Por Ana Alencar
Em julho de 2014, foi apresentado na ONU relatório elaborado pelo Instituto do Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais (Iddri, na sigla em francês) e pela Rede de Soluções do Desenvolvimento Sustentável (SDSN, na sigla em inglês), com a participação do economista Jeffrey Sachs. O relatório mostra que é possível a descarbonização do planeta até 2050.
O estudo, batizado de “Projeto de Caminho para a Descarbonização Profunda”, elaborado por institutos de pesquisa líderes em 15 países, foi entregue ao secretário-geral da ONU, Ban-Ki Moon. O trabalho apresenta cenários realmente ambiciosos com vistas à conferência do clima, que ocorrerá em 2015, na cidade de Paris.
O documento é resultado do trabalho de 15 equipes de pesquisadores, representando as 15 nações que mais emitem gases de efeito estufa – GEE: África do Sul, Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Japão, México, Reino Unido e Rússia.
O estudo mostra, também, quais passos os países devem adotar para chegar às metas acordadas internacionalmente, a fim de limitar o aumento global da temperatura a 2°C , variação medida a partir do início da Era Industrial.
A principal pergunta que norteou os componentes das equipes encarregadas do trabalho foi: “O que falta fazer para chegar a 2050 com chance de manter o crescimento da temperatura global em menos de 2 º C, emitindo no máximo 1,6 toneladas de carbono por segundo, em média, contra as 5,2 toneladas emitidas no mundo, hoje?”
Os pesquisadores traçaram três pilares para balizar a resposta:
– Aumento da eficiência e da responsabilidade no consumo de energia;
– Descarbonização do setor elétrico, com investimentos em fontes renováveis, energia nuclear e tecnologias de sequestro de carbono;
– Desenvolvimento de biocombustíveis, veículos elétricos, células de hidrogênio e outras tecnologias que reduzam as emissões do setor de transportes.
Como os países participantes tem prioridades e particularidades específicas, as respostas foram diferentes, embora os pilares sejam comuns.
A China, país altamente industrializado e dependente do carvão, optou por desenhar um caminho de modernização do parque fabril, com a implementação de tecnologia de captura e armazenamento de carbono.
A Indonésia, cujas emissões vêm principalmente do desmatamento e das queimadas, propôs uma melhor gestão do uso da terra e o manejo sustentável das florestas.
Os pesquisadores indonésios relataram que há grandes áreas degradadas que podem ser recuperadas para atividades econômicas ou para o plantio de culturas para biocombustíveis, reduzindo a pressão sobre a floresta em pé.
Os Estados Unidos sinalizam com programas de eficiência energética e de padrões tecnologicamente mais altos nos combustíveis, de forma a reduzir a poluição provocada pela sua queima..
A África do Sul pretende investir em eficiência energética na indústria, nos veículos elétricos e nos biocombustíveis.
Os relatórios do Brasil, da Alemanha e do México ainda não foram apresentados. Em nosso país, os trabalhos estão sendo coordenados pelo professor Emílio La Rovere, do Coppe/UFRJ. As atividades têm a participação da SDSN Brasil, lançado em março de 2014, com o apoio de várias organizações.
Conclusões
Os especialistas concluíram que:
– De todos os setores estudados, os dois que apresentam mais desafios para uma profunda descarbonização são o de transporte de carga e o de processos industriais, que ainda precisam ser aprofundados;
– Essa descarbonização profunda depende, em larga escala, da capacidade de entrega nos próximos anos de novas tecnologias de baixo carbono que ainda estão em desenvolvimento. Algumas tecnologias em áreas-chave, como armazenamento de energia, ainda precisam de desenvolvimento.
A conclusão mais importante é que sem um compromisso de longo prazo – até 2050 – os países não conseguirão firmar acordos de curto e médio prazos, indispensáveis para que a humanidade chegue ao meio do século sem atingir os 2oC de aumento na temperatura do planeta. Isso significa limitar as emissões a 1.000 GtCO2 (gigatoneladas de gás carbônico), até o final do século XXI, condição para termos dois terços de chance de mantermos o aquecimento global em até 2º C em 2100.
Fontes:
http://www3.ethos.org.br/cedoc/e-possivel-descarbonizar-o-planeta-ate-2050/#.U9WbUfldVu6
http://www.ecycle.com.br/component/content/article/38/2491-relatorio-da-onu-mostra-que-qdescarbonizacaoq-e-possivel.html
Adorei o artigo,Ana, objetivo e sempre oportuno.