Organizadores prometem os jogos mais verdes da história com apostas em material reciclado e energia renovável
Por Oscar Valporto*
Os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 – adiados para 2021 por conta da pandemia – sempre destacaram a interação de realizar os jogos “mais verdes” da história olímpica recente, inclusive com a ambição de ser carbono zero. Na semana anterior à abertura do evento marcada para esta sexta (23/07), o Comitê Organizador Tóquio 2020 divulgou a atualização de seu Relatório de Sustentabilidade Pré-Jogos com um balanço das suas iniciativas.
De acordo com o próprio relatório, o objetivo é fazer dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 uma “vitrine da sociedade sustentável”. O projeto de sustentabilidade envolve cinco temas principais: ‘Mudança Climática’, ‘Gestão de Recursos’, ‘Ambiente Natural e Biodiversidade’, ‘Direitos Humanos, Trabalho e Práticas Justas de Negócios’ e ‘Envolvimento, Cooperação e Comunicações’. A sustentabilidade do evento, portanto, inclui ações para promover a igualdade de gênero, a diversidade, a transparência e a inclusão.
Mas chamam a atenção os esforços para fazer dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 os mais verdes, no sentido de poupar os recursos da natureza – e destacamos aqui 10 iniciativas que vão servir de marcas para o evento.
1-Pódios de plástico reciclado – Pouco mais 24 toneladas de resíduos plásticos recicláveis foram coletados e utilizados na construção dos 98 Pódios da Cerimônia da Vitória que serão usados durante os Jogos de Tóquio 2020. O plástico foi coletado com a cooperação da população do Japão, que doou plásticos domésticos usados para reciclagem e também por meio de caixas de coleta colocadas em cerca de duas mil lojas de grandes varejistas, em 113 escolas e em outras organizações.
2-Energia renovável – O compromisso dos organizadores é ter 100% da eletricidade usada durante os Jogos Olímpicos de Tóquio vindas de fontes renováveis – boa parte através do fornecimento direto pela Eneos, empresa parceira olímpica de energia, através de uma usina de energia de biomassa na cidade de Kawasaki, e uma usina de energia solar fotovoltaica em Fukushima.
3-Certificados verdes – Para sedes de eventos esportivos onde não seja possível adquirir eletricidade renovável através das empresas de energia, o Comitê Organizador vai transformar sua eletricidade não renovável em eletricidade renovável usando certificados de energia verde. Esses créditos permitem que o valor equivalente ao gasto de energia não renovável seja investido em energia renovável no Japão.
4-Medalhas de celular – mais de seis milhões de telefones celulares usados e outras, pelo menos, 78 toneladas de computadores, tablets, monitores e outros aparelhos antigos ou quebrados foram recolhidos pela organização: ouro, prata e bronze, utilizados nesses aparelhos, foram a matéria-prima para a confecção das aproximadamente cinco mil medalhas que serão distribuídas nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
5-Frota elétrica – Pelo menos 90% dos pouco mais de 2.600 veículos usados para transporte de atletas, árbitros e dirigentes serão movidos à energia elétrica. Veículos híbridos também serão utilizados pelos organizadores. Parte dos veículos a serem usados pelos atletas dentro da Vila Olímpico será, além de elétrica, também autônoma – ou seja, os veículos – com lugar para, em média, seis passageiros – andam sem motorista.
6-Hidrogênio como combustível – Uma estação de hidrogênio foi inaugurada em outubro de 2020 em Harumi, distrito de Tóquio que abriga a Vila Olímpica / Paraolímpica. A estação será o principal – mas não o único – local para reabastecimento de veículos com células de combustível que fazem parte da frota olímpica. A estação será transferida para outro local diferente após os Jogos e continuará operando como parte do legado olímpico para o Japão.
7-Camas de papelão – Pela primeira vez na história olímpica, as camas dos atletas são feitas quase inteiramente de materiais renováveis. A Airweave, empresa japonesa de roupas de cama, está fornecendo cerca de 18 mil camas e colchões feitas de papelão com fibras de polietileno. Ponteiro da seleção, o brasileiro Douglas Souza – 1,99m de altura e 75 quilos de peso – pulou sobre sua cama na Vila Olímpica e atestou a resistência.
8-Reaproveitamento da decoração – Os organizadores planejam que parte da decoração dos Jogos Olímpicos – respeitando a propriedade intelectual – seja transformada em bolsas, acessórios para portar crachás ou credenciais no pescoço, carteiras para documentos e outros produtos. Neste projeto, eles querem popularizar o conceito de upcycling (reaproveitamento de objetos) e apresentar um novo modelo de reciclagem de decoração de eventos.
9-Cuidados com resíduos – Os organizadores de Tóquio 2020 estabeleceram a meta de reaproveitar ou reciclar 65% dos resíduos gerados durante o evento. Serão instalados diferentes recipientes na Vila Olímpica e em todas as sedes de eventos esportivos para latas, garrafas, latas, papéis e alimentos e há uma campanha intensa para o descarte correto. Os resíduos não recicláveis serão destinados à geração de energia de biomassa. Também foram produzidos copos e embalagens de papel para substituir ao máximo o uso de plástico de uso único.
10-Pegada de carbono – De acordo com os organizadores, as emissões de carbono geradas pelos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 serão significativamente menores do que a pegada de carbono de Londres 2012 e do Rio 2016. Os Jogos de Tóquio não emitirão mais do que 2,73 milhões de toneladas de CO2 , em comparação com os 3,3 milhões de toneladas de CO2 de Londres e os 4,5 milhões de toneladas de CO2 do Rio de Janeiro. Esse cálculo foi feito antes dos espectadores estrangeiros fossem barrados e antes das restrições a público na maioria das sedes de eventos: portanto, espera-se que a pegada de carbono final seja ainda menor.
*Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Está de volta ao Rio após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. É criador da página no Facebook #RioéRua, onde publica crônicas sobre suas andanças pela cidade
Fonte: Projeto Colabora
Publicação Ambiente Legal, 25/07/2021
Edição: Ana A. Alencar
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