Pesquisadores de diversas as áreas por todo o mundo buscam meios para tratar e combater o câncer. Sintéticas ou naturais, são diversas as substâncias pesquisadas.
O biólogo brasileiro Leonardo José da Silva, orientado pelo pesquisador Itamar Soares de Melo, da Embrapa, fez uma descoberta em seu doutorado, pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq – USP), em Piracicaba, no interior de SP.
Nas raízes da gramínea Deschampsia antarctica, endêmica do continente antártico, Leonardo encontrou actinobactérias (bactérias de organização filamentosa que se assemelham aos fungos por produzir esporos). As amostras foram coletadas no ano de 2014 na Ilha do Rei George, onde o Brasil possui uma base de pesquisa.
Essas actinobactérias produzem substâncias anticancerígenas. Ou seja, é possível isolar essas substâncias e utilizá-las farmacologicamente contra o câncer e tumores. A pesquisa também apresenta bons resultados para a agronomia, pois essas bactérias ajudam ainda a inibir os efeitos da bactéria fitopatogênica Agrobacterium, responsável por tumores em plantas e difícil controle.
No total, foram 30 linhagens selecionadas. Cada uma delas age de uma forma. A Streptomyces sp. CMAA 1527, por exemplo, produz substâncias que inibem a proliferação de células tumorais de mama, pulmão, rim e sistema nervoso central.
Cerca de 60% das substâncias aprovadas para o uso contra o câncer nas últimas décadas são obtidas a partir de microrganismos. Esse tipo de substância é, portanto, bastante promissor.
Segundo o pesquisador, “os próximos estágios são ensaios in vivo (com animais), modificações estruturais para manter sua atividade e evitar efeitos danosos em células não doentes, testes da dosagem ideal e do encapsulamento das substâncias e, por fim, os ensaios em seres humanos”.
Referências:
BERNARDES, Júlio. “Bactérias da Antártida produzem compostos com ação anticâncer”; Jornal da USP. Acesso em: 18 out. 2018.
Embrapa. “Bactérias da Antártica produzem substâncias anticancerígenas”. Acesso em: 18 out. 2018.
Por Felipe Miranda
Fonte: Ciencianautas