Revista Ambiente Legal
R e p o r t a g em d e C a p a
Falando de forma descomplicada, pode-se obter
energia do sol de três maneiras. Uma delas é para
geração de calor. Nela se enquadram os coletores
solares, a tecnologia hoje mais conhecida dos consu-
midores brasileiros e a que mais largamente tem sido
adotada entre nós. Os coletores solares são, na atua-
lidade, o equipamento mais eficaz, especialmente do
ponto de vista econômico e ambiental, para aquecer
água. Com a vantagem de que tiram de cena um
grande vilão, os chuveiros elétricos.
Outro sistema, mais caro e complexo, é o dos
painéis fotovoltaicos, cujo uso, no Brasil, ainda é res-
trito a comunidades distantes e sem acesso à eletri-
cidade. A tecnologia também pode alimentar postes
de iluminação pública, semáforos, bombas d’água,
sistemas de refrigeração, cercas elétricas em torno de
propriedades rurais, além de iluminar painéis publi-
citários e pontos de ônibus. Todas essas aplicações
são de uso praticamente experimental no País em
razão de seu custo muito elevado.
Os painéis fotovoltaicos, feitos de silício, são
apontados como os responsáveis pelo preço salgado
da tecnologia. “Mas aqui temos uma incongruência.
Nosso País é um dos maiores exportadores de silício
cristalino do mundo. Além disso, abrigamos em nos-
so território uma das maiores jazidas do metal bru-
to”, destaca o coordenador do projeto Swera-Brasil.
O custo de nossos painéis tem de cair drasti-
camente e isso só vai acontecer com incentivos do
Três caminhos de mudança para
nossa atual matriz energética
governo à produção do sistema fotovoltaico”, sugere
o pesquisador. O Japão é o líder mundial entre os
produtores desses painéis. Atualmente, o Brasil tem
instalado 12.600 megawatts de painéis fotovoltaicos,
o que equivale a 0,1% da potência de Itaipu.
O terceiro sistema, não menos importante e que
também engatinha por aqui, é o da energia heliotér-
mica, movida a partir de concentrados solares e ideal
para regiões com temperaturas elevadas.
Quem quiser se aprofundar na temática pode
participar, no próximo dia 5 de setembro, na ci-
dade de São Paulo, da 1a. Conferência Municipal
de Energia Solar, iniciativa inédita no País que vai
reunir prefeitos, legisladores, fabricantes e consumi-
dores finais para formularem, de comum acordo, as
melhores diretrizes para políticas públicas e de mer-
cado realmente capazes de promover o sólido esta-
belecimento da energia solar nos setores residencial,
industrial e de serviços. A Câmara Municipal de São
Paulo realiza o evento, que conta com a promoção
da Escola Argos e organização da AICA, empresa
que edita a revista Ambiente Legal. A entrada é fran-
ca e as inscrições já estão abertas. (MC)
se no lugar de grandes represas
optássemos por construir usinas
de painéis fotovoltaicos, seria
possível suprir, em pouco tem-
po, toda a energia consumida
no País e também atender a
novas demandas”, assegura o
diretor executivo da Abrava.
O mercado interno tam-
bém apresenta outros con-
trastes. O crescimento, em
2005,
foi de 1%, enquanto
países como a França al-
cançaram patamar invejável
de 300%. Mas nada de desânimo. O físico Délcio
Rodrigues, que coordena no Instituto Vitae Civilis
uma organização da sociedade civil com sede em
São Paulo — projeto de abrangência nacional para
disseminação de coletores solares, dá uma boa notícia:
Nós temos um grande potencial a ser explorado e
estamos trabalhando com a meta de instalação, até
2030,
de cerca de 130 milhões de metros quadrados
de coletores solares”.
Rodrigues informa, ainda, que na cidade de São
Paulo e em outros municípios do País, o projeto do
Vitae Civilis tem fomentado o debate público sobre
a necessidade de aprovação de uma lei para tornar
obrigatória a instalação de coletores solares nas novas
construções.
De qualquer forma, é consenso entre especialistas
da área que nosso cinturão de irradiação está subu-
tilizado, sendo apontados três fatores impeditivos:
Rodrigues: falta investimento
do governo e legislação
adequada
Suprinter Energy Divulgação
A tecnologia também atende a todas as
necessidades de uma casa de alto padrão.
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