O ilusionismo ambientalista, os conflitos assimétricos de quarta geração, os interesses estratégicos em causa e a soberania nacional em risco
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*
O mundo está de olho em nossas reservas minerais
Não é segredo para ninguém: a região amazônica brasileira é a última fronteira natural com alto potencial econômico a ser explorada no mundo.
A biodiversidade, o conhecimento dos povos nativos sobre o uso farmacológico da flora, a diversidade da fauna, a capacidade florestal de contribuir para a estabilização do clima e o regime natural de regulação de precipitações hídricas no planeta, são bens de interesse mundial.
No entanto, as grandes potências econômicas e militares mundiais ambicionam sobretudo os recursos minerais amazônicos.
O volume fantástico de água doce, estratégico em todos os sentidos, atrai enorme interesse ambiental e econômico. Porém, no subsolo, encontram-se reservas minerais preciosíssimas – um grande recurso estratégico a ser protegido e , também, devidamente explorado em prol do Brasil.
A formação do subsolo amazônico
Em todo o globo terrestre, a maioria dos depósitos minerais metálicos situa-se em terrenos pré-cambrianos, formados no início da solidificação do planeta, até 570 milhões de anos atrás.
Há dois bilhões de anos atrás, a crosta terrestre era menos espessa, o que propiciou a ascensão de metais das zonas mais profundas da terra para a superfície.
Quarenta por cento do território amazônico pertence à era pré-cambriana. Assim, suas sequências sedimentares, intrusões graníticas, derrames vulcânicos e complexos rochosos, apresentam enorme potencialidade de depósitos de ferro, manganês, alumínio, cobre, zinco, níquel, cromo, titânio, fosfato, ouro, prata, platina, paládio, ródio, estanho, tungstênio, nióbio, tântalo, zircônio, terras-raras, urânio e diamante.
Geologicamente, grande parte dos depósitos minerais, embora relacionada às rochas pré-cambrianas, formou-se por enriquecimento (erosão, concentração, etc.), nos períodos terciários e quaternários – um processo geológico incrivelmente longo e perene.
Para muito além do proselitismo ideológico, vinculado à geografia humana, portanto, uma constatação geológica há de ser reconhecida.
Nossa superfície – com seus biomas e o que mais nela vive – é fruto de alterações climáticas e geomórficas ocorridas nos últimos milhares de anos. Um complexo efêmero, comparado à formação dos recursos minerais existentes no subsolo, processada ao longo de bilhões de anos.
Cobiça internacional é histórica
Deus nos deu a floresta, os índios e os animais. Porém, também, nos concedeu a oportunidade de pisarmos em solo cuja riqueza mineral é invejada e cobiçada pelas demais nações do mundo.
Nos últimos 500 anos as grandes potências coloniais se mobilizaram, entraram em conflito e desenharam o mapa político continental, visando justamente a extração das riquezas minerais ocorrentes na Africa e na América do Sul.
O Brasil sempre esteve neste conflito.
No nosso território, a luta pela exploração mineral remonta às entradas e bandeiras. Vivenciamos a expropriação de nossa riqueza mineral desde a exploração intensa do outro e da prata, no vice-reinado, até a vinda das grandes companhias mineradoras internacionais, a partir de meados do século XIX.
O colonialismo industrial, no final do século XIX, quando a tecnologia disponível já permitia identificar grandes jazidas na região norte do Brasil, levou os países europeus adotarem uma nova estratégia: a da relativização da soberania brasileira. Desde então, passaram a provocar crises territoriais, visando apropriação do nosso minério.
A segunda revolução industrial, é fato, gerou a corrida aos insumos minerais metálicos e energéticos (combustíveis) mais importantes. Por conta disso, em 1885, a França tentou se apropriar de parte do território do Amapá, para anexá-la à Guiana Francesa – visando justamente as jazidas minerais ali existentes.
O conflito se estendeu até 1895 quando se deu a arbitragem sobre a questão, tendo por árbitro inquisidor o Conselho Federal Suíço. A sentença favorável ao Brasil foi proferida pelo Presidente Walter Hauser e confirmada pelo Rei da Bélgica, Leopoldo II.
