Foi o possível
Conferência mundial contabiliza 692 acordos registrados para o desenvolvimento sustentável. Mais de US$ 513 bilhões foram mobilizados com essas tratativas sobre energia, transportes, economia verde, redução de desastres, desertificação, água, florestas e agricultura
Por Danielle Denny
No livro “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson, há um diálogo célebre da protagonista com o gato:
“Pode me dizer, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?”, perguntou Alice.
“Isso depende muito de para onde queres ir”, respondeu o gato.
“Preocupa-me pouco aonde ir”, disse Alice.
“Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas”, replicou o gato.
Da mesma forma, para grande parte dos ambientalistas e dos governos presentes na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, faltaram metas à Rio+20. Os compromissos assumidos foram abstratos, nem um pouco quantificáveis, reportáveis e verificáveis.
Contrariando a urgência que o aquecimento global impõe e a expectativa da sociedade, os líderes reunidos na Rio+20 optaram por adiar as decisões para datas posteriores a 2015.
A Rio+20 mobilizou uma quantidade enorme de pessoas das mais variadas especialidades, durante nove dias (13 a 22 de junho de 2012). Segundo dados oficiais da ONU, foram 45.381 os participantes do Riocentro, onde ocorreram reuniões oficiais entre o corpo diplomático de 188 Estados-Membros e os credenciados pela ONU como representantes de governo, da sociedade civil ou da imprensa.
Além das mesas redondas e sessões plenárias para diplomatas e chefes de Estado ou de Governo dos países membros, ocorreram mais de 500 eventos paralelos oficiais. E abertos ao público não credenciado havia outros foros.
Entre os compromissos voluntários contabilizados pela ONU estão 692 acordos para o desenvolvimento sustentável registrados, não só por governos, mas também, e, principalmente, por empresas e grupos da sociedade civil. Estima-se que mais de US$ 513 bilhões foram mobilizados com essas tratativas sobre energia, transportes, economia verde, redução de desastres, desertificação, água, florestas e agricultura.
Para o governo brasileiro, os avanços foram marcantes, principalmente com relação ao tema da erradicação da pobreza, trazido para o centro da discussão com a cláusula sobre o Piso de Proteção Socioambiental Global e a criação de um foro de alto nível que será coordenado pelo Brasil, denominado Centro Mundial de Desenvolvimento Sustentável (Centro Rio+). O PNUMA foi fortalecido em termos orçamentários e o próprio Brasil se comprometeu a destinar US$16 milhões ao programa.
Outra iniciativa apoiada pelo Brasil foi a criação do Índice de Riqueza Inclusiva (IRI), mais adequado que o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para nortear as políticas públicas futuras, pois integrará aspectos sociais e ambientais ao desempenho econômico dos países, fomentando a mudança do paradigma econômico global.
Veja gráfico das Metas de Desenvolvimento do Milênio: Relatório de Acompanhamento 2012.
Baixe o PDF do gráfico aqui.
(Colaboraram Ian Libardi e Márcia Tavares Oliveira)