fevereiro de 2003
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R
eeleito deputado esta-
dual pelo PPS, o enge-
nheiro Arnaldo Jardim
vai dar ênfase na con-
tinuidade do trabalho
que vem realizando no
comando da “Frente
A energia mais cara
é a energia que falta!”
Não resta dúvida que o “Apagão” teve um efeito benéfico sobre o povo
brasileiro, que passou a consumir energia de maneira mais consciente. Outro
benefício proveniente da crise de abastecimento foi deixar claro que o País
precisa de uma matriz energética diversificada e limpa.
cial para os grandes aproveitamen-
tos hidrelétricos está praticamente
esgotado. Resta a alternativa das cha-
madas Pequenas Centrais Hi-
drelétricas (PCHs). Mas, de qualquer
modo, é preciso pensar em modelos
alternativos, como o gás natural, a
biomassa, a energia eólica e a solar,
estas duas últimas em situações
bastante peculiares.
AL -
Como o senhor avalia o
Programa Brasileiro de Termelé-
tricas movidas a gás natural?
Arnaldo Jardim -
Na verdade o
programa de termelétricas acabou
atrasando, muito em função das
aprovações dos Estudos de Impac-
tos Ambientais e do Licenciamento
Ambiental. Teve, também, o proble-
ma de encontrar a equação econômi-
ca adequada para a compra do gás
da Bolívia, pelo fato de o gás ser co-
tado em dólar, o que atrapalhou o an-
damento do programa. Hoje, a situa-
ção é de excesso de oferta de ener-
gia. A crise trouxe um efeito
pedagógico benéfico e as pessoas
passaram a economizar energia. A
indústria e o comércio promove-
ram uma reestruturação em suas de-
mandas energéticas. Também houve
o aumento da tarifa, ainda em função
das decisões governamentais frente
à crise, e isso também contribuiu
para a redução do consumo, ou seja,
hoje existe energia de sobra nos es-
toques das distribuidoras.
AL -
Então o programa de ter-
melétricas está comprometido?
Arnaldo Jardim -
Não. Acho
que nos períodos de seca, quando os
reservatórios das hidrelétricas ficam
comprometidos, tem todo o sentido
do mundo utilizar fontes alternativas
de energia, inclusive as termelé-
tricas. E tem mais. Com o possível
crescimento econômico que, espera-
mos, virá com o novo governo, é pre-
ciso que seja estabelecida já uma
matriz energética alternativa. Caso
contrário, vamos enfrentar a escassez
energética novamente em 2005. E, é
como eu sempre digo, a energia mais
cara é aquela que falta. Portanto, é
preciso planejar para prevenir crises
futuras.
AL -
O senhor tem sido um de-
fensor da adoção de fontes de ener-
gia alternativas, limpas e reno-
váveis. Lidera inclusive uma Frente
Parlamentar na Assembléia que tra-
ta do assunto. Fale sobre isso.
Arnaldo Jardim -
A criação da
Frente foi proposta diante da cons-
tatação que o mundo está cada vez
mais consciente que a energia é um
bem essencial para o desenvolvimen-
to dos países e para a qualidade de
vida dos povos. Ser auto-suficiente
e exportador de energia é condição
fundamental para que um país se
mantenha bem posicionado na nova
Parlamentar pela Energia Limpa e
Renovável”. O parlamentar recebeu
a reportagem do
Ambiente Legal
para uma entrevista, entrecortada por
inúmeros telefonemas e reuniões,
compromissos e viagens, demons-
trando a intensa atividade do depu-
tado frente às questões energéticas.
Ele falou sobre a crise do “apagão”
e sobre o momento atual, em que
existe energia sobrando, mas não
teve dúvidas de prognosticar que,
com o possível crescimento eco-
nômico do país, em 2005 estaremos
vivendo nova crise se o governo não
tomar providências urgentes na
adoção de uma matriz energética
mais ampla e diversificada. Por isso,
Arnaldo Jardim defende não apenas
medidas que fortaleçam o forneci-
mento de energia para dar conta da
demanda, como também a adoção de
fontes alternativas renováveis e lim-
pas, visto que “os grandes aprovei-
tamentos hidrelétricos em nosso País
estão praticamente esgotados”. A
seguir o resumo da conversa.
Ambiente Legal -
A crise ener-
gética mostrou que o Brasil não pode
ficar dependente de apenas uma
fonte de geração. Quais são os ca-
minhos para não enfrentarmos ou-
tra crise?
Arnaldo Jardim -
De fato, a cri-
se energética de 2001 foi pedagógi-
ca. É preciso reconhecer que é um
privilégio para o Brasil contar com
este rico potencial hídrico. Contudo,
é preciso dizer também que o poten-
Arnaldo Jardim: "É preciso estabelecer já
uma matriz energética alternativa."