85 escritores das cinco regiões do Brasil se reuniram, pelo Facebook , para produzir um livro de poesias, empolgante e envolvente, o “Vozes de Uma Alma”.
Ambiente Legal apoia o projeto e publica, semanalmente, a produção literária do grupo.
O sopro n’alma
Todas as minhas palavras são como vento
Que chegam de repente e também se vão
Mas não sem antes te fazer sentir o tempo
Quando as ouve vens e me chamas de ilusão
Creio que seja porque estais agora surdo
Para o que eu trago em minha experiência
E as palavras que ao teu ouvido sussurro
São carregadas de dolorosa eloquência
Mas não te preocupes, pois não venho em vão
Não trago uma navalha para abrir-te a carne
Nem trago uma estaca para enfiar-te no coração
Sou apenas vento que por hora tua face varre
Enviado por alguém que há muito é teu irmão
E me pediu que a tua alma eu “assopraaaaasse”
Leonardo Pharias
Campina Grande/PB
Meio ambiente
Queria o entender por inteiro
Tenho lido muito a respeito
Precisamos respeitar seus direitos
Cuidar e amamentar seus leitos
Apagar tudo e renovar suas fontes
Propagar o medo nos erros feitos
Mostrar que sem ele não seremos
Nem mesmo viveremos sem tê-lo
Sustentá-lo é nosso compromisso
Criar regras e fazê-las cumpridas
Levantar a bandeira ou perdê-lo
Entender não há vida sem protegê-lo.
Helcio Vieira
São Paulo /SP
Minha vida virou garagem
“há um aperto no ônibus, nos prédios, nas casas, na vida, no peito.
há um desespero escondido entre laços, nas ruas, nos (des)apegos…
(minha vida virou garagem!)
eu não sei em qual esquina te levo,
ou se paro,
ou se te estaciono,
ou se interrompo tuas dores e dos teus prantos faço bolo, Helena…
minha vida virou garagem,
estacionamento barato,
vida de fuga,
ladrão de Copacabana.
as horas passam
em meio tempo
e o som da cinza do cigarro
que cai no chão
faz-me cócegas
e
meus ouvidos coçam
só de ouvir de longe
tua alegria incompleta.
Renato Silva
Moreno/PE
Borboleta Mulher
Você
Como um casulo meio sem graça
Se aninhou em meu peito,
E ficou como quem nada quer
Contando os sóis
Contando as luas,
E foi-se desenvolvendo.
Criou cores, despertou amores
Em movimentos sedutores
Alcançou os céus.
Num suave farfalhar de asas
Meu coração se estremece,
Inebriado de paixão.
É você, linda borboleta!
Que enfeitiçou meus sentidos
Surpreendendo a minha alma
Borboleta-mulher.
Vejo-me amando um ser
Encantado que não sei direito
Como tratar.
Prender…,
guardar só pra mim,
É a primeira vontade egoística
Que desponta.
Mas você é livre,
Se prendo morrerá
Se solto voltará?
Você é forte que suporta o vento
E engana a tempestade.
Mas é tão frágil
Que se desmancha ao ar
Num leve tocar.
Ah! Borboleta travessa
Que não se cansa
De borboletear.
Daniel Mauricio
Curitiba/PR
CONTÉM E ESTÁ CONTIDO
Numa grande e complexa gama de dificuldades está a facilidade de simplesmente SER.
Na impropriedade do desconhecimento está o fascínio do autodidática.
Na alegria do colorido do arco-íris está o inalcançável.
No brilho do ouro mais puro está a impenetrabilidade do cofre que o cerra.
Na frescura do vento mais suave está a frieza da brisa.
Na doçura do chocolate almejado está a náusea do abuso. Na infinitude da reta está a tortura do caminho.
Na objetividade do hoje está a inevitabilidade do ontem e a subjetividade do amanhã.
Na pureza da flor está o néctar do mel doce e também a dor do ferrão da abelha.
Na incontestabilidade do passar das horas está a cronometragem dos compromissos.
Na imensidão do mar aberto está a delicadeza dos mini cristais de sal.
Na geometria do círculo está a inexistência do fim.
Na irresolução dos propósitos está a curiosidade dos meios.
Na putrefação da carne está o início da vida, pelo menos do micróbio.
No tardar da noite está o início da iluminação, pelo menos da lua.
Nas incongruências dos rumos que as oportunidades tomam está a transparência da opção.
No amarelado do tempo está o azul da boa lembrança e o negro do arrependimento.
Na transparência do tule está a opacidade do moral.
No grito alto está o argumento fraco.
Na violência está a falta de coragem.
Na paz está a trégua; na trégua está a luta; na luta está a força; e na força está a paz, finalmente.
O belo tem feiúra; o bem, maldade; o rude, vaidade; quem não consegue tem vontade.
Tudo o que é vivo morrerá.
No vaivém dos antagonismos do mundo estão as próprias certezas da vida.
Contém e está contido.
O certo é o incerto e a vida é a vida.
Sabrina Dalbelo
Porto Alegre/RS
Para saber mais sobre o projeto, acesse o link: https://www.facebook.com/groups/poesiasescolhidas/?ref=ts&fref=ts