Por Cristiano Faé Vallejo
O pós-vendas da indústria tem se tornado fator de vantagem competitiva há um bom tempo. Garantias estendidas, revisões com preço fixo e comparação de despesas acessórias já são levadas em consideração quando do ato da compra. O comportamento já era adotado pela indústria há muito tempo, que analisava o “TCO – Total Cost of Ownership” – de forma mais sofisticada ainda, contemplando não só o custo de aquisição, como depreciação, consumo de energia, custos tributários, depreciação e também de disposição final.
Nas compras da indústria, o “total life cost” e “life total cycle” são calculados detalhadamente de forma a maximizar a remuneração do acionista. O consumidor final, desde a estabilização inflacionária, começou a comparar os produtos concorrentes – sem a mesma sofisticação – mas de forma crescente e considerando cada vez mais variáveis.
A PNRS, que entre suas medidas preconiza a Logística Reversa, traz novas variáveis para esta equação. As cadeias que já formalizaram procedimentos no âmbito do CONAMA – pneus, óleos lubrificantes, baterias automotivas e embalagens de defensivos agrícolas – tem a responsabilidade primária dos fabricantes como pedra de toque, com o custo da operação arcado integralmente por estes. As cadeias econômicas que iniciarão operações no âmbito da nova legislação operarão com a responsabilidade compartilhada e encadeada entre todos os atores. Uma das alternativas de financiamento para o novo processo é a cobrança de taxa visível e destacada de impostos, leia-se, fora da base de cálculo tributário.
Os eletroeletrônicos, lâmpadas e medicamentos teriam explicitado o seu preço e o seu custo para a destinação ambientalmente, separadamente. Se esta alternativa de financiamento for levada adiante, a equação de compra levará em conta a sustentabilidade ambiental do produto, os consumidores deverão aumentar a percepção de valor para o atributo compatibilidade ambiental.
A inovação implicará em atender, como condição precedente, às variáveis ambientais: Facilidade para desmontagem – design for disassembly –, “Eco design”, tamanho, durabilidade, custo de manutenção e operação, que serão rigidamente observados para não onerar o preço total de aquisição (Produto + Logística Reversa). Este, sim, o atributo com maior percepção de valor por parte dos consumidores aqui e no exterior.
Neste novo contexto, P&D – Pesquisa e Desenvolvimento – terá papel primordial na manutenção da vantagem competitiva das empresas, com o desafio de manter produtos baratos, eficientes e que, finda a sua vida útil, sejam fáceis de retornar e reciclar, preferencialmente que ainda permitam reutilização de matérias primas recicladas em ciclos de vida anteriores. Custos que estavam fora do radar entrarão nas planilhas. O “custo da porteira para fora” será observado com lupa.
A manutenção dos custos da Logística Reversa em valores baixos será fator de diferenciação comercial entre os fabricantes, levando em conta inovações no chão de fábrica, alterações nas suas linhas, tecnologias, materiais, ciclo de vida e na operação reversa propriamente dita, leia-se, soluções que barateiem o processo reverso.
Esta é a nova demanda para P&D: os produtos terão que provar ser competitivos após a morte. Os produtos do futuro deverão ser econômicos como Quincas Berro d´Água. Até o caixão dispensou para melhor ocasião.
Cristiano Faé Vallejo, administrador público, professor do Inbrasc – Instituto Brasileiro de Supply Chain – e da Universidade Corporativa Fenabrave. Secretário Executivo do INRE – Instituto Nacional de Resíduos.
Ola Cristiano, esclarecedor esse artigo, os custos vao aumentar para garantir a viabilidade operacional da logística reversa, e a taxa, se ela realmente existir, terá que ser muito bem calculada, e os olhos dos administradores se voltarão para as famigeradas planilhas de custos.
att
Sergio Câmara
Senhores, a intenção de ” alguns ” para o sucesso deste processo deverá ser maior que a preocupação da ” idéia ” do aumento de custos para a garantia operacional da logística reversa, estamos prematuros porém saudáveis para executarmos toda esta cadeia, inclusive se tivermos o total apoio governamental evidente nos incentivos fiscais às empresas participantes.
Atenciosamente.