O Novo Plano Diretor de São Paulo trouxe novas perspectivas para os moradores do distrito da Lapa, zona oeste da capital paulista.
Por Edson Domingues
O adensamento nos eixos de estruturação urbana – trilhos e corredores de ônibus – previsto no novo Plano Diretor, concentrará moradia e emprego na mesma região, mitigando os longos deslocamentos diários de trabalhadores. Para tanto, a Prefeitura de São Paulo, concebeu o Projeto Arco do Futuro.
Mas o Arco do Futuro já nasce com problemas na região da Lapa. Em seu perímetro de adensamento, está prevista uma Estação de Transbordo de Lixo.
Em São Paulo, Estações de Transbordo, são conhecidas pelo seu impacto ambiental decorrente do mau cheiro e da intensa circulação de caminhões de lixo na região. A desvalorização imobiliária é imediata.
Na Lapa – bairro com tradição industrial oriunda da linha férrea – um boom de desenvolvimento está previsto para as próximas décadas.
As diretrizes estão anunciadas pelo novo marco regulatório de desenvolvimento urbano paulistano.
O distrito da Lapa engloba ainda fatia importante do bairro nas margens do Rio Tietê. Estes são os subdistritos da Vila Jaguara, Anastácio, Leopoldina e Jaguaré. São todos bairros remanescentes da atividade industrial.
Hoje, o perfil urbano da região, passa por mudanças que o mercado induziu e o Plano Diretor contemplou.
A cidade do início do século passado, abandonou sua vocação industrial e adotou o perfil de serviços. Leopoldina e Anastácio são sinônimos desta mudança.
Anunciado pelo Prefeito Haddad durante a campanha eleitoral de 2012, o “Arco do Futuro” já é uma realidade em andamento no eixo de desenvolvimento urbano do novo Plano Diretor.
Para os moradores da Lapa, Leopoldina e Vila Jaguara, os antigos galpões das áreas industriais, deram lugar a novos empreendimentos imobiliários, modificando a característica do tecido urbano da região.
Os mais antigos afirmam que o “Arco do Futuro” é uma intervenção urbana de grande monta, o mais importante empreendimento depois da abertura da Rodovia Anhanguera.
Exageros a parte, a indução de novas atividades econômicas em áreas remanescentes da indústria, fomentará um novo polo de desenvolvimento, a exemplo de outras regiões da cidade.
Mas nem tudo é certeza nesta configuração que o Prefeito Fernando Haddad conquistou com o novo Plano. Simão Pedro, Secretário de Serviços da Cidade de São Paulo, colocou uma pedra no caminho.
Para Vila Jaguara, o Secretário propõe a Estação de Transbordo de Resíduos Sólidos Domésticos Noroeste. Homem católico e reconhecido pela Diocese de São Miguel Paulista, distante da tradicional região da Lapa, Simão denota pouco importar-se com a Lapa e região.
Há três Estações em funcionamento na cidade. Duas, pela proximidade com comércio e moradia, provocam reclamações pelo impacto sócio ambiental.
Pesam sobre uma delas, a Estação Ponte Pequena, denúncias em razão de contaminação do solo por Poluentes Orgânicos Persistentes, colocando em risco a saúde dos trabalhadores e moradores do entorno.
A principal fonte de denúncia, é o recente Relatório Final da CPI das Áreas Contaminadas da Câmara Municipal de São Paulo, baseada em documentos da CETESB e Vigilância Sanitária.
Segundo Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto do Meio Ambiente – EIA/RIMA – apresentado pela empresa concessionária do Sistema – LOGA, decorrerão fortes impactos no campo sócio, econômico e ambiental.
Tudo com a anuência do Secretário Simão Pedro.
A sociedade local manifestou-se em Audiências Públicas do Plano Diretor, no MPE e na CETESB. Passeatas e protestos passaram a fazer parte do cotidiano da comunidade de Vila Jaguara.
Já Simão Pedro, idealizador da engenhoca, pouco se manifestou junto aos moradores resistentes liderados pela Paróquia local.
As contradições são inúmeras, de religiosas a urbanísticas. O povo da Jaguara quer o Arco do Futuro, o Governo Municipal se divide na “Malddad”.