Revista Ambiente Legal
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Oscar Musa, no apartamento/cervejaria, prepara os
ingredientes de sua Nevada
as cervejarias para lançar uma receita nova precisam de
aprovação do MAPA, de registro do ministério, isso aca-
ba impactando em uma lentidão, porque o MAPA não
está preparado para receber essa enxurrada de pedidos
que está acontecendo.
Ambiente Legal -
E eles devem estar se assus-
tando, porque isso é um movimento cultural.
André Cancegliero -
Isso é uma coisa nova,
tem cinco anos. Têm-se notícias de micro cerveja-
rias que, quando dão entrada em pedido de MAPA,
fazem uns 70 pedidos de uma vez, por que sabem
que vai demorar.
Ambiente Legal -
o Beer Experience não é só
como evento, mas a partir dele você também mon-
tou uma espécie de confraria que permite que os
usuários possam fazer uma assinatura mensal e rece-
ber em casa cervejas para experimentar. Como que
isso tem ocorrido?
André Cancegliero -
Estamos distribuindo um ex-
cedente de produção nosso, pesquisamos receitas para a
nossa consultoria e vendemos, para alguns conhecidos,
essas nossas experiências. Mas, hoje, no Brasil, existem
cinco ou seis confrarias oficiais de cerveja, inclusive uma
delas, a maior do Brasil, a “Have a Nice Beer”, tem mais
de quatro mil assinantes, o que quer dizer que é um
mercado crescente, que está cada vez ganhando novos
seguidores. Eu acho que eventualmente o governo vai
ter que prestar um pouco mais de atenção, porque é um
gerador de divisas. Hoje o micro cervejeiro gera empre-
go, o valor agregado do produto é muito maior, ele tem
uma geração de imposto maior do que o macrocerve-
jeiro. Uma macrocervejaria emprega um funcionário
a cada hectolitro e na microcervejaria são mais de 20
funcionários para cada hectolitro.
Ambiente Legal -
Esse tratamento de desiguais
e a pouca compreensão da burocracia em referência a
esse surgimento de uma nova cultura por cervejaria e
novos sabores, como está se refletindo hoje, principal-
mente na questão dos impostos?
André Cancegliero -
As microcervejarias tem hoje
um problema muito grande que é a carga tributária.
Estamos em uma briga com o governo, para entrar no
simples nacional. O impacto que esses empresários so-
frem é de mais de 60% do faturamento deles. Só pelo
fato das micro cervejarias serem fábricas que produzem
bebida alcoólica, estão esbarrando em algumas ques-
tões legais, mas isso precisa ser tratado de uma forma
diferente. Primeiro, porque é um gerador de emprego.
Depois, um gerador de cultura nacional. Está come-
çando a aparecer a escola cervejeira brasileira. É muito
difícil ficar no mercado hoje. Você acaba tendo cerve-
jarias que estão sempre na corda bamba também por
essa questão tributária.
A primeira cerveja parece ter sido produzi-
da na China, por volta do ano 8000 a.C.
A análise de jarros encontrados em Jiahu,
no norte do país, mostrou que eles continham
uma cerveja feita de arroz, mel, uvas e muito
fermentada. Os sumérios (entre os rios Tigre e
Eufrates, atual Iraque) registraram 16 tipos de
bebida à base de trigo e cevada, que eram con-
sumidas pela elite, com canudinhos de ouro.
No Egito, o “pão líquido” se popularizou
e passou a integrar a remuneração dos cons-
trutores das pirâmides, que ganhavam cinco
litros de cerveja por dia. No século 14, a cer-
veja salvou a Bélgica da peste negra, quando
os abades proibiram o consumo de água e
obrigaram os cristãos a beber só cerveja, que,
por causa do álcool, era menos contaminada.
As primeiras
beberagens
Foto: Fernanda Médici