Como o Globalismo e sua pretensão disruptiva está destruindo a civilização humana em prol da ganância… e será consumido também por ela
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*
Síndrome de Asperger (SA) é uma perturbação do desenvolvimento caracterizada pela dificuldade de se relacionar socialmente e coordenar a comunicação não verbal, pari passu com o desenvolvimento de interesses e rotinas obsessivos ou repetitivos. Trata-se de uma perturbação de espectro autista (PEA), embora com menor gravidade por preservar inteligência e linguagem relativamente normais.
Greta é um instrumento
A menina Greta Thunberg, nova heroína da luta contra as mudanças climáticas empreendida pela ONU, é diagnosticada com a síndrome, e esse fato a torna ainda mais especial, como exemplo de determinação comportamental e uso funcional socialmente relevante dos interesses que cultiva. A causa climática para ela, portanto, é não apenas socialmente relevante como também terapêutica.
O instinto de liderança e a inteligência privilegiada de Greta a fizeram se destacar mundialmente em prol da sua causa. Porém, coube aos dirigentes envolvidos com o direcionamento globalista da questão do clima descontextualizar a luta de Greta para alinhá-la com a estratégia deles, de imposição de teses e medidas anti-soberanas, usando a menina como instrumento de demonização das posições científicas e ideológicas discordantes.
É por isso que a manipulação emocional de Greta, pela ONU, não me sensibiliza. Pelo contrário, ela me deprime, pela forma como se pretende instrumentalizar a emoção em prol da concentração econômica globalista, do biocentrismo fascista e do historicismo ecológico.
Popper, em sua obra “Sociedade Aberta e Seus Inimigos”, descreve várias “Gretas” ao longo dos séculos – arautos da “decadência da humanidade” e entusiastas de medidas de sacrifício para os outros – manipulados por modelos de negócio, culturas liberticidas, ideologias totalitárias e lideranças salvacionistas que… ao fim e ao cabo, tornaram-se mais desastrosas que o desastre que pretextavam resolver.
É preciso, assim, retomar a racionalidade nesse debate, pois a polarização não favorece a ciência, a política e muito menos a humanidade.
O “consenso científico” e a ditadura de opinião
Já tive oportunidade de comentar em artigos anteriores sobre a divisão do mundo atual em duas forças titânicas: globalistas e soberanistas, ambas fruto da globalização econômica e tecnológica a que todos estamos submetidos. No entanto, enquanto os que lutam por posições soberanas preservam interesses nacionais, culturas e democracias, os que se alinham ao globalismo pretendem liquidificar nacionalidades, culturas, etnias, padrões morais e posicionamentos plurais, transformando esses elementos em uma massa amorfa, homogeneizada, contaminada pelo discurso raso do “politicamente correto”.
Essa ditadura de opinião é permeada de rancores identitários, ecologismos de toda ordem, padrões amorais de comportamento e passividade impotente ante à enorme concentração econômica e de poder nas mãos dos cartéis financeiros e sistemas digitais de informação, todos administrados por um exército de tecno burocratas bem remunerados – os novos operadores do poder mundial – incrustados no deep state e no comando das organizações corporativas. Esse grupo, hoje, forma os chamados establishment e sua mídia mainstream.
O fenômeno do clima entra nessa salada liquidificada não como uma preocupação real mas sim como ferramenta de intromissão “ética”, autorizante de medidas intervencionistas sobre decisões soberanas dos países. Afinal a “ética” globalista é disruptiva; se afina com a estética de padronização de comportamentos ditados por preceitos rasos e palavras de ordem desagregadoras.
É por esse motivo que os globalistas climáticos firmaram um paradoxal consenso científico, urdido no painel intergovernamental de mudança do clima – órgão previsto pelo Tratado Quadro de Mudanças Climáticas, que trataram de aparelhar metodicamente ao longo dos anos selecionando estudiosos “afinados” e excluindo cientistas “não alinhados”.
Esse “consenso científico” foi politicamente transformado em “dogma”, de forma a permitir aos militantes do catastrofismo climático estigmatizarem qualquer um que questionasse suas conclusões ou mantivesse uma postura cientificamente cética.
Aos que duvidam, discordam ou contestam, aplicou-se o rótulo de “negacionistas” do clima – hereges que merecem a fogueira moral (estampada, por exemplo, no olhar reprovador de Greta Thunberg…).
Isso é trágico e muito complexo. Constrói o que se pode chamar uma ditadura de opinião. Portanto é preciso desmontar essa farsa por partes.
Mudança do Clima não é religião
Primeiro, o fenômeno das mudanças climáticas não constitui ordem religiosa. Isso significa que o termo “negacionista” é falacioso, pois implica contrário sensu na existência de “crentes” do clima.
De fato, há cientistas – e não negacionistas – que não enxergam nos fenômenos que hoje ocorrem um processo de alteração drástica do clima. Há cientistas que entendem que as alterações estão ocorrendo, porém não têm qualquer influência humana e se inserem de forma cíclica sobre o planeta. Há aqueles que observam ocorrer uma conjunção de fatores cíclicos, de ordem terrena e solar, que podem estar sofrendo aceleração em determinados sistemas microclimáticos pela liberação de gases de efeito estufa na atmosfera. Há também quem entenda que a terra está, por influência solar, sofrendo profundas alterações sob a crosta, e isso irá alterar drasticamente as condições superficiais do planeta.
