino Unido). É membro da Comissão de Meio Ambiente e da Comissão de Energia da Ordem dos Advogados do Brasil – Subseções de Santa Catarina e São Paulo. Coordenador de Energia e Biogenética no escritório Pinheiro Pedro Advogados.