Projeto capacita viveiros para entregar ao Rio 24 milhões de mudas de árvores antes das Olimpíadas
Quando foi escolhida para sediar as Olimpíadas de 2016, a cidade do Rio assumiu com o Comitê Olímpico compromisso de plantar 24 milhões de árvores. Os atuais viveiros fluminenses, sozinhos, não conseguirão dar conta do pedido. Portanto, mais do que um desafio, esta é uma oportunidade histórica para o surgimento de novos pequenos e médios produtores de mudas. Já para os viveiristas instalados, a demanda criada pelos Jogos Olímpicos poderá servir para alavancagem e ampliação de seus negócios.
Vislumbrando a possibilidade de profissionalizar todo um setor, o economista e consultor norte-americano William Dent, que quatro décadas atrás ajudou a implantar o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas), entrou em campo e começou a desenvolver um projeto piloto para capacitar viveiristas.
Dent, por meio de sua Natural Partners, uma ONG norte-americana que vem operando no Brasil, com parceiros brasileiros, desde 2003, aposta em viveiros florestais como negócios sustentáveis.
Ele conta que o primeiro passo dado para a implantação de uma rede capaz de fornecer mudas para a Cidade Maravilhosa foi diagnosticar a situação. As conclusões dos estudos iniciais não poderiam ser mais desanimadoras. Para sua surpresa, o economista descobriu que nenhum viveirista sabia o custo de seu produto.
“Qual o custo médio de produção de uma muda? Ou cem mil mudas? É uma coisa fundamental saber o retorno que atividade dá para o produtor rural ou ao pequeno empresário. Mas, nem isso estava muito claro”, diz Dent.
O projeto piloto hoje envolve 14 viveiros e foi organizado de maneira que metade deles seja produtor rural e o restante ONG’s e pequenas empresas. O piloto foi batizado de Projeto Pró-Viveiros.
O viveiro de referência do projeto fica no município de Silvio Jardim, no Estado do Rio, e é o maior empregador da cidade, gerando quase 200 empregos.
As aulas de capacitação foram divididas em duas frentes, uma gerencial/financeira, com foco no planejamento estratégico do negócio, e outra técnica, com o objetivo de agregar qualidade no produto e uniformidade na produção.
Segundo o economista, todos os que participam do projeto sentiam que estavam deficientes na área de controles financeiros e na parte de marketing.
“É muito fácil prever a produção. Eu posso com certeza produzir cem mil mudas e investir capital para alcançar essa meta. Mas, e como vender? Pra quem vender? Como me conectar com os grandes demandadores, como aquele grande complexo petrolífero que vai estar implantado lá no fundo da Baía de Guanabara?”, afirma Dent.
Dentro do setor de fornecimento de mudas, o Pró-Viveiros quer atuar ainda em outras oportunidades de negócios que estão se abrindo no Estado do Rio. “Muitas empresas trabalham com a compensação ambiental para cumprir a legislação. Temos que nos preparar para isso também”, de acordo com o consultor.
Um dos que deram apoio imediatamente à iniciativa de Dent foi a Fundação Citi, ligada ao Citibank, pelo fato de que esse é um programa que cumpre com os requisitos da nova Economia Verde.
“A nova economia verde é realmente geradora de muitas oportunidades. É questão de talvez começar a enxergar os recursos naturais de uma forma mais amigável”, acredita o incansável William Dent.