Outros estudos relacionam as correntes marítimas com o vapor e a alteração de temperatura oceânica para vislumbrar alterações drásticas da temperatura nos continentes. O ciclo solar também pode estar relacionado à provável alteração de polo magnético, o que por si só causaria uma nova era glacial no planeta, repentinamente. Não se pode, outrossim, esquecer da liberação de metano em massa, depositado no permafrost russo. Enfim, inúmeras são as teses científicas em curso e estudos em desenvolvimento, de forma que não há, de fato, uma “tese disruptiva” que instale um design dominante sobre todos os outros – como se opera no mundo dos negócios e instituições e, pelo visto, pretendem fazer crer ser possível os globalistas do clima.
O fato é que nós, minúsculos seres, vivemos em um planeta que por acaso está no cantinho da galáxia com menor incidência de raios cósmicos, protegido por duas enormes massas planetárias que atraem a maioria dos asteroides que poderiam destruí-lo. Vivemos em um planeta que sofre incidência energética de uma estrela de baixa potência e se localiza em uma faixa de segurança orbital que permite o surgimento de elementos-carbono que se autodeterminam simbioticamente.
O impressionante é que tudo isso se explica por fórmulas matemáticas, sem que se saiba ao certo a origem da matriz – e com certeza, aí mora o mistério da fé divina.
Enquanto isso, no nosso minúsculo mundo dos humanos, quer-se firmar um “consenso científico” marcado pela arrogância no último grau da vaidade humana – determinando cumprir á nossa espécie ditar normas ao planeta terra.
Com para cada ação há uma reação, firma-se outro consenso… que nega até mesmo estar ocorrendo um ciclo de alterações radicais no clima – informando que o que hoje sofremos já ocorreu em ocasiões anteriores e não faz muito tempo.
É científico dizer-se que o consenso maior é que não há consenso – há conjecturas e refutações.
De fato, a ciência é um eterno aprendizado. Portanto, NINGUÉM aprende nada transformando constatações em dogmas.
O fato claro, absoluto, e estratigráfico, é que sequer há elementos para determinar em que era geológica estamos – se o holoceno pode ser denominado “antropoceno”, porque está patente que a geologia, a climatologia, a biologia e a física encontram-se sob ataque de uma ideologia globalista desgregadora que pretende determinar politicamente os rumos da ciência.
A retórica de gaia serve aos globalistas
Em segundo lugar, pode-se conjecturar que essa distorção holística em direção ao biocentrismo – responsabilizando a raça humana pelos males do planeta, como se fosse um vírus atacando a mãe terra, implica na adoção da nova “religião de gaia”, intrinsecamente anticientífica. Essa religião de gaia integra o rol de loucuras determinadas pelo globalismo. Ela envolve uma série de ansiedades existenciais e identitárias descontextualizadas – todas em busca de algum filósofo existencialista iluminado que as contextualize para além do veganismo, da sensibilização animal e da obsessão pela catástrofe.
Destaca-se nesse mesmo diapasão a ideologia de gênero, absolutamente anticientífica, que pretende negar a biologia para entender que o sexo (incluso aí a homossexualidade, que custou vidas até ser cientificamente admitida como geneticamente determinada), é fruto de uma opção racional e ocasional do indivíduo (seja ele um ser humano ou um animal irracional, admitindo-se inclusive o relacionamento entre espécies…). Isso é um retrocesso monstruoso e bestialógico, porém maquiado como forma de avanço comportamental. No mesmo sentido o caríssimo conceito de “pós humano”, com reflexo na vida dos direitos, que significa uma convergência geral dos organismos com as tecnologias, tornando-as indistinguíveis.
Há profunda conexão entre essas loucuras. Elas servem a um sistema de governança dissimuladamente totalitário, determinista, hegemônico e disruptivo. Impõem-se pela ditadura de opinião, intrínseca ao comando do politicamente correto. Dessa forma atual como uma camada anestésica comportamental, que esgarça o tecido social, destrói a soberania dos países e recobre com uma maquiagem verde a face profundamente desumana do globalismo.
Essa conexão deformante prega a injustiça moral como forma de compensação social – um mecanismo que reforça a exploração econômica dos grandes cartéis financeiros a pretexto de compensá-la. Isso é algo profundamente relacionado com a visão orwelliana do mundo, tomado pela novilíngua e pelo duplipensar. A ficção, escrita para denunciar a realidade, tornou-se inspiração para um método de retórica que hoje bombardeia corações e mentes de crianças ansiosas, jovens sem rumo e massas de cidadãos hipo suficientes.
Na mesma proporção que o radicalismo muçulmano se reproduz epistemologicamente mundo afora por meio das madrassas, o sistema globalista impõe sua fórmula conceitual desagregadora (chamada por muitos de “marxismo cultural”) por meio de um sistema integrado de educação que se apoderou e deturpou o construtivismo epistemológico.
