A Fundação SOS Mata Atlântica realizou na manhã de 22/3, Dia Mundial da Água, mobilização em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, para chamar a atenção da sociedade e autoridades para a importância da água na agenda estratégica brasileira e da necessidade do desenvolvimento de políticas públicas que impactem na gestão da água.
No ato Água Limpa Para Todos, a organização montou o “privadão”, uma instalação de 12 metros de altura que simboliza a ausência de instrumentos eficazes de planejamento, gestão e governança da água, sobretudo a falta de saneamento ambiental. Voluntários da Fundação ergueram cartazes e estenderam pelo gramado do Congresso uma bandeira de 750 m2, enquanto entoavam mensagens como “Saneamento Já!” e “Sem Floresta não há Água”.
Segundo dados do Ministério das Cidades/SNIS e Instituto Trata Brasil, apenas 44% do esgoto gerado são tratados no país e cerca de 35 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água tratada.
“Precisamos excluir da legislação brasileira os rios de classe 4”, afirmou o Diretor de Políticas Públicas da Fundação, Mario Mantovani, durante o ato. A classe 4, na prática, permite a existência de rios mortos, por ser extremamente permissiva em relação a poluentes – o que mantém muitos rios em condição de qualidade péssima ou ruim, indisponíveis para uso.
Apenas 4% de 294 pontos monitorados em rios da Mata Atlântica têm qualidade boa. Os resultados são do estudo “Observando os Rios 2018: o retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica”, lançado em 21/3 pela Fundação SOS Mata Atlântica no Fórum Mundial da Água.
O levantamento apresenta um panorama sobre a qualidade da água de 230 rios, córregos e lagos do bioma. Apenas 4,1% (12) dos 294 pontos de coleta avaliados possuem qualidade de água boa, enquanto 75,5% (222) estão em situação regular e 20,4% (60) com qualidade ruim ou péssima. Isso significa que em 96% dos pontos monitorados a qualidade da água não é boa e está longe do que a sociedade quer para os rios. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo.
O estudo foi realizado em 102 municípios dos 17 estados da Mata Atlântica, além do Distrito Federal, entre março de 2017 e fevereiro de 2018.
“Esse retrato da qualidade da água é fruto da maior rede de monitoramento participativo em atividade no país”, ressaltou o empresário Pedro Luiz Passos, presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, durante o lançamento do relatório.
Isso porque os dados foram obtidos por meio de coletas e análises mensais de água realizadas por 3,5 mil voluntários do programa “Observando os Rios”, com supervisão técnica da Fundação SOS Mata Atlântica. O projeto tem patrocínio da Ypê e Coca-Cola Brasil e o estudo completo, com a lista dos rios avaliados, está disponível em: http://bit.ly/2DmdBJH.
“O modelo de monitoramento em uso na Mata Atlântica é sem dúvida replicável para outros países da América Latina”, avaliou Hugo Florez Timoran, representante no Brasil do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) durante o evento.
Também participaram da apresentação dos dados de monitoramento representantes do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Chico Mendes, do Setor Privado e das frentes parlamentares ambientalistas Federal, dos Estados e dos Municípios.
Sobre o Observando os Rios
O programa surgiu em 1991, com uma campanha que reuniu 1,2 milhão de assinaturas em prol da recuperação do Rio Tietê e originou o primeiro projeto de monitoramento da qualidade da água por voluntários, o “Observando o Tietê”. Para agregar outras bacias hidrográficas, a iniciativa foi ampliada e passou a se chamar “Observando os Rios”. Nessa fase, com o patrocínio da Ypê e Coca-Cola Brasil, o projeto conta com 3,5 mil voluntários que monitoram 230 rios nos 17 estados da Mata Atlântica 17 estados do bioma Mata Atlântica – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo –, e Distrito Federal.
Fonte: SOSMA