Por Renato Paquet*
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a taxa de reciclagem no Brasil teve um aumento mínimo – passando de 2% para 3% de 2016 para 2017. Isto é, mais de 7 milhões de toneladas de lixo por ano continuam sendo descartados de forma irregular. Se calcularmos o prejuízo em reais, o país perde entre R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões por ano com falhas na reciclagem de resíduos sólidos urbanos, sem considerar ainda resíduos industriais.
Um dos pontos que ainda gera muitas dúvidas, é qual a melhor prática a se utilizar na hora de descartar os resíduos gerados nos processos produtivos e no consumo de nossas casas – reciclagem ou reutilização? Apesar de terem o mesmo objetivo, combater o desperdício, os processos são diferentes.
Para se ter uma ideia, a reciclagem é um método que consiste em transformar um resíduo em algo novo. Ou seja, o propósito aqui é que o material seja reprocessado e inserido novamente em um novo ciclo de produção. Vale lembrar que quando separamos os resíduos orgânicos degradáveis como copos e canudos biodegradáveis, cascas de frutas, legumes, entre outros, ou até mesmo alimentos, esses itens também se enquadram no conceito da reciclagem, mas para isso, eles precisam ser compostados.
Acredito que boa parte das pessoas sabem quais são os tipos de materiais que podem e devem ser reciclados. Em muitos estabelecimentos residenciais e comerciais, é possível encontrarmos diversos pontos de coletas identificados, como por exemplo, vidro, papel, metal, plástico, componentes eletrônicos, entre outros, auxiliando na educação do consumidor quando o assunto é descarte correto. Quando fazemos nossa parte na hora de descartar nosso resíduo, contribuímos para um mundo mais sustentável e econômico, sem desperdícios. De acordo com dados do IPEA, quando os resíduos são separados corretamente na coleta seletiva doméstica, o índice de aproveitamento supera 70%. Porém, a mesma pesquisa também aponta que somente 8% das cidades brasileiras têm uma estrutura adequada para a reciclagem.
Quando o assunto é a reutilização, é preciso entender que o material é transformado em um novo produto que pode ser reaproveitado em diversas possibilidades. Para ficar mais fácil o entendimento, o descarte de papéis usados pode ser utilizado como bloco de notas, as garrafas PETs, muitas vezes, são feitas de objetos de decoração e por aí vai. Quem nunca utilizou um pote de sorvete usado para guardar algo, não é mesmo? Temos inúmeras possibilidades de reutilização de produtos. O que precisamos entender é que quando você opta por reutilizar alguns materiais, você está colaborando para a gestão do resíduo, reaproveitamento da matéria-prima que seria descartada incorretamente nos mais de 3 mil lixões que temos espalhados pelo país.
Por fim, independente do processo em que você opte por usar, a mensagem que fica é entender a importância e o impacto de ambos para o meio ambiente. Quando não utilizamos nenhum e nem outro, contribuímos negativamente para o impacto ambiental urbano.
Se cada um fizer a sua parte, tenho certeza que iremos evoluir bastante no quesito – reciclagem e reutilização de resíduos. Pensem nisso!
*Renato Paquet é formado em Ecologia com ênfase em economia circular e gestão na UFRJ, Diretor Presidente de Cleantechs da Associação Brasileira de Startups e fundador da Polen, uma startup de sustentabilidade que realiza a logística reversa e transforma resíduos em matéria-prima e para mais de 800 empresas no Brasil e em 6 países.
Fonte: PIAR Comunicação