Revista Ambiente Legal
ridade e, especialmente, muito mais
capacidade de criação e realização
para a construção da nova fisionomia
para o novo tempo, de um povo e um
país marcado pela desigualdade e pela
discriminação racial contra os negros,
metade da população do Brasil.
O novo mundo exige, de todos os
povos, que realizem sua lição de casa,
suficiente para promover a coesão,
a união e a estensão a todos os seus
partícipes dos valores humanitários e
sociais, que produzem a sinergia in-
dispensável para a condução da pátria
ao lugar idealizado, de grandeza e sus-
tentação, no concerto das nações.
O Brasil do novo milênio precisa-
rá escolher o caminho a seguir. Man-
ter intocado o privilégio de poucos,
colocar-se de costas ao profundo des-
colamento e à ruptura do seu tecido
social, fazer ouvidos moucos e vozes
roucas do subterrâneo, assistir inerte
e indiferente à formação de tsunamis
*
José Vicente é sociólogo e advoga-
do. É presidente da Afrobras – Sociedade
Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sócio
Cultural e reitor da Unipalmares – Uni-
versidade da Cidadania Zumbi dos Pal-
mares.
embalados pelo abandono, pela des-
crença, pela falta de perspectiva e pela
confirmação de determinismo delibe-
rado da subalternidade social do ne-
gro só levará todos ao precipício.
A diferença, qualquer que seja,
jamais poderá justificar a hierar-
quização de pessoas ou grupos so-
ciais, e criar ou manter privilégios
em detrimento dos demais. A per-
sistência na sua manutenção, como
testemunha a História, será sempre
combustível pronto para entrar em
combustão. Nesses casos, o tempo
nunca será o senhor da razão.
Acesso ao ensino deve assegurar a igualdade de oportunidades.
Igualdade de oportunidades e par-
ticipação na vida nacional asseguradas
por ações e medidas efetivas, objetivas
e eficazes que permitam fundir os dois
“
Brasis” e, definitivamente, debelar a
grande chaga que sempre corroeu a
possibilidade da felicidade geral da
nação e de todos os seus filhos. Esse
terá de ser o sincero e honesto “mapa
da estrada”, que reconstruirá o respei-
to à pessoa humana, indiferente à cor
de sua pele, e a união de uma nação
dividida entre muitos, que sempre ti-
veram tudo, e o negro brasileiro, que
nunca teve nada.
Os quotistas irão rebaixar a
qualidade da universidade
pública. A autoclassificação
irá instituir um tribunal
racial. Racismo às avessas.
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