Sai Sérgio Moro, o Brasil é o grande prejudicado, infelizmente!
Por General Paulo Chagas*
A forma digna, clara, franca e verdadeira com que Sérgio Moro tornou público seu pedido de demissão atesta a sua fidelidade aos princípios e aos valores pelos quais abdicou de uma brilhante carreira na magistratura para assumir posição na equipe do Presidente Bolsonaro.
Sérgio Moro é a visão clara do estadista que se tornou conhecido e admirado por sua coragem física e moral, pela determinação com que estudou suas missões e pela competência com que as executou.
Um Ministro de Estado comedido, lógico e racional, avesso ao populismo, à demagogia e à ostentação dos seus próprios feitos e méritos.
Um jurista que se doou à Pátria e que se fez homem público pelo resultado natural do seu trabalho, sem atalhos ou subterfúgios que retratassem qualquer arrependimento ou desajuste profissional.
Um brilhante Juiz de Direito que, ao abrir mão da carreira para desbravar caminhos para os que pretendessem segui-lo, transformou-se no brasileiro mais conhecido e admirado deste planeta.
Pela prática honesta do conhecimento e pela coerência moral das suas atitudes, Sérgio Moro apresenta-se como o modelo a ser seguido por todos os brasileiros honestos e como a antítese da maioria dos servidores eleitos que transitam e que já transitaram pelos poderes da República em busca de fama e de fortuna pessoal!
Sua saída representa a fratura de mais um dos alicerces da equipe que sustenta o governo Bolsonaro e põe em xeque o compromisso de combate à corrupção assumido durante a campanha eleitoral.
Jair Bolsonaro não conseguiu organizar uma articulação parlamentar de apoio e, consequentemente, o “sistema” conseguiu descaracterizar o “Pacote Anticrime e Anticorrupção” do Ministro Moro, restava agora retirá-lo do governo para que o sucesso fosse completo!
Como cidadão brasileiro votei e fiz campanha para eleger Jair Bolsonaro e a eficiente equipe que ele montou para governar. Aplaudi a inclusão de Sérgio Moro neste time de craques e, agora, aplaudo o ex-ministro, não só pela maneira exemplar como desempenhou suas funções, mas, pela forma digna, transparente e leal como abriu mão dela.
Aposto, torcendo para perder, que a pasta até agora a cargo de Sérgio Moro será dividida em duas, Justiça e Segurança Pública, sendo esta última entregue ao ex-deputado Alberto Fraga, amigo de longa data dos Bolsonaros.
O “presidencialismo de coalizão”, ao que tudo indica, volta à pauta e faz de Moro a sua primeira vítima. O grande prejudicado é o Brasil, infelizmente!
*Paulo Chagas é General de Brigada da Reserva do Exército Brasileiro. Arma da Cavalaria. Dentre as inúmeras atividades assumidas na sua carreira, foi oficial do Gabinete do ministro do Exército, comandou o Regimento Dragões da Independência, foi adido militar em Londres e chefe do Estado-Maior da 11ª Região Militar, comandou a 7ª Brigada de Infantaria Motorizada (Natal/RN), chefiou o Gabinete do Estado-Maior do Exército (EME), a Seção de Adidos Militares acreditados no Brasil e no exterior e a 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército (Assuntos Internacionais). Coordenou as atividades de delegações do Exército Brasileiro em conferências bilaterais e foi secretário-geral da Conferência dos Exércitos Americanos. Foi instrutor de cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras.
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 27/04/2020
Edição: Ana A. Alencar