Revista Ambiente Legal
A instalação de coletores tem se mostrado uma
experiência positiva entre populações de baixa renda.
Uma experiência vitoriosa acontece emMinas Gerais,
por iniciativa da Cemig.
“
O conforto da água quente o ano todo pesa
muito no orçamento de uma família de baixa renda.
O chuveiro elétrico, sem dúvida, é o que mais gasta
energia. O consumidor tem dificuldade em pagar as
contas. Por esse motivo a Cemig tem investido na ins-
talação de coletores solares em casas populares”, afir-
ma José Carlos Ayres de Figueiredo, engenheiro de
tecnologia da companhia de energia elétrica mineira.
Além dos 4,5 mil atendimentos que realiza por
mês, o hospital filantrópico São João de Deus, de Di-
vinópolis (MG), pode se orgulhar de outro número: é
o estabelecimento de saúde com mais metros quadra-
dos de coletores solares instalados na América Latina.
São 210 painéis que totalizam 404 m² de placas de
aquecimento.
Ainda não aconteceu a inauguração oficial do
empreendimento, mas de acordo com a direção do
hospital a economia na conta de luz é de R$ 5 mil,
valor que faz toda diferença para uma instituição que
tem 70% do seu atendimento voltado para o Sistema
Único de Saúde (SUS).
A instalação e o projeto também foram feitos pela
Cemig. A concessionária patrocina, ainda, outro pro-
jeto inovador. Trata-se da tecnologia de bombas de
calor na Cidade dos Meninos, instituição que cuida
Exemplo a ser seguido
de 2.100 jovens carentes em Ribeirão das Neves. Es-
sas bombas garantem o aquecimento solar da água
usada em 2,6 mil banhos, todos os dias.
Nos últimos anos, a Cemig já investiu R$ 1 mi-
lhão em aquecedores solares em conjuntos habitacio-
nais de baixa renda. Atualmente, estão sendo inves-
tidos mais R$ 1,5 mil para que o benefício chegue
a mil novas casas em 10 conjuntos habitacionais. A
economia média para o consumidor é de 40% e a
companhia garante que não enfrenta problemas de
vandalismo nos equipamentos. (MC)
preço, desconfiança e a já referida falta de incentivos
governamentais.
“
Um dos grandes entraves é a desconfiança do
consumidor com relação ao produto”, explica Café,
da Abrava. Segundo ele, os coletores solares ainda
são muito associados aos hippies dos anos 1960. “Essa
barreira cultural ainda existe em muitos países. Até os
próprios arquitetos desconhecem as técnicas de insta-
lação do equipamento”, afirma Café.
Do volume instalado de coletores solares no País,
85%
estão em residências das classes A e B. O custo
de instalação do equipamento é de R$ 2 mil a R$
2,5
mil. À primeira vista, o investimento parece alto
se comparado ao preço de um chuveiro elétrico, que
pode ser comprado a partir de R$ 30. Mas os espe-
cialistas são unânimes em afirmar que o investimento
em um coletor solar residencial se paga em dois anos,
tomando por base os altos valores que o consumi-
dor vai ter de arcar na conta de luz. Outros 14% dos
coletores solares instalados no País estão em hotéis
e hospitais, sendo que para o segmento hoteleiro, o
investimento se paga em menos de um ano. Outro
1%
está em funcionamento nos vestiários do setor
industrial.
A partir de 2007, o setor pode ter sua situação
mudada — para melhor. É que todos os sistemas te-
rão de ser etiquetados pelo Instituto Nacional de Me-
trologia (Inmetro). Essa obrigatoriedade pode ajudar
a validar a confiança dos consumidores. “Mas ainda
vão faltar investimentos de maior fôlego que só o go-
verno pode fazer, além de mudanças nas legislações”,
conclui o físico Rodrigues.
Coletores solares instalados pela Cemig em comunidades carentes.
Arquivo Cemig
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