Brinquedos Estrela anuncia unidade no Paraguai e ações disparam na Bolsa. Produtos substituirão os importados da China…
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Segundo a Revista Exame, as ações preferenciais da fabricante de brinquedos Estrela — que hoje são cotadas por menos de 1 real cada uma — subiram quase 25% na terça-feira de 20 de setembro, na Bolsa.
O motivo foi o anúncio, por meio de fato relevante, da constituição da Estrella del Paraguay, pelo acionista controlador e seu diretor de marketing. A nova unidade, em Assunção, passará a fornecer brinquedos para a Estrela e para outras companhias na América do Sul, substituindo exportações da China.
A Estrela já havia nadado contra a corrente, ao manter fábricas no Brasil, quando todos os concorrentes tratavam de terceirizar a produção em unidades chinesas. Agora, com a reviravolta no câmbio, a empresa sai na frente ao ampliar negócios com o Paraguai. A reviravolta cambial, que encareceu os custos dos fornecedores chineses, acabou justificando a insistência no Brasil e o apoio ao processo de industrialização de ponta no Paraguai.
O Brasil perde, hoje, em competitividade para o País vizinho, por conta da sua impressionante burocracia, pelo descontrole territorial dos governos das unidades da federação, pela incrível falta de compromisso de seus organismos de controle com os interesses nacionais (Ministério Público e Agências Ambientais retiram qualquer expectativa de segurança para qualquer investimento industrial) e, também, por conta da falta de coragem em fazer a desoneração tributária. “O governo deveria ter a coragem de reduzir a carga, como parte do ajuste da economia”, diz o presidente da Estrela, Tilkian, que reivindica uma nova política de desenvolvimento industrial no Brasil. “Quanto menor a tributação, maior a atividade econômica e, em consequência, a arrecadação.”
Além do fato de integrar o Mercosul – o que zera a tributação das exportações para o Brasil, o Paraguai possui uma enxuta, clara, objetiva e segura política tributária, absolutamente acorde com as exigências de previsibilidade necessárias para um correto planejamento econômico para unidades industriais.
Recentemente, o Paraguai instalou novas zonas industriais, empreendimentos público-privados de largo interesse para investidores.
A Zona industrial localizada no Estado do Alto Paraná, por exemplo, é composta por 21 indústrias já instaladas e quatro indústrias em construção, correspondente a uma área de 4.000 hectares, situada próxima à represa e a Usina de Itaipu, Além de possuir ampla reserva florestal, a região oferece excelentes condições aéreas, terrestres e fluviais, com três aeroportos a menos de meia hora da região. Ademais, há um projeto para construção de outra usina hidrelétrica com uma subestação destinada exclusivamente às industrias da Zona.
As indústrias da Zona Industrial representam diversos setores, sendo seus principais produtos: sementes, farinha, grãos, calcário granulado, levedura de cana-de-açúcar, resíduos vegetais de hortaliças, manutenção de material propagativo, entre outros.
Cerca de 95% das empresas presentes na Zona Industrial são brasileiras, em sua maioria voltada à produção de soja e a pecuária. Devido ao grande número de empresas brasileiras presentes na Zona Industrial, 80% da mão de obra da área é brasileira.
O Paraguai busca investimentos estrangeiros para a ampliação de sua Zona Industrial e, para isso, há incentivos a empresas que desejem instalar fábricas em seu território, como a redução da carga tributária sobre a produção nacional, bem como projetos logísticos que visam à redução do custo do frete para os produtos da Zona Industrial.
Para os representantes da Estrela, “o Paraguai pode virar uma nova China, com a diferença de ser vizinho do Brasil.”
Eles não estão sozinhos.
Pelo visto, a China pode estar logo ali, na margem esquerda do Rio Paraná…