Esse sistema também emprega descaradamente o método de propaganda organizado por Joseph Goebbels, focado no martelamento impiedoso, expresso e subliminar, de conceitos retóricos básicos, rasos e perfeitamente distorcidos, que é o que hoje se pratica na comunicação de massa e redes digitais.
Mas é só olhar acima no nível das águas turvas, e a realidade aparece cristalina.
Sem o verniz esquizofrênico, torna-se claro que o poder globalista e cartelizador concentra renda em proporções escandalosas, dispondo quantias bilionárias em mãos de poucos e conferindo a estes um poderio econômico como nunca antes houvera sido construído na história da humanidade.
O globalismo gerou bilhões de excluídos, originou milhões de segregados digitais e construiu um apartheid social alimentado por crises cada vez mais constantes. Uma verdadeira “Matrix”, que pretende manter os seres humanos adormecidos em suas conchas intelectuais e zonas de conforto, enquanto trata de lhes retirar o sangue, as energias, os sonhos e o futuro.
O mundo dos rancores e a morte da ciência
Há, por fim, um outro componente, relacionado à miséria humana de não reconhecer nunca os próprios erros, e insistir neles até a redenção do desastre.
A vaidade humana não permite que se observe a morte da ciência, patrocinada pelos globalistas em nome de um “consenso científico” por si só paradoxal. Afinal, consenso não é ciência.
Essa a razão dos ódios, das “esquerdices” emocionais, das “gretas”, “raonis”, IPCCs, demandas identitárias e ecologismos politicamente corretos de toda ordem, cujo condão foi impulsionar a venda de Rivotril, ampliar os índices de suicídio e destruir a reputação dos que ousaram pensar fora da caixa do politicamente correto e psicologicamente confortável.
Porém, como tudo na vida, até esse movimento imbecil necessita de simbiose, de tal forma que que a ordem da estupidez atrai estúpidos da ordem contrária. E por isso mesmo é que todos somos hoje obrigados a conviver com fantasmas redivivos, como os supremacistas branquelas, os carolas religiosos e papa-hóstias que pregam o fim dos tempos, os reacionários recalcitrantes, xenófobos e neo-nazistas, devidamente alinhados com quem ousou contestar a ordem globalista, a qual, por sua vez, atrai todo tipo de ressentidos, rancorosos, racialistas, sexistas e obcecados por causas identitárias, zumbis trotskistas, neo-stalinistas e comunistas de todos os matizes de vermelho, devidamente homogeneizados no liquidificador de conceitos rasos do politicamente correto.
Compreendam, há método nessa radicalização emocional. Dividindo eles nos governam.
Assim, o globalismo e sua pretensão disruptiva está destruindo a civilização humana em prol da ganância… e será consumido também por ela.
Espero que os otários – consumidores de toda essa salada mista de ideias e compromissos, compreendam.
Eu, um otário cônscio da necessidade de sempre aprender, já compreendi.
Notas:
1- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro – “Globalização e o Risco da Nova Ordem Mundial”, in Blog The Eagle View, 15Set2019, in https://www.theeagleview.com.br/2019/09/globalizacao-e-o-risco-da-nova-ordem.html
2- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “MUDANÇAS CLIMÁTICAS DE BIQUÍNI – O maior inimigo do IPCC – Painel Intergovernamental Para Mudanças Climáticas é a soberba …e a tentação de se tornar ‘fashion’ “, in Blog “The Eagle View”, visto em 12Dez2015, in http://www.theeagleview.com.br/2014/04/mudancas-climaticas-de-biquini.html
3- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “PERÍODO ANTROPOCENO ? SERIAM OS HUMANOS DEUSES OU DINOSSAUROS? – Por mais que possamos impactar a geomorfologia do planeta, ainda somos fruto das circunstâncias geológicas e climáticas e, não, protagonistas determinantes”, in Blog “TheEagleView”, visto em 12Dez.2015, in https://www.theeagleview.com.br/2013/02/periodo-antropoceno-seriam-os-humanos.html
4- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “MUDANÇAS CLIMÁTICAS: O ACORDO ‘TERMOSTATO’ DE PARIS – A ‘Diplomacia do Termostato’ do Acordo de Paris não resolve o problema crucial da mudança do clima no planeta”, in Blog “The Eagle View”, visto em 18Jun2019, in https://www.theeagleview.com.br/2015/12/mudancas-climaticas-o-acordo-termostato.html
5- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “É PRECISO MUDAR O CLIMA DA POLÍTICA DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS – Em meio ao naufrágio das negociações sobre o clima, o Brasil precisa reestruturar sua política e criar um sistema que gerencie o problema”, in Blog “Thee Eagle View”, visto em 18Jun2019, in https://www.theeagleview.com.br/2013/11/e-preciso-mudar-o-clima-da-politica-de.html
6- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “A CRISE NO MERCADO DE CARBONO – A Crise do REDD+ não é Equatoriana, é conceitual”, in Blog “The Eagle View”, visto em 18Jun2019, in https://www.theeagleview.com.br/2013/09/a-crise-no-mercado-de-carbono.html
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa – API. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View”.
Fonte: The Eagle View