Sem eles seu programa não decolará jamais
Por Helcio Vieira
Quem há tempos pensa em fazer um programa para televisão esbarra nos preços absurdos das chamadas TVs abertas que as igrejas pagam.
Por isso, nos últimos anos ninguém quer fazer um piloto de sua criação audiovisual. Fizemos muitos no passado e esse mercado parecia que tinha acabado.
Quem visitar um diretor comercial ou de programação de qualquer emissora verá na estante, atrás da mesa de seu anfitrião, diversas mídias que na maioria das vezes ninguém assistiu.
De uns tempos para cá paramos de fazer pilotos. As opções nas emissoras ficaram raras, as igrejas e o televendas ocupam tentativas como o “Perdidos na Noite” ou o próprio Luciano Hulk – os dois vindos praticamente do mesmo criadouro: as madrugadas na TV Gazeta/SP e CNT Gazeta.
Já tinha vontade de escrever este texto e aí, conversando com um amigo, ele me pediu para colocá-lo no papel.
Na semana passada fui a um seminário realizado pela Associação Brasileira de Produção de Obras Audiovisuais – APRO, a qual, apoiada pela Associação Brasileira de Produtores de Televisão, fará um curso intensivo para habilitar 50 profissionais nas novas diretrizes que permearão a lei do Audiovisual e as posturas das produtoras junto à Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual – ANCINE no preenchimento dos requisitos para a aprovação nos editais que fomentarão o setor nos próximos anos pela Lei n. 12.485, bem como os incentivos que ela trará às produtoras Brasil afora.
Melhor ainda: fiquei sabendo que a televisão – que muitos disseram que acabaria – será a “nova vedete”, já com sua roupagem nova onde o conteúdo é a bola da vez e o agregador de valor.
Basta os pequenos aprenderem a lidar com as mazelas que a lei nos pregará e fazer a lição de casa junto aos principais interlocutores que administram a informação, conhecendo-as profissionalmente.
Seus principais atributos são:
– Desenvolvimento didático e formatação de conteúdo;
– Mapeamento do mercado;
– Prospecção de novas oportunidades; e
– Capacitação.
Aí vem os infortúnios: o aprendizado pelos mais seniores das novas ferramentas e a falta de experiência dos jovens aspirantes a ocupar lugares nessa nova etapa de quem parecia ter perdido para o computador sua liderança absoluta.
Nesse Curso de Capacitação e Formação Empresarial serão abordados os seguintes temas: Gestão Empresarial, Legislação, Distribuição, Inovação e Oficinas Transmídia.
Para que os não muito familiarizados entendam melhor, em 2018 estaremos perto de 32 milhões de domicílios com TV paga, ou melhor, praticamente metade da população: 128 milhões de telespectadores no Brasil.
Logo a teremos interativa e não mais passiva como a conhecemos, boa parte construída por ideias de terceiros e dos próprios consumidores não mais da verticalização do nosso modelo: produzir, veicular e comercializar em um único lugar.
Entram em cena novos e diversos cargos, muitos ainda com suas titulações em inglês nas conversas e palestras sobre o setor, todos já com suas traduções e remunerações tabeladas por seus sindicatos e associações.
É um mundo totalmente tecnológico misturado à informação e à dramaturgia continuadas, como já definia Nelson Rodrigues nas crônicas “da vida como ela é”.
O on-line e as novas gerações vêm aí com olhos no celular e não mais na televisão – como eu pensava dias atrás. Mesmo com todo esse panorama, produzir conteúdo terá na telinha seu melhor distribuidor, não importando mais como ela será.
Não podemos reclamar; afinal, fomos assim com nossos antecessores: quando chegou a televisão, falamos que o rádio teria seu fim, ou, anterior a isso, que mataria o jornal.
Até agora nem o homem do carro de som perdeu seu espaço; portanto, quem não mostrar serviço ou seu piloto certamente não encontrará seu lugar ao sol nesse mundo que muda a cada segundo sem nos avisar.
HELCIO VIEIRA é Publicitário, mestre em Comunicação Audiovisual pela Universidade Anhembi Morumbi . Atuou nas funções de marketing , publicidade, pesquisa de mídia e mercado e produção de programas de TV . Dirigiu o departamento comercial e marketing de diversos veículos, jornais, revista, TV Aberta e paga, sinal digital e redes sociais. Desde 2002 tem seu foco nas novas plataformas de mídias audiovisuais e na produção de conteúdos para TV com base na lei 12 485 e seus meios de incentivos. Trabalhou na TV Globo , Bandeirantes , Gazeta SP , Edirora Globo , Revista America Economia , Bloomberg TV e foi arrendatário daTV Salvador.