Revista Ambiente Legal
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gerência de Apoio e Comercialização da Embratur.
De acordo com a consultora do Programa das Na-
ções Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Karen
Graziele Furlan Basso, que está fazendo um estudo sobre
ecoturismo encomendado pelo Ministério do Turismo,
o que impede o Brasil de entrar com força no mercado
internacional é a falta de políticas públicas para o setor.
“
Já tivemos muitas iniciativas, mas nenhuma delas se-
guiu adiante”, declara Karen.
Acesso controlado
–
O ecoturismo se diferencia
do turismo convencional pelo modo como os visitan-
tes têm contato com a natureza. Enquanto no turismo
clássico as pessoas apenas contemplam e fotografam o
que a vista alcança, no ecoturismo elas interagem com
o ambiente e comunidades locais.
Essa alternativa oferece ao visitante um “cardápio”
variado: fazer trilhas, às vezes extenuantes, por matas
fechadas, mergulhar entre golfinhos, ter a oportunidade
de uma convivência estreita com moradores da região,
sua cultura e hábitos; ou praticar turismo de aventura,
que proporciona emoções e riscos em graus diversos,
como fazer
raftinhg
(
passeios de bote) em rios e cachoei-
ras, escalar montanhas e praticar muitos outros esportes
radicais em meio a paisagens de tirar o fôlego.
De qualquer forma, essa experiência direta e praze-
rosa com a natureza exige atenção. Uma das preocupa-
ções não só de ecologistas, mas principalmente de quem
vive dessa atividade, é preservar os atrativos naturais.
O acesso não controlado de um destino pode esgotar
a paisagem e os recursos que a circundam, descaracte-
rizando o patrimônio cultural local e regional, além de
levar ao desequilíbrio social.
Foi pensando em preservar tudo isso que, em 2002,
o Instituto Hospitalidade (IH) criou, em parceria com
o Conselho Brasileiro para o Turismo Sustentável
(
CBTS), com apoio da Agência de Promoção de Ex-
portações e Investimentos (Apex) e do Banco Intera-
mericano de Desenvolvimento (BID), o Programa de
Certificação em Turismo Sustentável (PCTS).
“
O programa estabelece normas e requisitos mí-
nimos de desempenho em relação à sustentabilidade,
além de permitir que os estabelecimentos criem políti-
cas e objetivos que levem em conta as exigências legais
e informações referentes aos impactos ambientais por
eles gerados”, explica Rômulo dos Santos, coordenador
nacional do Programa de Certificação emTurismo Sus-
tentável do IH.
A certificação impõe, por exemplo, a prévia elabo-
ração de plano de manejo para que um parque nacional
seja aberto a visitas públicas. Sem isso, as belezas natu-
rais podem ser grandemente danificadas. E esse risco
existe, pois a maioria de nossos 62 parques nacionais
ainda não contam com essa ferramenta.
“
São de vital importância as regras de conservação,
justamente para não ocorrer o esgotamento dos recur-
sos naturais, como os que tivemos nas décadas dos 70
e 80”, afirma o professor Sidnei Teixeira de Castro,
coordenador do curso de Ecoturismo e Turismo de
Aventura, o primeiro curso do país, de nível superior,
voltado exclusivamente para o segmento, que prepara
interessados para atuar na área em dois anos. O curso é
ministrado pela Faculdade Anhembi-Morumbi, locali-
zada na capital paulista.
“
Não podemos esquecer que, naquela época, as
praias de Canoa Quebrada e Jericoacoara, no Nordeste,
receberammuito mais visitantes do que o recomendado
e perderam características importantes, como as dunas,
que foram praticamente destruídas pela enorme quan-
tidade de jipes que faziam passeios sobre elas”. Como
exemplos de atividades bem-sucedidas, Castro cita Fer-
nando de Noronha, arquipélago pertencente ao estado
de Pernambuco, que tem entrada controlada, e Bonito,
no Mato Grosso do Sul.
Mão-de-obra sem qualificação
-
Para que as em-
presas do setor, especialmente as pequenas, consigam a
certificação em turismo sustentável, uma das principais
preocupações, segundo o coordenador do IH, é a capa-
citação da mão-de-obra. Um convênio entre a entidade
e o Sebrae Nacional tenta minimizar o problema.
Dá para entender a necessidade de treinamento
quando se constata que, no país, grande parte dos em-
preendimentos voltados para o ecoturismo são de pe-
queno e médio portes.
Embratur
Dunas de Jericoacoara