Em 1904, porém, a Corôa Britânica decidiu apropriar-se da região do Pirara, no território de Roraima, usando como subterfúgio um conflito muito similar ao que foi observado há pouco pelo Supremo Tribunal Federal, na vizinha Raposa Serra do Sol. Esse conflito, com clara conotação minerária, já vinha se arrastando desde o final do período do Vice-Reino de Portugal, em 1810, quando, soldados ingleses iniciaram uma incursão na região, sendo impedidos pelas forças portuguesas aquarteladas no magnífico e já bicentenário Forte de Macapá.
Posteriormente, em 1835, o explorador Robert Schomburgk fez uma incursão “científica” à região, a pretexto de compreender a geografia física da Guiana. Schomburgk desenhou um mapa abrangendo a região do Tacutu, do Mau e do Surumu – segundo ele ocupada por “tribos independentes”.
A opinião pública europeia “aplaudiu” o relatório, e a Corôa Britânica decidiu relativizar a soberania do Brasil na região.
A relativização foi ainda incentivada pelo missionário protestante Thomas Yound, encarregado de “catequizar” os índios, ensinando-lhes o idioma inglês e hasteando a bandeira da Inglaterra na região do Pirara – terra brasileira. A disputa pelas terras prosseguiu até que se decidiu optar pela via diplomática, em 1898.
A Inglaterra, por óbvio, nunca objetivou garantir direitos indígenas na superfície ou atraí-los para o cristianismo. Sempre quis se apropriar dos minerais estratégicos contidos no subsolo daquela região.
Arbitrado o conflito pelo rei da Itália, Vitório Emanuel II, o Brasil perdeu o território para a Corôa Britânica, que o anexou à Guiana Inglesa, ganhando, assim, um acesso à Bacia Amazônica – que até então não tinha.
Esse impressionante fato histórico permanece ignorado solenemente por quem deveria sabê-lo de cor e salteado – dentro e fora do Estado Brasileiro.
Porém, a história da cobiça inglesa ainda não terminou.
O Brasil detém a maior reserva de Nióbio do mundo
A estratégia da obstrução à exploração minerária
O episódio de 1904 constituiu o pano de fundo da visita ao Brasil do Príncipe Charles, herdeiro do trono da Inglaterra, e do Primeiro Ministro Gordon Brown, acompanhados do economista da Coroa (e prócer eurocêntrico da política de mudança do clima), Nicholas Stern, não coincidentemente duas semanas antes da “histórica” decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o caso da Raposa Serra do Sol.
A Raposa Serra do Sol é vizinha do território de 30 km2 retirado do Brasil pela Corôa Britânica, no século passado, e por ela ainda cobiçada. Afinal, a Corôa Britânica planeja estrategicamente, projetando intervalos de cinquenta e cem anos (ela não tem pressa…).
A “liberação” da Raposa Serra do Sol para os “povos indígenas”, foi decidida pelo Presidente Lula e avalizada por decisão do STF. (*1)
O fato, seguido do odioso trabalho de “limpeza étnica”, efetuado pelos pressurosos biocêntricos do governo e judiciário brasileiros, constituiu-se de uma temerária decisão geopolítica estratégica – profundamente danosa para os interesses do Brasil. Poderá significar, a médio prazo, a possibilidade de ocupação internacional para tutelar “tribos independentes em situação vulnerável”, tal como pretextado no século XIX.
A vulneração do território, no entanto, permite a exploração minerária irregular do subsolo – rico em ouro e nióbio, por mãos estrangeiras, nas próximas décadas, dada a relativização da soberania no local.
Há um segredo de polichinelo no caso do nióbio: Como pode Estados Unidos e Inglaterra receberem oficialmente apenas 46% do nióbio brasileiro que processam industrialmente, quando nosso país detém 98% das reservas desse minério?
Sem responder à questão acima, no entanto, é possível desde logo observar que as potências estrangeiras sempre entenderão melhor manter “obstruída” a exploração minerária na Região, que tornar possível sua ocorrência em benefício comercial soberano do Estado Brasileiro.
