Revista Ambiente Legal
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P á g i n a s
Ve r d e s
fossem ícones da proteção
de uma democracia, quando
na verdade significam uma
perda. Como o senhor está
vendo esse quadro hoje?
Adriano Diogo
-
São
dois movimentos colidentes.
Por um lado, a população
melhora a sua renda fami-
liar e começa a estudar -e
uma juventude inteira pas-
sa a ter futuro pela frente e,
naturalmente, quer ter um
protagonismo e uma partici-
pação na história. Nos dias
de hoje, todos os partidos
são de centro, um pouqui-
nho para a direita ou um
pouquinho para a esquer-
da. Esse centrismo, forçado
e exagerado, faz com que a
sociedade se desiluda. Na
medida em que o país cres-
ce, que as pessoas estudam e
tem uma expectativa, elas se
deparam com uma elite do
país, que só repete modelos
superados,
autoritários,
e
não oferece para essas novas
gerações nenhum protago-
nismo, esperança ou expec-
tativa. Quando a coisa chega
nesse ponto, começa a ficar
perigoso, porque quem vai
querer entrar em um partido
político hoje? Quem é que
vai querer se candidatar a
um cargo eletivo, a uma Câ-
mara Municipal, a uma pre-
feitura que não esteja dentro
dessa máquina organizada?
Ambiente Legal
Pois é...
Adriano Diogo
-
quem está lá dentro sabe que
os caminhos dos labirintos
são muito difíceis. Quando
a política se torna um corpo
estranho para a sociedade,
qual é a pauta principal da
sociedade? Nós não que-
remos o voto obrigatório.
Como se o problema fosse
o voto obrigatório, e porque
o voto obrigatório? A rejei-
ção ao voto obrigatório é a
rejeição da atividade políti-
ca. Isso é perigoso, porque
quando em um país, quando
a sociedade, principalmen-
te as novas gerações, acham
que a política é um estorvo e
não serve para nada, ou me-
lhor, serve para tudo, tudo
que é errado, é uma coisa
perigosa.
Ambiente Legal
-
E o
radicalismo domina nessas
horas.
Adriano Diogo
-
Exata-
mente. E o pior é quando a
Justiça deixa de ser Justiça e
fica desmoralizada. Aí, é o
perigo maior, o perigo das
instituições.Toda vez que eu
vou a uma festa de aniversá-
rio de criança e alguém me
reconhece e fala: “Deputa-
do...”, já dá aquele mal-estar,
as mães recolhem as crianças
para descobrir aonde está
o deputado. Estou falando
isso em tom de piada, mas
é sério. Eu procuro sempre
um modelo de sobrevivência
dentro da política que me
identifique mais com o cida-
dão normal e comum, por-
que eu acho que a política
tem que ser feita por aí mes-
mo, porque a política é uma
atividade como outra qual-
quer, tal como a dos advoga-
dos, onde todo mundo tenta
fazer o melhor e o cidadão
comum acredita. A socieda-
de hoje tem um mote e um
discurso que as instituições
não fazem essa leitura, o Po-
der Judiciário está no tempo
da válvula e a moçada, no
tempo do chip.
Ambiente Legal
-
Pe-
gando este gancho e trazen-
do para a nossa área, a do
meio ambiente, o senhor foi
secretário do Verde e prati-
camente remontou aquela
secretaria. Como o senhor
vê hoje a quase absoluta fal-
ta de rumo na área ambien-