Por Eduardo Rolim*
“A queimada! A queimada é uma fornalha!
A irara – pula; o cascavel – chocalha…
Raiva espuma o tapir!
…E às vezes sobre o cume de um rochedo,
A corça e o tigre – náufragos do medo –
Vão trêmulos se unir! ”
Castro Alves – Século XIX.
A imensidão da tragédia, descrita pelo nosso poeta maior, já era conhecida desde o início da colonização. Fenômeno espontâneo em todas as florestas do mundo é de extrema dificuldade na sua contenção. Recentemente na Flórida, todos os recursos e tecnologia disponíveis pelo país mais rico do mundo não foram suficientes para conter o avanço avassalador do incêndio florestal que atingiu zonas urbanas, destruindo casas e produzindo terror e mortes. Tudo isso em zonas densamente povoadas, com pistas para reabastecimento dos aviões com toneladas de água!
Ao tempo do descobrimento do Brasil os portugueses já encontraram as “coivaras”, recurso utilizado pelos indígenas na preparação de suas lavouras.
A floresta tropical da Amazônia, úmida e alagadiça, é de difícil combustão. Somente em épocas de seca prolongada é que surgem pontos de incêndio disseminados por todo o território. Seriam espontâneos? Os fatos estão nos mostrando que não. O período das secas favorece às regiões desmatadas realizarem suas “coivaras” para adaptação do solo a outras culturas. Esses procedimentos têm duas faces: o desmatamento legal, regulado por lei ambiental que permite as derrubadas em até 20% das propriedades, obrigando o conservacionismo nas áreas restantes e o desmatamento ilegal, o maior responsável pelas queimadas atuais. A disseminação desses procedimentos criminosos atende aos interesses do tráfico de madeiras que são exportadas ilegalmente e sem que a fiscalização possa conter.
Temos visto pela televisão cenas chocantes de caminhões com enormes toras sendo retiradas da mata e comboios enormes de balsas descendo os rios da Amazônia demandando portos para seu transporte a outros países. Da mesma maneira que o tráfego de drogas, a par da clandestinidade, exige a demanda do consumidor. Esse é o grande mantenedor da ilegalidade, responsável pelo custeio e corrupção que a atividade propicia.
Nesse momento de escândalo universal que pressiona o governo brasileiro a tomar atitudes urgentes na contenção das queimadas, não se fala do contrabando mantido pelos países que consomem nossas madeiras! Quem são eles? É preciso que sejam identificados para que o mundo tome ciência da incoerência e desonestidade desses países que se propõem a ajudar no combate aos incêndios que eles mesmo produzem. É o caso de mandar matar e vir chorar no enterro! Além do desflorestamento que incentivam há interesses escusos e muito mais importantes nessas atividades: os recursos do subsolo, que pertencem ao povo brasileiro e que são retirados clandestinamente, obedecendo a interesses internacionais de espoliação do Brasil. A tudo isso devemos acudir, identificando os criminosos dentro e fora das nossas fronteiras que agora passam a ser defendidas pelo Exército Brasileiro, consciente de suas responsabilidades.
A vastidão do território não permite uma vigilância 100% eficaz, mas para isso temos a possível cooperação dos povos da floresta que atraídos pela civilização e incorporados à brasilidade, poderão contribuir decisivamente para esse controle. A política indigenista até agora praticada, de isolacionismo e demarcação de territórios, incentivada pelos interesses alienígenas que apregoam a internacionalização da Amazônia e infiltram ONGS que manipulam os povos indígenas, já está sendo substituída pela incorporação dessas nações à modernidade e à tecnologia que trará uma qualidade de vida até agora negada pelos traidores da pátria e pelo falso humanismo que apregoam; entidades estrangeiras disfarçadas em colaboradores, que se utilizam até das religiões para ocultarem o seu catecismo.
*Eduardo Rolim, médico e professor de medicina aposentado da UFSM, ex diretor do hospital universitário e ex vereador em Santa Maria,RS