Poesias Escolhidas: Vozes de Uma Alma – parte IV

85 escritores das cinco regiões do Brasil se reuniram, pelo Facebook , para produzir um livro de poesias, empolgante e envolvente, o “Vozes de Uma Alma”.
Ambiente Legal apoia o projeto e publica, semanalmente, a produção literária do grupo.

SER PARADOXAL

Sou ser-sentido-sentimento?

Em mim a dúvida grita…
Ao sentir, sinto mesmo!
Dualidades complexas,
Pressinto ou minto?
Engano ou profano?
Convenço ou venço?
Perplexo ou desconexo?
Amo ou tramo?
Tristeza ou alegria?
A lágrima desconfia…
Paradoxo ambulante
Constantemente, inconstante
Confesso e nego!
Angústia e liberdade
Expressão e confusão
Na verdade sou
Sim e não!

Rita Ramos
Guarapuava/PR

QUAL MOMENTO?

Quando será o momento,
Em que nos sentimos
Totalmente libertos,

De ações pré assumidas
E afetos reunidos?
Se vasculho e pergunto
Só tenho um intuíto

Entender tanta gente
Vegetando aqui
Parecendo estar noutro mundo.
Só uma coisa ficou clara,
Minha ignorância no assunto.

 
Tânia Kvalknt
Porto Alegre/RS

Nessa vida de metades
Hora outra uma me invade
E como resultado
Com um tempo
Outra já vem
Rouba o espaço
Pois mesmo sendo metades
E não um todo
Cada uma, espaçosa
Ocupa, majestosa
A integridade do ser

Pois se metade dessa vida for amor
A outra será vazia
Se metade é solidão
Outra é companhia

Se metade dessa vida for paz
A outra será inquietude
Se metade é calma
Outra é atitude

Se metade dessa vida for medo
A outra será coragem
Se metade é desleixo
Outra é vaidade

Se metade se atrapalha
A outra é destreza
Se metade dessa vida for alegria
A outra é tristeza

Se metade dessa vida for improviso
A outra será tática
Se metade for cardíaca
A outra deve ser, por excelência, hepática.

Logo não há amor sem antes não haver reflexão no vazio silêncio
E assim não há companhia sem antes ter estado na solidão sem alento
Não há paz sem que antes busques inquietamente uma forma de tê-la
Do mesmo modo não terás calma, caso não tenhas a atitude de buscá-la
Não há coragem, sem antes o medo de saber do que se trata o desconhecido
Antes foste desleixado, há de ser em um momento belo, vistoso, um encontrado merecido
Se muito dá errado, há de experimentar a técnica e adquirir proeza
Para ser feliz, há de passares por muitas dificuldades, sofrimentos de tristeza
Se muito não se apega aos detalhes, em algum momento deverás buscar perfeição com tática

E para suportar tudo isso, meu amigo…
Há de teres um bom coração
Que, em algum momento,
sofrido e carregado,
Deverá namorar arretado
um bom fígado, por atração
E esse que sem medo,
Deverá resistir represo
As lágrimas engolidas
Junto a copos de bebida destilada

E há ainda tantas metades
Que dessa vida fazem uma surpresa
Que eu, tal qual, inábil poeta
Não sou capaz de descrever tamanha beleza

Andre Resende
Chapadinha/MA

VIDA E MORTE
(pitoresco cordel)

Uma coisa que não se deseja
é fazer da vida
semente que não vinga
pouco encontro e muita despedida
muita certeza e pouco improviso
pouca coisa inteira e muito dividida.
Outra coisa que não se deseja
é fazer da morte
lembrança sempre presente
Conter no prazer um corte
Alma penada rondando
os traçados de nossa sorte.
Caros amigos
esendo tão breve esta vida
e sendo tão viva a morte
não andamos demais distraídos?

Marcelo Steponkevicius
São Paulo/SP

MEU LUAR

A lua me vestiu de seda pura

Beijou minha fronte e partiu
Deixando seus mais doces segredos

Escarnados em mim.
Na noite voluptuosa
As estrelas cintilantes
todas curiosas
queriam saber: de onde vem o brilho da lua?
Em silêncio fiquei sem responder
A magia que cerca uma noite de luar
Só os amantes podem dizer.

Ione Carla
Salvador/BA