Exemplo desse risco, e da sucessão clássica de decisões desastrosas para a estratégia de soberania brasileira, é a determinação de cumprimento, em 2004, da ratificação da Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT sobre Povos Indígenas e Tribais, ocorrida em 2002, condicionando a aprovação de atividades em áreas indígenas a um sistema de “consulta” que jamais resultará em algo consensual ou resolutivo dos conflitos naturais quanto ao uso do solo. (*2)
A obstrução internacional à exploração do subsolo amazônico é, portanto, estratégica. O mais grave é que essa obstrução se faz com a colaboração lamentável da jusburocracia tupiniquim, apoiada por ativistas de toda ordem, sob o guarda-chuva de um inconsequente proselitismo ambientalista.
Essa interferência leviana e míope do ilusionismo ambientalista e antropológico, já produziu um desenho superficiário caótico de restrições étnico-ambientais (unidades de conservação, terras indígenas e quilombolas), efetuado açodadamente por dirigentes ambientalistas e burocratas, sempre demandados e monitorados por ONGs internacionais, justamente sobre as jazidas minerais mais significativas.
Essa obstrução desmemoriada recrudesceu no período da chamada “Nova República” (sob a égide da Constituição Federal de 1988) – em especial no período lulopetista, por meio de atores nada esclarecidos quanto às dimensões do jogo estratégico em causa, ou imbricados inconfessavelmente ora com o proselitismo desagregador, ora com a corrupção.
O açodamento em “aparecer bem na foto”, na galeria do “bom mocismo” biocentrista, dominou parcela das decisões judiciais e políticas adotadas por operadores do direito e gestores nacionais, pouco atentos às mazelas estratégicas e geopolíticas, que comprometeram os interesses brasileiros (quando não completamente comprometidos com esses interesses – no cometimento da mais infame traição). Esse comportamento desprovido de inteligência e senso patriótico, infelizmente, dominou e ainda domina a agenda política, judiciária e de regulação, no Brasil.
A afirmação legal e econômica da nossa soberania
Após a segunda guerra, o Estado Brasileiro tratou de nacionalizar o subsolo e implementar um Código de Mineração bastante restritivo.
Dessa forma, o Estado tratou de organizar uma política de concessões de lavra e fomentar a exploração nacional incentivando consórcios liderados por empresas nacionais e estatais brasileiras.
A assunção de uma doutrina de reforço da soberania, a partir do pós-guerra, firmou o Brasil como senhor do território.
Essa afirmação, desde então vem sofrendo ataques ferozes, externos e internos. Externamente, por meio da relativização do conceito de soberania por meio de tratados, moções, pronunciamentos e imposição de barreiras não tarifárias sob a égide da “proteção ambiental. Internamente, por meio da articulação de organizações não governamentais subsidiadas por interesses estrangeiros e burocratas dos estamentos de fiscalização, controle administrativo e tutela judicial, descompromissados com os interesses soberanos do país.
Ninguém gosta de ceder espaço no jogo de poder internacional. Nesse sentido, o domínio completo do processamento da riqueza mineral constitui “indesejável” combustível para uma rápida ascensão do Brasil no cenário das potências mundiais, o que justificaria o uso de todos os expedientes para que o fato não se consolide.
Basta um passar d’olhos pela história recente da economia minerária brasileira.
Conhecido como exportador primário de commodities extraídas da região amazônica, o Brasil, nos últimos 40 anos, deixou o status de exportador de bauxita – por tonelada, e importador de alumínio – por quilo, para atingir o status de grande produtor do material .
Para desespero da Rússia e dos Estados Unidos – principais concorrentes no alumínio, o Brasil ascendeu ao posto de um dos maiores exportadores do mundo. Isso ocorre, graças à estratégica implantação de usinas hidrelétricas – dentre elas a de Tucuruí, e implementação de logística fornecimento do minério ao mercado.
O processo de industrialização de nossas commodities minerais no próprio território tem sido incrementado com a instalação de unidades de geração de energia, hidrelétricas e termelétricas, visando cobrir a demanda por eletro intensividade, inerente à produção dos metais. Os polos de transformação são hoje sustentados por custosa rede logística, abrangendo o Amapá, Pará, Maranhão, Ceará e Mato Grosso.
Para conferir sustentabilidade a toda essa infraestrutura, no entanto, é necessário tempo e planejamento.
Os entraves ambientais
Ocorre que o volume crescente de exigências no licenciamento ambiental tem gerado custo adicional significativo e, às vezes, preocupante.
