Propagar o conhecimento deve ser o objetivo da educação
Por Edna Regina Uip*
Depois de décadas de destaque do Brasil por sua baixa qualidade de ensino, isto demonstrado em todos os indicadores nacionais e internacionais, está claro que nenhuma das políticas adotadas surtiu efeito. O Brasil não forma parte da sua população, não a vê como partícipe da cidadania, não dá oportunidades de crescimento pessoal de acordo com planos, projetos e objetivos próprios, sejam eles de trabalho, de emprego, empreendedorismo, de prospecção de aptidões.
Enquanto os países desenvolvidos e os que almejam desenvolvimento preocupam-se em formar jovens para um futuro não muito distante, em que capacidades até há pouco não valorizadas passarão a sê-lo, o Brasil deve ainda resolver como alfabetizar suas crianças e realfabetizar suas dezenas de milhões de analfabetos funcionais.
A inexistência de educação, cultura e identidades pessoais e cidadãs tem favorecido e ainda favorece alguma estrutura. Quem está concentrado em dar solidez cultural a nossa população? A quem interessa um povo inculto? Por que a desvalorização do interesse pela política, do senso crítico e do conhecimento?
Não existe igualdade sem conhecimento. Mas… a qual governo interessa a igualdade? Há algum que vê o povo como mão de obra? Ou há um que dele necessite como massa rumo à hegemonia? Ou dos que o desprezam por não ser composto por bem-sucedidos?
Cada cidadão é integrante e participa do enredo narrativo social, cada nova competência interfere na criação e emaranhamento das premissas que compõem este enredo, cada aula, cada momento educacional representa desafios que devem ser enfrentados tendo em vista o desenrolar do argumento. No entanto, a sociedade tem sido colocada a parte das questões maiores que importam a cidadania: autoestima, ética, conhecimento, sustentabilidade.
Estes princípios resultariam na construção de um país onde todos seriam protagonistas da própria individualidade e da construção da nação que necessitamos ter.
É função da escola ensinar a pensar, procurando formar alunos cultos, conhecedores de diferentes áreas do saber, bem informados, conscientes e críticos. De fundamental importância um currículo articulado desde a Educação Infantil até o final do Ensino Médio, para que os alunos:
• Estejam habilitados para a busca e a pesquisa continuadas de informações relevantes.
• Sejam capazes de utilizar recursos tecnológicos como forma de obter e compartilhar conhecimentos, participando e contribuindo para um mundo cada vez mais integrado e competitivo.
• Desenvolvam a aptidão de compreender, refletir e manifestar visão crítica em relação aos fenômenos políticos, econômicos, históricos, sociais e científico-tecnológicos.
• Estejam capacitados nos pré-requisitos fundamentais ao prosseguimento dos estudos acadêmicos e para a vida profissional.
• Tenham desenvolvidas atitudes e incorporado valores comunitários, sociais e patrióticos que formem futuros cidadãos cônscios dos seus deveres, direitos e responsabilidades.
• Tenham formação sólida em temas transversais, o que quer dizer sejam cidadãos éticos, com apreço por si mesmos e envolvidos nas causas da sustentabilidade.
Propagar o conhecimento deve ser o objetivo da educação. Apenas assim chegaremos de fato a ser a Nação que o Brasil deve ser.
*Edna Regina Uip, advogada formada pela USP, consultora e empresária, está “habituada a ver o mundo pelos olhos da razão, sem no entanto, deixar de cultivar atenta observação do comportamento humano e suas emoções”. Autora do romance Espelhos Quebrados (Sá Editora, 2010), é escritora, ensaísta e poeta. Administradora do Grupo de Discussão Política “Vamos Falar Para o Brasil, Edna Uip é, também, colaboradora do Blog The Eagle View e do Portal Ambiente Legal, onde publica regularmente na Seção Ambiente Livre.
Fonte: The Eagle View