Revista Ambiente Legal
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em que os sobrevoos de helicóptero, feitos pela
polícia para monitorar crimes ambientais, tinham
sido cancelados.
Quando foram retomados os voos, em 2010,
a pilha já estava monumental. O inquérito demo-
rou um ano, mas, hoje, já está concluído, o acesso
para caminhões foi fechado e a vegetação já co-
meça a esconder o lixo. A parte que cabe à polícia
foi feita. Qualquer solução pro Jardim Damasce-
no agora é muito complexa. Não acho que seja
possível resolver o problema e recuperar a área e
remover o lixo sem uma movimentação enorme de
moradores”, disse.
Não precisa ser especialista para prever que a
gravidade dos problemas tende a aumentar se ne-
nhuma ação for tomada. De acordo com o mo-
rador Dimas Reis Gonçalves, muitos dos terrenos
não têm solo profundo, apenas uma fina camada de
terra sobre o lixo. Os vizinhos têm até um método
para identificar no bairro onde o solo é composto
de lixo e onde está o terreno sólido: “Onde tem
mamona, tem lixo”, explicou Gonçalves.
Boa parte das casas está construída sobre, no
mínimo, seis metros de lixo. Isso gera problemas
sanitários, de estrutura, riscos de desabamento e até
de explosões. De acordo com o morador Quin-
tino, o Tanque de Gás, área que ficou conhecida
por conta da presença de gás metano, resultado da
decomposição dos materiais sob as casas, “de vez
em quando explode. Já presenciei uma estrutura de
ferro ir pelos ares e conhecidos meus se divertem
tacando fogo onde o gás vaza”.
O problema ganha proporções ainda mais sérias
quando se sabe que ali ao lado fica um dos princi-
pais reservatórios de água que abastece a cidade de
São Paulo. Segundo Guilherme Ursaia, advogado
especializado em legislação ambiental do escritório
Pinheiro Pedro Advogados, “além de ser um refúgio
O morador Quintino conta que de vez em quando vê explosões causadas pelo gás metano que exala no Tanque de Gás