A batalha pela viabilização dos projetos de geração hidrelétrica de Belo Monte, Santo Antônio, Jirau, etc., é exemplo vivo dessa batalha.
A obstrução sistemática à viabilização de projetos logísticos – como hidroportos, estações de transbordo, linhas férreas e rodovias, integra essa batalha obstrutiva sob a bandeira da tutela ambiental.
Os fiscais ativistas, no entanto, quando tudo o mais “falha”, apelam para a judicialização. Em que pese, porém, a muralha burocrática judicializada, o que já se desenha nos dá uma noção clara de um inexorável grande futuro.
De fato, a extração de minério de ferro, bauxita, manganês, ouro e outros metais, na região amazônica – bem como o transporte eficaz por navegação de costa, hidrovias e ferrovias – poderá criar condições objetivas para a instalação de um grande polo siderúrgico na própria região norte, talvez no Pará.
O aproveitamento hidro energético da bacia amazônica atende a esta demanda, e tem potencial de fazê-lo em bases sustentáveis.
Esse processo alavancará o polo siderúrgico amazônico, oferecendo ao Brasil e seus parceiros estratégicos um cenário bastante promissor na economia mundial, a médio prazo.
A metalurgia, a siderurgia e, em especial, a fabricação do alumínio, afinal, são atividades eletro intensivas. Necessitam do insumo da eletricidade, a qual deve ser gerada a um custo que torne competitivo o preço dos produtos no mercado mundial.
Conflitos de quarta geração
O pesadelo internacional vivido pelo projeto de Belo Monte – um ícone dos conflitos entre ambientalistas e governo na região amazônica, não ocorre obviamente, por conta exclusiva dos impactos ambientais inerentes à obra mas, sim, por seus efeitos econômicos na geopolítica minerária.
O que incomoda é o caráter libertador embutido no projeto, que modificará a médio prazo e de forma significativa o jogo de interesses mundiais quanto ao fluxo dos insumos energéticos e na fixação da indústria de base no território brasileiro.
Consolidada a decisão política e estratégica de firmar soberania sobre o território amazônico, para fixar complexos de extração de minérios, geração e distribuição de energia, logística integrada e polo industrial de base – poderá o Brasil transformar a commoditie mineral na mesma região de extração e mudar completamente o rumo da economia regional.
Essa é uma das várias e gigantescas batalhas travadas no teatro de operações amazônico. Batalha absolutamente assimétrica, conceitualmente inserida como guerra de quarta geração. (*3)
A Guerra de Quarta Geração é consentânea com as profundas transformações políticas, econômicas, psicossociais, militares e científico-tecnológicas ocorridas após a segunda Guerra Mundial. Está intimamente vinculada à natureza difusa e assimétrica dos conflitos ditos de 3a. geração da era moderna – dos direitos e interesses difusos.
Essa geração de direitos e interesses difusos têm por característica a indivisibilidade do bem a ser legalmente tutelado, a indeterminação de indivíduos interessados na questão e a natureza transindividual de seu objeto. Tratam-se de institutos intrinsecamente conflituosos.
No campo geopolítico, os conflitos de 4ª geração, diferentemente dos conflitos de 1ª, 2ª e 3ª geração que os precederam, envolvem atores não governamentais no teatro de operações. Esses atores carregam conotação político-ideológica – ligada ou não a questões de ordem etnico-racial, territorial ou religiosa. Há nesse tipo de conflito, emprego intensivo de proselitismo, táticas, técnicas e procedimentos de guerra irregular, como a subversão, guerrilha e terrorismo. Admite-se o uso recorrente de ações midiáticas e arregimentação de quadros por redes de relacionamento. Daí porque a assimetria que marca esses conflitos, paradoxalmente “iguala” oponentes absolutamente desproporcionais.
A marcha da história é fundamental para a compreensão do fenômeno.
Com a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e o término da Guerra Fria, o mundo bipolar se desfez. Esquerda e direita, comunismo e capitalismo diluíram-se em pequenos nichos ecológicos repletos de nuances logais, enquanto a economia de mercado extravasava todas as fronteiras, tornando o comércio globalizado.
O mundo tornou-se progressivamente multipolar. Essa multipolaridade é caracterizada pelos mais variados vetores e demandas – econômicos, etnicos, ideológicos, criminosos, religiosos e até mesmo sexistas.
