Reprodução em cativeiro anima preservacionistas
Por Ana Alencar
Zoológicos brasileiros têm obtido sucesso na reprodução em cativeiro de espécies ameaçadas de extinção. O fato tem atraído a atenção internacional.
A reprodução em cativeiro é meio de preservação de espécies ameaçadas e obtenção de tecnologias para se tentar, num momento posterior, até mesmo um eventual repovoamento de habitats.
O zoológico, portanto, não é apenas um polo turístico mas, também, uma unidade científica de pesquisa e desenvolvimento de técnicas de preservação de espécies.
Abaixo dois belíssimos e recentes exemplos:
PRIMEIRO FILHOTE DE GORILA DA AMERICA DO SUL, NASCE EM BELO HORIZONTE
No dia 5 de agosto, nasceu o primeiro filhote de gorila da América do Sul, segundo a Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte. Anunciada em fevereiro, a gestação durou nove meses sem problemas, para a mãe, Lou Lou.
Como o filhote fica agarrado à mãe após o nascimento, ainda não foi possível a identificação do sexo. A escolha do nome, segundo informação da direção do zôo, será por meio de consulta ao público (“eleição”).
A cria é fruto do acasalamento com o gorila Leon, que tem outra fêmea grávida, Imbi, com previsão de nascimento de mais um gorila, em outubro.
Embora os animais continuem tendo acesso às áreas do cativeiro, a tendência é que Lou Lou se isole com seu filhote buscando locais onde se sinta mais segura.
O espaço dos gorilas da planície foi habitado pelo gorila Idi Amin (nome inspirado no sanguinário ditador que governou Uganda nos anos 70 e 80 – Idi Amin Dada), durante mais de 30 anos, solitário. Em setembro de 2011, o gorila ganhou duas fêmeas, Imbi e Kifta. Idi, porém, morreu seis meses depois da chegada das fêmeas, com 38 anos de idade.
Kifta, adoeceu e morreu em 2013 e, após ficar sozinha por sete meses, Imbi recebeu a companhia de Leon e Lou Lou, todos vindos de zoológicos da Europa.
O grupo foi formado para dar continuidade à espécie dos gorilas da planície, em franca extinção. Assim, as duas gestações enchem de esperança a equipe do zoológico e dos biólogos europeus e americanos que acompanham o projeto.
FILHOTES DE LOBO-GUARA, ESPÉCIE EM EXTINÇÃO, NASCEM EM ZOOLÓGICO DE SOROCABA
Dois filhotes machos de lobo-guará nasceram no dia 31 de maio no Parque Zoológico Quinzinho de Barros, em Sorocaba e estão se desenvolvendo bem.
O fato é comemorado pela equipe de biólogos e funcionários do zôo. A espécie encontra-se classificada como em extinção.
Essa é a segunda gestação do casal. Existe grandes possibilidades deles se reproduzirem mais vezes, conforme informou a bióloga Cecília Pessutil, responsável pelo setor de mamíferos do zoológico de Sorocaba.
Segundo Cecília, os filhotes nasceram num dos dias mais frios do ano na região e tiveram que receber tratamento especial para garantir sua sobrevivência e da mãe, que, por ter sofrido stress enquanto paria, não amamentou os filhotes nos primeiros dias, o que foi feito artificialmente com ração e mamadeira.
Após o período de vacinação e adaptação ao ambiente, os filhotes serão apresentados ao público visitante do espaço somente em outubro, quando é comemorado o Dia Nacional do Lobo-guará.
O Zoológico de Sorocaba está envolvido nos projetos de conservação do lobo-guará desde o final dos anos 1980, e está dominando as técnicas de manejo em cativeiro para a perpetuação e conservação da espécie.
COBRA CORAL MICRURUS POTIGUARA
Na última semana, biólogos do Jardim Botânico João Pessoa na Paraíba, descobriram exemplares de uma nova espécime de cobra coral verdadeira, na Mata do Buraquinho – bioma da Mata Atlântica.
