Por Marco Aurélio Arrais
“O BRASIL É NOSSO! O BRASIL É NOSSO!” Com essa afirmação, um bandido “rebelado” no Rio Grande do Norte afirmava a realidade que as “otoridades” brasileiras tentam esconder.
Realmente, tudo indica que o país é governado por quem está dentro dos presídios. Os principais “partidos”, que dão as cartas, são os representantes do “Primeiro Comando da Capital”, com força total na região sul, principalmente em São Paulo; o “Comando Vermelho”, representando os interesses do Rio de Janeiro; “Família do Norte”, presente no Amazonas, Pará e adjacências.
Para conter o avanço destas quadrilhas nas outras regiões do país, vemos a emersão de outros grupos, criados no sentido de promover uma resistência a esse ataque contrário aos seus interesses e direitos como traficantes, assaltantes, estupradores, matadores de aluguel. Os inimigos são concorrentes impiedosos e pretendem tomar o que é deles por direito, conquistado que foi por décadas de confronto com a polícia, pelo pagamento de propinas polpudas a autoridades, além do alto custo cobrado pela omissão, conivência e cegueira conveniente de políticos cada vez mais famintos por compensações e apoios eleitorais.
Quem possui a obrigação de dar um fim a essa situação ilegítima, imoral, criminosa, que visa destruir as poucas estruturas que ainda restam no país, acovarda-se. A partir de um Presidente da República amedrontado e frouxo, passando por um Ministro da Justiça incompetente, com a inteligência de uma minhoca, representando um governo com a coragem de um cadáver.
Causa nojo os pronunciamentos governamentais. Autoridades que na busca de palavras para explanar o inexplanável, dão ao mesmo tempo estalinhos com os lábios, como se estivessem apreciando o sabor de suas mentiras.
Os membros do “Congresso Nacional”, propositadamente alheios a tudo, sempre escondidos atrás de seus mandatos e de seus interesses escusos, fingem que isso não é com eles. Jogam pedra e responsabilizam o governo petista que já não existe.
Fazem de conta que a situação foi originada no primeiro mandato de Lula e alimentada pelos anos do PT no comando do país. Claro que o PT tem a sua parcela de culpa, por ter sido omisso, incompetente, desleixado, incoerente e covarde.
Mas vamos esclarecer logo que o PMDB do Temer, do Quércia, do Fleury, além do PSDB do Alckmin, do Serra, do Aécio e dos outros tucanos, deram condições para a estruturação do PCC em São Paulo. E durante os muitos anos em que estão no poder, tornaram-se “vítimas” dos ataques de seu rebento, alimentado por omissões, incompetências, desleixos, incoerências e covardias.
No Rio de Janeiro, onde o Estado há muito foi derrotado nessa guerra suja, o Comando Vermelho dá as cartas, emite ordens e instruções com o nome de “salves”, e é obedecido por milhares de criminosos, por outros tantos policiais corrompidos, por vereadores, deputados, advogados, membros vendidos do judiciário, que assumiram seus “postos” na obrigação de servir, e servir bem, aos seus verdadeiros chefes. E isso vem desde a gestão do PDT de Brizola, continuando no PR do Garotinho, PMDB do Cabral e do Pezão e diversos outros partidos cúmplices.
As “ocupações” das favelas, apelidadas “comunidades” pelos politicamente (in)corretos, mostraram-se ineficientes, fadadas ao fracasso. É o denominado “enxugamento de gelo”, “extinção de incêndio com gasolina”. A situação é de guerra civil não reconhecida, onde o Estado é derrotado diariamente.
E os (des)mandantes do país fingem que a coisa não é com eles. Em vez de exercerem o poder para o que foram investidos e realizar as mudanças estruturais, legislativas e políticas que deem fim a essa realidade podre, resolvem lançar as Forças Armadas num confronto para o qual não foram criadas.
Forças Armadas, como é do desconhecimento de Temer, são instituições de combate, de confronto. Não servem para serviço de policiamento, detenção e varredura em presídios. Para isso já existem as polícias militar e civil. O problema é que estas estão desmoralizadas, sucateadas, despreparadas -em proposital processo de sucateamento.
Quando os primeiros moços fardados de verde começarem a cair, varados pelas balas do inimigo, tão ou mais bem armado que eles, quando for exposta a falta de “criatividade” do (des)governo, quando as palavras escolhidas e os estalinhos de língua mais uma vez não derem em nada, ficamos imaginando o que irão inventar.
Pode ser que a solução será unirem-se a uma das facções para destruir todas as outras. E essa facção já vitoriosa, parceira do partidos políticos associados, será premiada com sua conversão em partido político. Assim poderá, como membro do legislativo, regulamentar a importação legal e a produção nacional das drogas, o assalto recreativo a bancos, a decapitação nas praças públicas, o pagamento de propinas aos outros associados no congresso, e até lançar candidato para o cargo máximo do país.
Então as prisões serão insuficientes para conter os novos bandidos que surgirão. Para lá devem ser mandados o contingente das forças policiais transformadas em facções criminosas, os trabalhadores honestos, os pais e mães de família, os estudantes que insistem em querer aprender, todo e qualquer inocente e as pessoas de bem que optarem por contestar a NOVA ORDEM…
Marco Aurélio Arrais, natural de Goiânia, advogado (PUC-GO), é pesquisador da história do Brasil ou, como ele mesmo se denomina, “um curioso de nossa história”. Contista e cronista, ou “contador de causos”, é colunista do Portal Ambiente Legal.
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