Seminário discute a complexa relação entre desenvolvimento e meio ambiente
Por Danielle Denny, Fernanda Medici e Francisco Pedro*
A construção civil teve anos muito bons entre 2004 e 2010, antes disso, houve duas décadas perdidas. Essa é a avaliação de Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). Contudo, esse modelo de sucesso está esgotado, analisa o especialista, pois os meios de produção ficaram escassos. Tomando a mão de obra como exemplo, a taxa de desemprego, na região metropolitana, é 3%, ou seja, abaixo de 4% que é a percentagem considerada de pleno emprego. “Em 2005, havia capacidade ociosa na indústria e havia mão de obra abundante, o desafio agora é crescer aumentando a produtividade, o que pressupõe treinamento, inovação, tecnologia, mecanização e mudanças de processos produtivos e gerenciais”, afirma Watanabe.
No Brasil o desafio é ainda maior, pondera o engenheiro, pois o tecido social está impregnado pela corrupção, mas provavelmente “os jovens de hoje não vão comungar com essa bandalheira, de que tudo é na base do jeitinho”, espera Watanabe. A velocidade das mudanças tende a ser cada vez maior, em 40 anos de formado, o presidente do SindusCon-SP, “saiu da regra de cálculo para os computadores” e, por isso, recomenda que os engenheiros aprendam a usar a tecnologia a seu favor, para não serem escravos dela e possam potencializar mudanças.
Para Cláudio Lembo, ex-secretário municipal de Negócios Jurídicos de São Paulo durante a gestão Kassab, os valores de sustentabilidade vêm ganhando cada vez mais força. Há quarenta anos, as pessoas se orgulhavam da polução que o desenvolvimento causava, o fedor do Tietê era o cheiro do progresso, hoje, cada vez mais a falta de responsabilidade socioambiental é motivo de sanções administrativas e judiciais e impactam negativamente na produção, sendo causa de desperdício de recursos.
Sobre as construções sustentáveis, no entanto, Aluizio de Barros Fagundes, presidente do Instituto de Engenharia, é bem cético, pois as tecnologias necessárias representam um acréscimo de custo na obra de pelo menos 15%, portanto, se justificam em prédios públicos, mas, para estimular que a iniciativa privada as utilize, deveria haver renúncia fiscal ou outras formas de incentivo. Para ele, mesmo em termos de economia de recursos a longo prazo, as técnicas que temos hoje não compensam, “energia solar, por exemplo, é só para aquecimento de água, ainda não compete com energia hidráulica, hidrelétrica ou de motores”.
Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), reconhece que o Brasil é um dos países que mais se preocupam com construção sustentável, entretanto, o que efetivamente é aplicado não vai muito além da busca por eficiência energética, uso de água mais racional e optimização de processos produtivos. Falta o espaço urbano ser preparado para fomentar outras formas de construções sustentáveis, enfatiza Bernardes. Além disso, segundo ele o que mais atravanca o investimento no Brasil é insegurança jurídica.
Assista ao vídeo:
* Danielle Denny, Fernanda Medici e Francisco Pedro, da TV Ambiente Legal, participaram do Seminário “São Paulo: Infraestrutura em Sintonia com o Desenvolvimento” e do “Painel As Perspectivas da Construção Civil em 2013” realizados 20 de fevereiro de 2013, na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), em São Paulo.