Essa multipolarização, no entanto, amplia o impacto de conflitos regionais. O advento do fundamentalismo radical islâmico, por exemplo, revelou o terrorismo como um “negócio transnacional”, passível de se assenhorar de territórios com expressão soberana – uma ameaça à paz e à segurança internacionais.
A característica assimétrica dessa multipolaridade transcende a barbárie fundamentalista e marca, de maneira similar, outros tipos de conflitos sócio-ambientais.
O conflito assimétrico, por outro lado, torna o exercício democrático muito mais complexo. Abriga variadas formas e instrumentos de coerção social e estatal, aplicados por organizações de diferentes matizes, em diferentes regiões do mundo, nos mais diferentes ambientes operacionais.
O conflito de 4a. geração no solo da amazônia
Historicamente hábeis e experientes em submeter mentes e corações aos seus interesses, neocolonialistas interessados na apropriação do minério fazem uso dessa assimetria para induzir conflitos de quarta geração na superfície do solo amazônico. Eles visam justamente inviabilizar o aproveitamento do subsolo e dos recursos hidroenergéticos, necessários à transformação do minério no próprio território de extração.
A fraqueza conceitual e a pusilanimidade habitual de um judiciário míope, de governos corruptos, líderes políticos incompetentes, parlamentos ineficientes e burocracias ineficazes, têm permitido aos interessados reorientar instituições na direção contrária à dos interesses nacionais.
Os atores interessados em contrariar o aproveitamento dos recursos minerais no solo amazônico mantém forte aliança com o aparato de mídia, organizações indígenas, assistenciais, igrejas, sindicatos e ONGs ambientalistas internacionais.
Formam o conflito assimétrico organizações indigenistas, sindicatos rurais, partidos políticos de perfil radical, ecologismos de toda ordem e segmentos burocráticos aparelhados pelo ativismo judicial.
Relativizam-se os direitos de soberania, direitos individuais, a autoridade, o mandato popular, a segurança jurídica de cidadãos, o direito de propriedade, os investimentos, etc…
Unidades de conservação e reservas indígenas surgem desenhadas no mapa sem qualquer planejamento ou cuidado com os humanos atingidos, para induzir novos conflitos. Formam caldo de cultura para novas assimetrias.
Entidades de sociedade civil cooptam representantes do Ministério Público nacional, cuja louvável independência – importantíssima quando o assunto é combater o crime organizado e a corrupção – permite especial indisciplina e subjetividade no trato das questões ambientais.
A instituição ministerial, que deveria zelar pela Lei, adota comportamento confuso. Sua atuação gera insegurança quando deveria justamente harmonizar interesses ambientais e interesses econômicos sob a Lei – de forma a não obstruir o desenvolvimento.
Expedientes proselitistas costumam ser utilizados no cenário de conflituosidade intrínseca. Esses expedientes constituem três formas de pressão organizada, que trabalham sob a égide dos interesses difusos – instrumentalizadas pelos grupos econômicos contrários aos interesses nacionais, a saber:
i) o biocentrismo fascista – praga que contamina o estamento burocrático brasileiro, em especial ministério público e judiciário, cuja enorme nocividade se expressa no racialismo, na desumanização exegética das normas legais aplicáveis aos conflitos e na supressão progressiva da segurança jurídica a todo e qualquer investimento. Dele, aliás, já tratamos em artigos anteriores;
(ii) a Estratégia de Geração de Demandas Impossíveis – escola doutrinária esquerdista que, partindo da constatação da impossibilidade de combate direto ao Moderno Estado Democrático Capitalista, recomenda seu bombardeamento sistemático com reivindicações impossíveis (ainda que revestidas de aparente legitimidade), no intuito de estimular conflitos que desmoralizem a “autoridade do capital”, desestruturem a economia e provoquem o rompimento do tecido social. Essa estratégia exerce enorme poder de atração sobre instituições e autoridades pusilânimes, estimula por via transversa a corrupção e pereniza os conflitos; e
iii) o autonomismo desagregador, que estimula o rancor dos movimentos de afirmação étnicos, religiosos e sociais, jogando uma pá de cal racialista nas doutrinas de comunhão nacional (como a Doutrina Rondon) para, sobre seus escombros, incentivar reivindicações separatistas, reativação de vocabulário neonazista como “operações etnográficas”, “desinstrusão etnica”, pureza racial e cultural, etc… sempre no bojo de uma bandeira de cunho liberticida – esfacelando a unidade nacional e relativizando a soberania.
