As atitudes dizem tudo. Ou seja, nada!
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*
Assisti com tristeza o novo presidente do supremo tribunal federal fazer uma entrevista coletiva “meia boca”, buscando, ao que tudo indica, iniciar o seu “cercadinho” junto ao público.
Pelo visto, o ministro Barroso seguirá o exemplo do Presidente Bolsonaro e, com isso, poderá começar a falar demais… em proporção inversa ao que deveria de fato fazer.
O desastre que se tornou a imagem pública da Côrte Suprema do País parece impulsionar a nova gestão do sodalício, buscando tornar-se mais “acessível” e “próxima” ao público – e o faz com uso da conhecida docilidade da imprensa mainstream.
A tristeza se justifica por se tratar a “coletiva de imprensa”, da “cereja do bolo” do populismo que tomou conta dos poderes constituídos na República. Ou seja, a busca por “popularidade” já levou a pior judicatura da história do Brasil a se revelar o que de fato é – um somatório de palavras e frases impressas em longas laudas e trocadas em longas sessões, sem produzir de fato qualquer atitude que conduza o país à pacificação ou reduza os conflitos nacionais, oriundos da aplicação enviezada de atos e normas não condizentes com o real espírito da Constituição.
O populismo judiciário destrói a Justiça. Mas os seres judicantes dessa geração sofrível que hoje submete o Brasil a um contínuo estresse, ainda não perceberam que atitudes devem falar por si, dispensando palavrório.
Bob Marley já recitava que são as atitudes e não as circunstâncias, que determinam o valor de cada um. “O que você diz, com todo respeito, é apenas o que você diz”, sentencia Bob Marley.
O somatório de posturas lamentáveis segue do judiciário para o Poder Executivo, com o governo federal alternando arrogâncias ditas com ares de deboche por um ministro obeso de certezas e magro de dúvidas… uma primeira dama dançando samba no carnaval e cantando “namastê” na Índia… deslumbrada e completamente alheia aos desastres ambientais e mortes ocorridos no nordeste e no Rio Grande do Sul e, recentemente, a expressão viva da irresponsabilidade protagonizada pela ministra do preconceito racial, esbanjando metade da verba do ministério em viagens e diárias… assessorada por uma assessore preocupade em proferir ofensas contra paulistes branques…
No parlamento, dezenas de bilhões auferidos em emendas parlamentares no curto espaço de meses refletiu-se no ir e vir de decisões no Senado e Câmara, com debates importantes para a Nação postergados, para dar lugar a votações de interesse próprio das bancadas.
Nas CPIs, como a relativa ao dia 8 de janeiro, a busca pela verdade desapareceu para dar lugar a xingatórios e ofensas contra cidadãos dignos. Exemplo desse ambiente tóxico foi a inquirição do General Heleno – que com sua dignidade e bravura enfrentou como um leão a alcateia de hienas esquerdistas que o agredia.
Aliás, o General Heleno é a reserva de dignidade de uma Força que hoje abandona os seus comandantes aos leões, para adular apresentadores de TV em operações de mentirinha na Selva Amazônica…
Enfim, como diz a sabedoria popular, em nossa República, nada é tão ruim… que não possa piorar.
Assim, o que tiver que ser será, e se tiver que ser vai ser. Portanto, deixa rolar.
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa – API. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 04/10/2023
Edição: Ana Alves Alencar
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