Por Danielle Denny*

O argentino Jorge Mário Bergoglio, escolhido como o novo papa da Igreja Católica é o primeiro sumo pontífice jesuíta e da América Latina. Ele também foi o primeiro a adotar o nome de Francisco, escolha essa imbricada de simbolismos.
A referência mais clara, contudo, parece ser a São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia e conhecido como protetor dos animais, que, nascido em família rica de comerciantes italianos, deixou a vida agitada e mundana para praticar a pobreza e o respeito à natureza.
O terceiro milênio é marcado pela iminência de uma catástrofe ambiental de escala planetária. A presente geração está diante do dilema ético de preservar o planeta para as futuras gerações, se mudar os paradigmas econômicos atuais, ou condenar a humanidade à extinção se mantiver os mesmos modelos praticados até agora.
Para direcionar os negócios da economia marrom, para a verde: de baixo carbono, com eficiência de recursos e socialmente inclusiva, medidas macro e microeconômicas são necessárias. Subsídios, acesso a mercado, incentivos para negócios verdes, regulação, impostos sobre recursos naturais utilizados na produção, limites ao endividamento, entre outros.
Mas além de subsidiar tecnologias limpas, é preciso remover subsídios aos combustíveis fósseis, ou seja, a congruência de todo o sistema econômico tem de ser revista. E por último, precisa haver um reposicionamento de natureza ética. Nesse sentido, a comunicação social, e principalmente a publicidade, precisam evidenciar as externalidades tanto positivas como negativas dos produtos anunciados. Por exemplo, um comprador de celular tem de ser informado sobre a vida útil das baterias, para poder escolher o produto de maior durabilidade.
Em suma, o que precisamos é de uma profunda reformulação de paradigmas. A empresa do futuro tem de gerar além de lucros, benefícios colaterais, não mais danos socioambientais. E isso, urgentemente. Não temos 100 anos para enfrentarmos os problemas decorrentes das mudanças climáticas e mitigarmos seus efeitos, a economia verde precisa ser implementada nos próximos 10 ou 15 anos.
Um papa comprometido com as causas socioambientais talvez seja o elemento agregador que faltava para serem efetivamente concretizadas essas alterações já pactuadas em tese nos acordos internacionais e declarações de princípios, como os decorrentes da Rio + 20.
*Danielle Denny é Advogada, formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Especialista em Direito Tributário, pela Coordenadoria de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (COGEAE – PUC/SP); em Política, pela Universidade de São Paulo (USP) e em Diplomacia Econômica, pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestre em Comunicação na Contemporaneidade e professora assistente de Ética na Faculdade Cásper Líbero. Atua na área de Direito Ambiental.