‘É como matar um cão’: o dilema do abate de jegues no Nordeste para produção de remédio na China
Por Leandro Machado e Felix Lima
A população de Amargosa (BA) sofre com um dilema envolvendo o jumento, o jegue, uma tradicional espécie do Brasil e símbolo histórico da luta diária do sertanejo.
Na cidade funciona o Frinordeste, hoje o principal frigorífico de abate de jumentos do país. Nele, cerca de 1,2 mil animais são abatidos todas as semanas para posterior exportação à China, segundo funcionários ouvidos sob a condição de anonimato.
O couro é retirado, embalado em caixas e levado para a China, onde é transformado em uma gelatina que é usada para produzir o ejiao, um produto medicinal bastante popular e lucrativo da medicina tradicional chinesa. A carne geralmente é separada e exportada para o Vietnã.
Não há comprovação científica de que o ejiao funcione, mas, no país asiático, ele é utilizado para tratar diversos problemas de saúde, como menstruação irregular, anemia, insônia e até impotência sexual.
Estima-se que o produto movimente bilhões de dólares por ano. Mas, ao mesmo tempo, pode ameaçar o futuro da espécie no Brasil.
Nosso repórter Leandro Machado e nosso videojornalista Felix Lima foram até a Bahia para mostrar a triste realidade do antes companheiro inseparável do sertanejo.
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“A exportação criou um risco sanitário, inclusive para o agronegócio. Esse animais são recolhidos em vários lugares, e depois transportados pelo Nordeste sem que a gente conheça a procedência. Os empresários que negociam os jumentos não têm ideia do risco que estão criando. É uma bomba-relógio”, explica Chiara Oliveira, professora de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e uma das pesquisadoras que acolheram em uma fazenda todos os jegues apreendidos em Canudos — dos mais de 690 inicias, cerca de 150 sobreviveram.”
Fonte: BBC News
Publicação Ambiente Legal, 27/12/2021
Edição: Ana Alves Alencar
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