A preparação e o planejamento são tão ou mais importantes do que a vontade de vencer!
Por General Paulo Chagas*
Caros amigos
Jair Bolsonaro e sua equipe foram eleitos com uma proposta de direita liberal e conservadora, em um ambiente político dominado pela esquerda e profundamente contaminado pelo populismo e pela prática generalizada da corrupção.
Na mesma atmosfera, adaptada às indefinições de uma balzaquiana Constituição Cidadã, encontraram uma Suprema Corte aparelhada por homens e mulheres indicados, sabatinados e aprovados pelo universo corrompido dos demais poderes da República.
Era evidente, portanto, que eles enfrentariam um combate tão desigual quanto o desafio de Davi diante do gigante Golias ou dos bravos 300 de Esparta face ao poderio militar dos persas, 480 anos antes do nascimento de Cristo.
No início, mesmo em colossal vantagem de posição e de efetivo, os adversários mostraram-se cautelosos na presença daquele pequeno e seleto contingente de especialistas, apoiado por quase 40% do eleitorado e por pouco mais de 50 parlamentares eleitos para dar-lhes suporte legislativo. Afinal, não se sabia como eles se tinham preparado e planejado para atuar naquelas circunstâncias.
No entanto, para espanto e deleite dos remanescentes das velhas práticas, em pouco tempo, ficou evidente que aquele impávido grupo não dispunha de fundas nem tampouco de planos criativos para manobrar na adversidade.
Faltava-lhe disciplina intelectual, capacidade argumentativa, unidade de propósitos e, principalmente, liderança e orientação objetiva e inteligente que o mantivesse unido e motivado para o embate.
À inferioridade numérica somaram-se – além da imponderável e desastrosa pandemia do Coronavirus – a dispersão, as intrigas e as defecções.
Na falta de preparação e de planejamento para articular uma ação parlamentar, restaram apenas inúteis demonstrações de revolta, o inócuo confronto direto e, ainda, mais recentemente, a contratação do apoio de uma experimentada e cara Companhia de Mercenários, conhecida pelo nome fantasia de “Centrão”!
Em resumo, faltou-nos lembrar que “quem não é o maior tem que ser o melhor” e que “a preparação e o planejamento são tão ou mais importantes do que a vontade de vencer”!
Ainda há tempo e espaço para mudar, nem que seja “um pouquinho”, como propôs o Ministro Paulo Guedes, da Economia, e chegar ao final deste mandato em condições de, no próximo, dar prosseguimento e efetividade ao protocolo de intenções apresentado e tornado vencedor em 2018.
Serenidade, preparação e planejamento são as palavras de ordem que deveriam nortear e motivar as manifestações de rua que têm desafiado não só a lógica da democracia, mas a do combate à pandemia que nos assola, mata e empobrece.
É como penso e como contribuo!
*Paulo Chagas é General de Brigada da Reserva do Exército Brasileiro. Arma da Cavalaria. Dentre as inúmeras atividades assumidas na sua carreira, foi oficial do Gabinete do ministro do Exército, comandou o Regimento Dragões da Independência, foi adido militar em Londres e chefe do Estado-Maior da 11ª Região Militar, comandou a 7ª Brigada de Infantaria Motorizada (Natal/RN), chefiou o Gabinete do Estado-Maior do Exército (EME), a Seção de Adidos Militares acreditados no Brasil e no exterior e a 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército (Assuntos Internacionais). Coordenou as atividades de delegações do Exército Brasileiro em conferências bilaterais e foi secretário-geral da Conferência dos Exércitos Americanos. Foi instrutor de cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras.