Revista Ambiente Legal
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grupo de empreendedores comunitá-
rios que aprendeu a extrair, de forma
sustentável, o óleo da castanha, do breu
branco e da copaíba. A preço de merca-
do, a empresa compra diretamente des-
ses trabalhadores todas essas matérias-
primas vegetais que utiliza na produção
de seus cosméticos.
Outro bom exemplo vem da Inter-
national Paper. Comprometida com
uma política de não utilização de ma-
deiras provenientes de áreas florestais
ameaçadas, a companhia, que atua nos
segmentos de papéis não revestidos e de
embalagens, promove um projeto cultu-
ral que une educação e preservação am-
biental. Aproximadamente 8 milhões
de alunos de cerca de 36 mil escolas pú-
blicas e particulares de todo o país têm
tido a oportunidade de aprender sobre a
cultura dos povos que habitam as prin-
cipais reservas florestais brasileiras, as
características de sua flora e fauna e o
que é preciso fazer para preservá-las.
Ecoeficiência - A gestão corporativa
integradora do paradigma do desenvol-
vimento sustentável também deixou no
passado o estrito cumprimento da le-
gislação ambiental, pois, na calculado-
ra, os números mostram ao empresário
que compensa ir além do que exigem
os regulamentos. Companhias como as
siderúrgicas CSN e CST adotam a eco-
eficiência. Elas fazem reuso da água e
transformam calor em energia, reduzin-
do os gastos com insumos e os impactos
do processo produtivo.
A ecoeficiência também está sendo
buscada entre instituições financeiras.
O Banco Real é pioneiro na adoção do
papel reciclado em larga escala. Con-
some quase 100 toneladas de papel ta-
manho A4 a cada mês, o equivalente a
70%
de todos os impressos usados in-
ternamente. A meta é chegar a 90%.
Valorização de pessoas – Importan-
te notar que o engajamento dos públi-
cos interno e externo é decisivo para
o sucesso das políticas corporativas de
desenvolvimento sustentável. Desta
forma, funcionários, fornecedores e
consumidores são estimulados continu-
amente a adotar essas práticas com ob-
jetivo de irradir mais rapidamente.
Na Philips, a política de desenvol-
vimento sustentável envolve a partici-
pação de funcionários, fornecedores e
parceiros de negócios.
“
Existe uma parte do programa de
sustentabilidade da Philips em que nós
conversamos com os fornecedores para
buscar seu desenvolvimento. Com isso,
eles aprimoram capacidades que tam-
bém se revertem
em ganhos para
as comunidades
locais”, comen-
ta Flávia Mora-
es, gerente geral
de Responsa-
bilidade Social
da Philips para
a América La-
tina.
Questão de
sobrevivência
–
De acordo
com Fernando
Almeida, presi-
dente do Conse-
lho Empresarial
Brasileiro para
o Desenvolvi-
mento Susten-
tável (CEBDS),
representante, no Brasil, da redeWBCSD
(
World Business Council for Sustainable
Development), as empresas estão inse-
ridas em um ambiente competitivo de
complexidade crescente, bastante sensí-
vel aos movimentos do contexto inter-
nacional. “Sua sobrevivência depende
de um balanceamento entre o desem-
penho econômico, social e ambiental.
O desafio é abrangente e inclui a uti-
lização racional dos recursos naturais,
mas também a reversão do quadro de
esgarçamento do tecido social”, avalia
Almeida.
O presidente do CEBDS acredita
que é uma questão de sobrevivência o
envolvimento de todo o setor produtivo
brasileiro com as questões relacionadas
ao desenvolvimento sustentável. Se-
gundo ele, o desafio de incorporar essa
cultura é ainda maior entre as médias,
pequenas e microempresas, segmento
que representa 99% dos 5,6 milhões de
empresas do País.
“
Quando aplica os princípios do
Credenciamento
para a nova
postura
Para ser integrante do clube das
empresas plugadas ao desenvolvimento
sustentável, deve-se observar algumas
regras de ouro: os fornecedores, em hi-
pótese alguma, devem utilizar trabalho
forçado ou infantil; é necessário cuidar
para que os processos da companhia
sejam realizados com a menor quanti-
dade de energia possível, sem desperdí-
cio de água e outros recursos e com o
maior cuidado possível no descarte de
resíduos.
“
Não é complicado realizar isso, pois
existem muitas ferramentas administra-
tivas que ajudam a fazer o gerenciamen-
to de processos no meio ambiente, nas
relações de trabalho e com a comuni-
dade”, comenta Carmem Weingrill, da
FGV de São Paulo.
Outro fator importante na obten-
ção de resultados é o envolvimento dos
funcionários. Sem isso, não é possível
estabelecer sintonia entre a proposta
de desenvolvimento sustentável e sua
aplicabilidade prática, dentro e fora da
empresa.
Para o pesquisador Willians Coan,
que escreveu monografia sobre ges-
tão do conhecimento em seu MBA
na Universidade de São Paulo, “as em-
presas precisam estar mais atentas para
alcançarem resultados que minimizem
as ações negativas e amplifiquem os re-
sultados positivos. A comunicação com
seus vários públicos de interesse não
pode ter ruídos”, conclui Coan.
Ganhos para comunidades
locais, assegura Flávia.
Almeida: engajamento
dos menores.