Por Marcia Hirota*
Meu dia na APA Guapimirim
Essa APA
É especial
É muito raro
Ver algo igual
Um rio imenso
Vários manguezais
Pretos, brancos, vermelhos
Todos sensacionais
Da Baía de Guanabara
Ainda sobrou
Essa parte limpa
Que o ICMBio salvou
Brincar com amigos
Deixa tudo mais divertido
Junto a essa companhia
Difícil é estar deprimido
O que mais me surpreendeu
Foi a fauna e flora
Pena que o ser humano
Leva tudo embora
Essa história
Eu nunca vou esquecer
Essa natureza
Para o mundo quero trazer.
(Pedro Rocco)
A Baía da Guanabara tem o seu valor. A poesia acima é do Pedro Rocco, de 12 anos, estudante do 8º ano do Colégio Ágora, em Niterói, que visitou a Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim durante um passeio organizado pela escola. O texto emociona pela percepção do garoto em relação ao tema e nos inspira a algumas reflexões sobre esse local tão bem registrado pelos olhos do Pedro.
A Baía da Guanabara impressiona até hoje pela beleza de sua paisagem. Se, por um lado, ainda temos muita poluição em suas águas – relacionados à ausência de saneamento básico e à degradação ambiental resultante de atividades industriais e portuárias –, por outro ângulo, menos conhecido, há um cenário digno de cartão postal.
A APA de Guapimirim é uma Unidade de Conservação federal localizada no recôncavo da Baía da Guanabara e abriga esses ambientes singulares. Em seu interior, os rios recortam a linda geografia e abraçam a Estação Ecológica da Guanabara, outra área protegida que reúne os mais belos e preservados manguezais do país. Estas duas Unidades de Conservação administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), contam com o apoio da Fundação SOS Mata Atlântica, por meio de um fundo de perpetuidade, criado em 2009. Desde então, a parceria tem sido para apoiar a gestão integrada, os conselhos, projetos de conservação, recuperação florestal, atividades de educação ambiental e voluntariado.
Nessa região, é possível visitar e observar os golfinhos, presentes no brasão do Rio de Janeiro, o jacaré-do-papo-amarelo, pequenos mamíferos, centenas de aves e uma variedade de peixes e crustáceos.
Todos podem – e devem – visitar e conhecer a beleza desse lugar. O ICMBio tem uma equipe de profissionais que desenvolvem atividades e recebem visitantes, pesquisadores, voluntários e estudantes, nesta e em outras Unidades de Conservação.
Tirar os alunos do tradicional espaço escolar para vivenciar experiências como essa é um modelo que deveria ser replicado – uma estratégia para estimular “novas consciências” e, quem sabe, futuros ativistas para a causa ambiental. Aproveitar o período de férias escolares para promover um passeio como esse, em família, também é uma grande oportunidade.
Há muitos parques com paisagens magníficas, uma variedade de atividades ao ar livre para todas as idades e estrutura para receber também pessoas com deficiência, tal como nos Parques Nacionais de Itatiaia, da Tijuca, do Iguaçu, ou na estrutura recém-inaugurada no Parque Nacional de Fernando de Noronha. Tudo isso para facilitar o acesso de visitantes e turistas e para que todos possam usufruir e ter contato com a natureza.
Um amigo viajante me disse que não podemos perder os “olhos de criança”, ou seja, “os olhos de quem é capaz de se emocionar com aquilo que encontra pela primeira vez”. Só com conhecimento, engajamento e envolvimento é que mudaremos realidades.
Torço para que a visitação aos parques nacionais seja rotina dos brasileiros, que seja feito com mais frequência, contribuindo também para o desenvolvimento local. Assim, estimulados pelas belezas naturais e atividades de lazer, todos se sintam mais motivados a conhecer e desvendar novos lugares e culturas, aqui e em outras localidades. Sempre, com olhos de criança!
*Marcia Hirota é diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, ONG brasileira que atua há 30 anos na defesa da floresta mais ameaçada do Brasil. Saiba como apoiar as ações da Fundação em www.sosma.org.br/apoie.
Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica-SOSMA