O “Teatro de Operações” do AHE Belo Monte, por exemplo, concentrou os três expedientes. Não por outro motivo, perenizou conflitos, estimulou a corrupção e destruiu o verdadeiro sentido estratégico da obra, como se verifica da simples leitura dos jornais.
Soberania Afirmativa e a relativização do controle territorial
A estratégia da relativização da soberania é sempre dissimulada na busca pela tutela dos conflitos de natureza difusa.
O quadro é agravado pela necessidade de afirmação contínua do governo brasileiro, de que efetivamente detém o controle territorial sobre o solo (e do subsolo) amazônico.
No âmbito das relações internacionais, essa necessidade de afirmação contínua do controle territorial pelo Estado Nacional, pode ser denominada como Soberania Afirmativa. (*4)
A Soberania Afirmativa surge como prática necessária na medida em que tratados e convenções internacionais não adotam mais um conceito formal de autodeterminação ou meramente nominal de soberania nacional.
Os diplomas internacionais – progressivamente contaminados pela mentalidade globalista, na busca pela relativização da soberania dos Estado Nacionais, vêm utilizando o conceito difuso de “direitos de soberania”, vinculando o exercício da prerrogativa a provas materiais de efetivo controle do Estado sobre seu território.
Nesse sentido, é muito importante observar o avanço doutrinário em função do chamado conceito de “Justiça Ambiental” no âmbito internacional. Esse instituto inclui aspectos e conflitos de natureza ideológica, étnica, social, religiosa e fundiária. O conceito também açambarca os conflitos que afetam a soberania brasileira sobre a amazônia.
Nesse sentido, nossas autoridades deveriam redobrar cuidados para evitar que a busca por uma proteção “internacional” de recursos ambientais superficiários, ou mesmo de proteção de povos nativos-colonizados, sirva de apanágio para a apropriação das riquezas minerais existentes no subsolo da mesma região.
Conclusão
Como se vê, não se trata de “preservar a Amazônia”, “defender povos e culturas nativas”, “rediscutir o planejamento energético nacional” e, muito menos, “defender as águas e o clima do planeta”.
Cumpre a todos nós, cidadãos brasileiros, combatermos o ilusionismo ambientalista, resgatarmos o controle territorial e afirmar nossa soberania.
A perda de foco e a relativização do acesso econômico aos recursos minerais, de fato, em nada contribuem para o equilíbrio da Amazônia. Pelo contrário, contrariam os interesses do Brasil.
Notas:
*1 – Em 15 de abril de 2005, um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva homologou a Portaria nº 534 , do Ministério da Justiça, que demarcou a área de hectares como Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Trata-se de uma área que abriga 194 comunidades com uma população de cerca de 19 mil índios dos povos Macuxi, Taurepang, Patamona, Ingaricó e Wapichana. A portaria de 2005 deu prazo de um ano para os não-índios abandonarem a terra indígena. O Caso foi ao Supremo Tribunal Federal e, de relatoria do então ministro Ayres Britto, o processo envolvendo a desocupação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol por não índios foi iniciado em agosto de 2008 e concluído em março de 2009, quando o STF confirmou a demarcação integral da área – com 1.747.464 hectares .
*2 – DECRETO Nº 5.051, DE 19 DE ABRIL DE 2004.
*3 – PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro- “NEOPARAMILITARISMO, CONFLITOS ASSIMÉTRICOS, INTERESSES DIFUSOS E GUERRA DE 4ª GERAÇÃO”, in Blog The EAgle View, in https://www.theeagleview.com.br/2015/09/paramilitarismo-direito-e-conflitos-de.html?q=paramilitarismo
*4 – PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro – “SOBERANIA AFIRMATIVA”, in Blog The EAgle View, in https://www.theeagleview.com.br/2013/09/soberania-afirmativa-sobre-nosso.html?q=paramilitarismo
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e sócio-diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados (PPA). Desde 1985 dedica-se à advocacia especializada em Direito Ambiental. É também membro do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional e consultor do Banco Mundial, com vários projetos já concluídos.