Batizada de Micrurus potyguara, a serpente ganhou o nome em homenagem aos índios potiguares que habitavam em grande número a região.
O que diferencia a nova coral morfologicamente de outras espécimes de cobras corais verdadeiras que ocorrem na área é que esta apresenta as escamas parietais totalmente negras, a ponta da cauda negra, a ponta do focinho também inteiramente negra.
De acordo com o Dr. Gentil Alves Pereira Filho, um dos autores da nova descoberta, “trata-se de uma serpente potencialmente perigosa devido a seu veneno, embora não se tenha registros de acidentes nem com humanos.”
O que mais surpreendeu e alegrou o grupo de biólogos que participaram da descoberta foi o fato de ter ocorrido numa floresta urbana. A cobra sobrevive no bioma mais ameaçado do país, onde muitas espécies “são extintas sem nem mesmo terem sido cientificamente descobertas”.
O Micrurus potyguara , como todas as corais verdadeiras, é uma serpente potencialmente venenosa e pode medir, até 1m20 de comprimento. “Não se sabe muito sobre a ecologia da serpente, não sabemos se ela se distribui ao longo de toda a Floresta Atlântica ou se esta restrita apenas a porção ao norte, onde foi encontrada”, declarou o Dr.Gentil .
A descoberta dos poucos exemplares é motivo de alegria e, ao mesmo tempo, de preocupação. O desmatamento e a existência de construções na região onde a serpente foi descoberta, atestam o provável fim do habitat.
MACACOS RAROS NASCEM EM ZOO DE BAURU
Outra ótima notícia foi o nascimento de dois macacos raros no zoológico de Bauru, estado de São Paulo, no mês de junho.
Um deles é um filhote de bugio de mãos ruivas. Nascido há 30 dias, é filho de um casal de macacos jovens, resgatados em março de 2013 no desmatamento para instalação da linha de transmissão de energia Tucuruí-Xingu-Jurupari.
O outro macaquinho é um sauim de coleira, nascido semana passada de um casal recolhido após apreendido em mãos de colecionadores. O filhote é o segundo da mesma espécie nascido no zoo de Bauru em dois anos.
“Nosso zoo é o único que conseguiu reproduzir essa espécie em cativeiro”, disse Luiz Pires, diretor do zoológico.
O bugio de mãos ruivas é recorrente na Amazônia e na Mata Atlântica de alguns Estados do Nordeste. Ele é considerado espécime de alta vulnerabilidade.
Já o sauim de coleira é espécime quase extinta, restrita apenas a poucas matas no entorno de Manaus. Por isso é foco do programa de conservação do Instituto Chico Mendes.
Embora os casais não possam ser reinseridos na natureza, a possibilidade da inserção dos filhotes está sendo estudada por especialistas.
O sucesso do zôo de Bauru é tão grande na área de reprodução, que eles estão recebendo mais três animais de colecionadores.
Fontes:
http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2014/08/filhote-da-gorila-lou-lou-nasce-no-zoologico-de-belo-horizonte.html
http://noticias.r7.com/minas-gerais/nasce-no-zoologico-de-bh-o-primeiro-gorila-da-america-do-sul-05082014
http://www.reporterdiario.com.br/Noticia/467992/nascem-macacos-raros-em-zoologico-de-bauru-sp/
http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2014/07/filhotes-de-macacos-em-extincao-nascem-no-zoologico-de-bauru.html
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/562846/filhotes-de-lobo-guara-sao-os-novos-habitantes
http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,filhotes-de-lobo-guara-sobrevivem-a-parto-de-risco-em-zoo-de-sp,1540484
http://www.oeco.org.br/noticias/28422-descoberta-uma-nova-especie-de-serpente-na-mata-atlantica
http://www.sosma.org.br/17811/divulgados-novos-dados-sobre-o-desmatamento-da-mata-atlantica/
Sauim-de-coleira é espécie e não espécime, um espécime designa individualmente um animal, planta ou microorganismo, ou uma sua parte identificável, usado como amostra representativa para o estudo das propriedades de uma população da espécie ou subespécie a que pertença.