Esquerda e direita são dois abutres que não merecem o Brasil…
Por Marco Aurélio Arrais
O circo é aquele mesmo! Antigo, centenário, imoral, cínico, onde são exibidos palhaços canalhas, ladrões blindados, vagabundos engravatados, dirigentes vampirescos e outros monstros.
Duas equipes se revezam na apresentação do mesmo sórdido espetáculo. A equipe da esquerda é uma delas, a equipe da direita é a outra. Ambas se dizem “democráticas”. As duas afirmam, fingindo preocupação, “assegurar o estado democrático de direito” não se sabe a quem.
Ambas, por ignorância ou conveniência não se reportam à realidade da nossa formação. Nossos defeitos são oriundos de uma questão civilizatória, primária. Está muito distante de ser político-partidária, “de direita” ou “de esquerda”.
Para a trupe da esquerda, o cidadão é aquela massa que há cinco séculos está à espera de um “Redentor”, alguém que a enxergue e a ela faça justiça. A teoria é essa. Na prática isso não acontece, pois o povo é usado como massa de manobra, como fábrica de votos. Serve para dar apoio a alguns poucos “salvadores” que usam a estrutura do Estado em proveito próprio, distribuindo migalhas e devorando com voracidade os recursos oriundos dos impostos extorsivos, que cheiram a assalto, a pilhagem e a saque.
São como abutres que voejam sobre aquela carniça que é o povo miserável, a quem é negada a educação que liberta, a saúde que assegura a vida, o direito de comer tres vezes ao dia, a dignidade que separa o homem dos porcos e dos cães abandonados.
Para a trupe da direita, o cidadão é aquela massa que há séculos está à espera de um “Redentor”, alguém que a enxergue e a ela faça justiça. A teoria é essa. Na prática isso não acontece, pois o povo representa aquela população que produz riqueza para o benefício de uma elite descarada, cínica, egoísta e criminosa. Elite esta que enriquece cada vez mais mamando nas tetas dos BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal.
Elite sem méritos. Elite que prospera atrás dos arames que cercam milhões de alqueires improdutivos. Engordam seu bolsos saqueando o país através de licitações fraudulentas, posando como prostitutas de luxo nos bacanais dos conchavos das medidas provisórias compradas, nos jantares com senadores, deputados, ministros do judiciário e presidente da república onde entre garfadas, arrotos e gargalhadas, dividem o espólio da nação. Comportam-se como piratas que tomam de assalto o navio do povo (pobre nação brasileira) para depois, numa alegria furiosa, abjeta, nojenta, fazer a partilha do sangue, da vida, do destino desgraçado dessa massa sem importância.
São como abutres que voejam sobre aquela carniça que é o povo miserável, a quem à negada a educação que liberta, a saúde que assegura a vida, o direito de comer três vezes ao dia, a dignidade que separa o homem dos porcos e dos cães abandonados.
São, a direita e a esquerda, as faces de uma mesma moeda. A moeda que compra a impunidade, o foro privilegiado, o direito de pertencer a uma coorte de escolhidos e inatingíveis.
Recusam-se, ambas, a fazer parte desse povo mestiço, valente, sofrido e valoroso. Preferem esquecer que foi através desse povo que, no passado, nossas fronteiras foram alargadas na dimensão de um continente. Esse chão foi conquistado por pés descalços, ombros e torsos cobertos de cicatrizes oriundas das lutas contra a selva, contra as feras, contra as intempéries e selvagens que os combatiam como invasores.
O povo, o chamado povão, que recebe um salário chamado mínimo (já que como mínimo é enxergado) descende daquele alargador de horizontes.
É aquele espremido diariamente nos transportes coletivos, piores que os caminhões que carregam bois e porcos. É aquela denominada “ajudante” nas casas da elite, onde lhe é negado o título de “trabalhadora”. É aquele que leva para a obra uma precária marmita com poucas calorias, que se torna luxo quando vem com um ovo frito ou uma sardinha. É aquele do qual muita gente limpa e perfumada desvia e evita, pois é desagradável o cheiro de derramado no trabalho estafante e mal pago. É aquele que não frequenta os shopping centers limpos e iluminados, e muitas vezes é seguido ou barrado na entrada.
Mas que as duas faces dessa moeda maldita não se iludam. Sem a participação dessa patuléia semi-alfabetizada, feia, malcheirosa e desprezada, esse país chamado Brasil não irá a lugar algum. Essa imensa multidão chama-se NAÇÃO BRASILEIRA. Ela é a verdadeira dona desse país. Ela é a grande maioria que povoa e que tornou realidade este imenso território.
Se queremos um país livre, digno, respeitado e justo, este só poderá existir com a participação efetiva do seu povo. Sim, dessa grande maioria que é vista como massa de manobra e burro de carga. Como ralé miúda e segregada, tida como um animal do qual se retira o couro ininterruptamente mantendo-o vivo, como um Prometeu fantasmagórico.
“Ideólogos” de direita e esquerda sempre estarão distanciados da realidade do nosso povo. As duas faces dessa moeda maldita nunca chegarão à altura desse povo mestiço, solidário, corajoso e trabalhador.
Por enquanto, direitistas e esquerdistas têm se apossado do leme dessa grande nave denominada BRASIL, que é propositadamente mantida desgovernada.
Quando o dono dessa Nação, o POVO BRASILEIRO, decidir, serão ambos apeados.
Direitistas e esquerdistas! Não esperem dar as cartas nesse jogo viciado onde só vocês ganham!
Não enxerguem futuro nesse jogo de cartas no qual o povo brasileiro não passa de centavos lançados numa mesa de pano verde, manchada pelos fundos sujos dos copos onde vocês, jogadores malditos, bebem, entre apostas imorais, o sangue da Nação.
Marco Aurélio Arrais, natural de Goiânia, advogado (PUC-GO), contador de causos, é pesquisador da história do Brasil ou, como ele mesmo se denomina, “um curioso de nossa história”, cronista e escritor, é colunista do Portal Ambiente Legal.
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