fevereiro de 2003
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A
ordem econômica mundial. Mas, não
bastará ser produtor de qualquer tipo
de energia. As exigências ambientais
da sociedade moderna e a curva des-
cendente de produção de petróleo
irão privilegiar as energias limpas,
seguras e renováveis.
AL -
E nesse particular o Brasil
pode levar vantagem?
Arnaldo Jardim -
Sem dúvida.
Veja o caso da
cana de açúcar.
I n f o r ma ç õ e s
dão conta que o
custo médio do
MW de energia
gerada pela
hidreletricidade
está em R$
30,00 (
trinta
reais). O MW
do gás natural é
de R$ 230,00
(
duzentos e
trinta reais) e o
custo médio do
MW gerado
pelo bagaço de
cana é de R$ 70,00 (setenta reais).
Além do preço, tem a vantagem de
ser uma energia mais limpa e reno-
vável. Também é verdade que as al-
ternativas eólica e solar, que são am-
bientalmente ótimas, não são com-
petitivas economicamente. O custo
médio do MW gerado está na or-
dem de R$ 200,00 (duzentos reais).
AL -
Qual é a porcentagem de
energia gerada pela biomassa na
matriz energética do País?
Arnaldo Jardim -
Representa
uns 2%. No Estado de São Paulo está
na ordem de 4%. Mas é possível, em
pouco tempo, com investimentos,
aumentar essa participação rapida-
mente. Aliás, nós estamos defenden-
FIESP – Federação das
Indústrias do Estado de
São Paulo acaba de editar
a publicação
“
Água e In-
dústria”,
onde reconhece
a água como fator es-
“
Recentemente foi
debatido, por
autoridades mundiais,
o papel estratégico do
álcool combustível
brasileiro como fonte
de energia renovável
nas matrizes
energéticas.”
Água e Indústria
Lafer Piva, diz que a legislação recente
sobre o gerenciamento de recursos
hídricos no Brasil, ao considerar a água
como um bem público dotado de val-
or econômico, tornou os diferentes
usos de recursos hídricos passíveis de
cobrança.
O objetivo da edição é, de maneira
simples e didática, fomentar a adoção
de medidas que visem a utilização
tratégico para a sobrevivência e cresci-
mento do setor industrial. Sua apre-
sentação, assinada pelo presidente da
instituição, o empresário Horácio
do Protocolo de Kyoto, em breve,
como uma lei mundial, deve ser
comemorada por todos nós. Trata-se
de um acordo internacional de com-
bate aos gases que provocam o efeito
estufa. Para o Brasil, viabilizará uma
série de projetos na área ambiental,
com o estabelecimento do MDL, que
criará possibilidades de geração de
divisas com a comercialização de
créditos de carbono, que capturados
da atmosfera por meio de plantações
de cana de açúcar, por exemplo,
poderão ser negociados com os paí-
ses que tem compromissos de
redução das emissões de poluentes
para a atmosfera.
Sobre a questão do álcool com-
bustível lembro que recentemente,
durante a II Conferência Internacio-
nal sobre a Internacionalização do
Álcool Combustível, foi debatido
por autoridades mundiais o papel es-
tratégico do álcool combustível
brasileiro como fonte de energia re-
novável nas matrizes energéticas dos
países e as ações necessárias para
levá-lo à condição de commodity
internacional.
AL -
Por fim, as energias eólica
e solar...
Arnaldo Jardim -
O potencial
eólico no nordeste brasileiro deve ser
aproveitado. Já existem projetos no
Ceará, com aporte de recursos finan-
ceiros e tecnológicos da Alemanha,
que mostram que esta é uma alter-
nativa para ser usada no litoral nor-
destino. Em São Paulo isso não dá
certo. Já quanto à energia solar, esta
ainda é cara e não há previsão de que
venha ter seus custos baixados. É
uma alternativa para ser usada em
pequenas comunidades e projetos es-
pecíficos.
do que em 15 anos o Brasil alcance
um patamar de 10% de energia
produzida pela biomassa. Para isso
é preciso que seja aprovada uma lei
voltada para o financiamento de pro-
jetos de geração de energia limpa e
renovável.
AL -
Quando se fala em energia
de biomassa a lembrança é a da
cana de açúcar. Existem, porém,
outras alterna-
tivas, não é
mesmo?
A r n a l d o
Jardim -
Sim.
O Brasil é pró-
digo em mate-
rial lenhoso,
aparas da in-
dústria de mo-
biliário, restos
da bananicultu-
ra e palha de
arroz são outras
possibilidades
importantes.
AL -
Du-
rante a Rio+10
houve tratativas relativas à
produção de veículos a álcool em
um convênio com uma montadora
alemã, a Volks-wagem e o governo
alemão. Esse acordo foi apontado
como um dos negócios pertencentes
aos chamados Mecanismos de De-
senvolvimento Limpo (MDL), pre-
vistos pelo Protocolo de Kyoto, uma
vez que, com a substituição do com-
bustível fóssil por outro mais limpo
e renovável, haverá a redução das
emissões dos compostos de car-
bono. Essa pode ser outra vantagem
comparativa para o Brasil, ao ado-
tar uma matriz energética mais lim-
pa e alternativa?
Arnaldo Jardim -
A ratificação
racional da água e fornecer orientação
aos usuários industriais quanto aos
novos procedimentos a serem adota-
dos, contribuindo assim para que se
possa alcançar processos ecoeficientes
de produção. Também consta da pu-
blicação uma lista de endereços em
todo o Estado, onde é possível obter
informações sobre o assunto.