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 14/08/2019
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.
gostei
Brother,
Esse teu texto deveria circular no mundo, mas do que isso é tão urgente do conhecimento para o povo brasileiro, tanto quanto essa nação desconhece a constituição.
Cara putz nunca li um texto tão complexo e paradoxal…
A melhor parte de todo ele é a sustentação ideológica que você usa, muito boa.
Parabéns…Deveria escrever mais sobre o tema…mais seria legal nos próximos sustentar os argumentos com as referencias, quero escrever algo assim mais sem referencia não me ajuda muito.
SUCESSO!!!
Jorge, sempre há um artigo original. Necessariamente não é necessário ter referências, pois os dados estão todos por aí.
“Necessariamente” é necessário ter referências sim, porque os dados tem que vir de algum lugar.
Muito obgrigado esse site me ajudou mt para o meu trabalho
Muito bem abordado. Este assunto voltou a ser discutido pelo novo presidente eleito, e leva em conta os termos do Acordo de Paris, que menciona os efeitos nocivos da poluição, provocados pelas queimadas e desmatamento da Amazônia, mas não considera o subsolo rico em minerais, que pertence aos brasileiros. Creio que estão mais interessados nos minerais, do que com o clima,pois devastaram as terras deles e não se preocupam em reflorestar,recuperando as florestas que hoje são exploradas pelo agronegocio.
Eu sou um brasileiro patriota, estou estudando e trabalhando no exterior a 13 anos, passei pelos EUA, Cingapura, e China. Voltarei ao Brasil em breve para consolidar meu projeto de uma Instituição no RS, na cidade de Campo Bom, para lutar pela soberania do nosso Brasil e contra a corrupção. Já somos alguns no projeto, políticos e empreendedores, mas precisamos de mais ajuda e integrantes para abrir nossa Instituição. Temos um grupo no WhatsApp. Somos todos Universitários da Feevale em Novo Hamburgo, RS. Precisamos de idéias e contatos. Agradeço se me retornar. Muito obrigado!
Conteúdo rico em história e detalhes. Ótimo para os ambientalistas fanáticos se esclarecerem !
Texto magnífico e atual. Só não enxergam o óbvio quem não quer. O mundo quer a riqueza mineral da Amazônia e somente isso.
Parabéns! Trabalho maravilhoso, elucidativo, objetivo, robusto, profissional. A agenda global ambientalista fez me estudar um pouco esse interesse disfarçado dos países europeus. Não adere mais. Agora, com seu estudo, sinto-me estimulado a estudar a questão histórica, colonialista, envolvendo a Amazônia. Gostei e indico.
Artigo extremamente claro e todas evidências estão aí. Um presidente que tem a coragem de desbancar os países bonzinhos que só querem o bem da Amazônia, tem ser reconhecido e não subjugado. Ele é militar, sabe o que faz e ponto. Analise sob este aspecto.
Sou patriota, e quero a soberania do nosso país, em todo sentido. A muito tempo que nosso País esta sendo explorado por nações que da uma de bonzinho mais na realidade eles querem o nosso minério,e não estão nem ai pela devastação da floreta. Pra eles, os Índios que se exploda, desde que eles possa sempre explorar as nossas riquezas. As ongues estão por ai no dizer deles defendendo a natureza, mas na realidade, estão enganando os Índios e destorcendo a mídia. Parabens pelo texto. E viva o Brasil e viva o povo Brasileiro.
Isso precisa ser compartilhado nas redes sociais! Muito objetivo e esclarecedor. Eu venho discutindo isso com ‘professores’ de cunho esquerdista. Nunca admitiram que o caráter o caráter estratégico sob a égide de ‘proteção da Amazônia’ e do homem nativo ‘amazônico’ como vítimas era pura e simplesmente no ensejo de apropriação das riquezas minerais sabidas como abundantes.
Aqui é a Fernanda Lima , gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.
Obrigado, Fernanda. (o autor)
Sou a Fernanda Da Silva, gostei muito do seu artigo tem
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Sou a Amanda Da Silva, gostei muito do seu artigo tem
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Obrigado, Amanda!